Baixo isolamento provoca “onda” de infectados na Capital

Com 928 casos em 24h, município vive momento de descontrole

Campo Grande teve um acréscimo de infectados por COVID-19 assustador como mostrou o boletim epidemiológico de ontem (22). Segundo os dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde), somente a Capital contabilizou 928 casos, somando 7.348 casos.

Levando em conta o baixo isolamento, que continua mesmo com adoção de medidas mais duras, a médica infectologista do COE Estadual (Centro de Operações de Emergência do COVID-19), Mariana Croda, avaliou que a pandemia saiu do controle e vários fatores contribuíram pra este cenário.

“Campo Grande já perdeu o controle da situação. Quando a gente vê uma taxa de ocupação de leitos da forma que está, da capacidade de testes já exaurida ao ponto de a gente não conseguir mais dar acesso aquelas pessoas que estão dentro dos sete dias para serem testadas, a gente já diz sim que há uma falência, e que não está beirando, ela [falência] já chegou”, disse ao jornal O Estado.

Para ela, ampliar o número de leitos agora é apenas minimizar danos. “Amplia leitos, mas não faz uma restrição maior da população, então já estamos tomando as medidas que chamamos de mitigação, que é para evitar óbito, fornecendo leitos, mas o que nós queremos é achatar a curva, e a gente só consegue fazendo isolamento social, e não aumentando leitos”, destacou, afirmando que a única medida eficaz cientificamente comprovada é o isolamento, que vem sendo pouco praticado na cidade com taxa bem abaixo dos 70%.

O expressivo número de novos casos, segundo a médica, preocupa, mas se deve ao acúmulo de casos, que foi processado de uma vez no sistema de registros de casos. Ainda sim, a infectologista alerta que a Capital ainda não atingiu o platô (estabilidade em casos) e vamos viver o pico da pandemia. “O Brasil chegou a um platô de mortalidade que é quando a gente chega em um patamar e mantém, a nossa média ainda não mostra esse platô aqui em Campo Grande, então é provável que a gente atinja um número alto e permaneça nesse número por um tempo até a gente conseguir baixar”, comentou.

A situação da Capital também foi destaque na transmissão on-line do boletim epidemiológico do Estado. O titular da SES, Geraldo Resende, ressaltou que metade das pessoas que estão ocupando os leitos de UTI em Campo Grande não possui coronavírus, e que isso significa que a população não está respeitando os decretos que reduzem a movimentação na Capital.

“É importante mostrar que 50% dos leitos de UTI na macrorregião de Campo Grande são ocupados por pacientes não COVID19, principalmente pessoas com politraumas de acidentes de carros e motos. Muitos, apesar dos decretos, estão levando a vida normal, não cumprem o toque de recolher”, afirmou. “[Muitos estão] provocando acidentes automobilísticos, e ocupando os leitos que deveriam ser destinados ao tratamento do coronavírus”, frisou.

Resende destacou ainda a elevação no número de casos confirmados de um dia para o outro. “Os casos confirmados aumentaram 8,6%, e mesmo com o acréscimo [de leitos] que nós construímos com o município de Campo Grande nos últimos dias, a taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 94% [na macrorregião], situação muito preocupante”, pontuou.

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(Texto: Dayane Medina e Mariana Moreira/Publicado por João Fernandes)

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