O presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), disse nesta quarta-feira (23) que as denúncias feitas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) talvez sejam as mais graves recebidas pelo colegiado até agora.
“Então nós temos que ter muito cuidado porque é um momento de talvez tenha sido a denúncia mais grave que a CPI recebeu”, declarou a jornalistas.
O deputado disse que alertou o presidente Jair Bolsonaro sobre irregularidades no contrato entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos para a aquisição de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin.
Documentos indicam que o Ministério da Saúde pagará mais caro pela vacina que o governo federal indiano. O Ministério Público também determinou investigação do contrato, por indício de crime de improbidade administrativa.
Miranda disse que procurou o presidente em janeiro para informar que “algumas coisas ocorriam no Ministério da Saúde ”. O contrato foi assinado no mês seguinte.
O congressista teria procurado Bolsonaro novamente em 20 de março deste ano “com toda a documentação em mãos”. A documentação, no caso, era o próprio contrato e no pedido de pagamento.
O deputado diz que alertou o presidente que a Precisa Medicamentos era “o mesmo grupo econômico que recebeu por medicamentos do Ministério da Saúde e não entregou”.
Aziz afirmou que foi o próprio deputado que o procurou para pedir para ser convidado pela CPI e ser ouvido junto com seu irmão, Luis Ricardo Miranda, que é servidor do Ministério da Saúde. O convite foi aprovado pelo colegiado nesta quarta-feira.
“Isso é uma questão muito delicada de nós tratar ela com delicadeza, nós não podemos nos açodar nessas questões pra que mais tarde o discurso que prevaleça aquele discurso que a gente quer politizar”, disse Aziz.
O senador afirmou também que pediu que fosse levantado se há inquérito junto à PF (Polícia Federal) investigando as supostas irregularidades. Miranda tem dito que depois de avisar Bolsonaro, este prometeu encaminhar a denúncia à PF.
Miranda afirmou que o irmão sofre pressão na Saúde: “Meu irmão tá sofrendo uma puta pressão de coronéis, de gente da cúpula do governo, para fazer um pagamento e importar uma vacina que não tem [aprovação da] Anvisa, para fazer um pagamento que estava em descompasso com o contrato e pior: o nome da empresa que vai receber o dinheiro não é a que fez o contrato com o Ministério da Saúde, nem a intermediária. É uma loucura”.
Um dos membros do Ministério da Saúde que estaria pressionando o servidor seria Elcio Franco, secretário-executivo da pasta.