Voto impresso divide opinião de pré-candidatos a governo de MS

cc7e71db-bfd9-48a7-80c9-06f6af75ab10

Alguns querem processo já em 2022, ao passo que outros indicam segurança

Em Mato Grosso do Sul, a PEC 135/2019 (Proposta de Emenda à Constituição) que institui a obrigatoriedade de comprovantes impressos após o voto na urna eletrônica, como quer o presidente Jair Bolsonaro, divide a opinião dos pré- -candidatos a governo. Zeca do PT é contra, ao passo que o juiz aposentado Odilon de Oliveira (sem partido) e a senadora Soraya Thronicke (PSL) são favoráveis ao voto impresso.

Bolsonaro, que vem alegando fraudes em urnas eletrônicas e riscos no sistema eleitoral, quer que, a partir da eleição presidencial de 2022, os números que cada eleitor digita na urna eletrônica sejam impressos e que os papéis sejam depositados de forma automática numa urna de acrílico. A ideia dele é de que, em caso de acusação de fraude no sistema eletrônico, os votos em papel possam ser apurados manualmente.

Governista, a senadora Soraya Thronicke (PSL) disse que é a favor da PEC. “Sim, sou favorável a que tenhamos maior segurança e transparência no processo eleitoral brasileiro por meio do voto impresso.”

Questionada sobre o que pensa a respeito de toda essa movimentação do presidente Jair Bolsonaro diante do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e sobre a abertura de inquérito administrativo, a parlamentar destaca que o tema deva ser debatido.

“O presidente Bolsonaro tem contestado a segurança do sistema eleitoral desde a última eleição, mas agora estão encarando como ameaça à democracia. Eu acredito que há um exagero na abertura do inquérito, pois questionar é a forma que temos para debater essas questões e aprimorá-las. Se realmente não há nenhuma possibilidade de fraudar as eleições, isso é o mínimo que esperamos. Mas, de qualquer forma, não vejo problema em questionar e de levar o tema para debate no Parlamento, pois essa é uma demanda de boa parte da população brasileira, que não sente plena segurança no modelo de apuração dos votos que temos atualmente.”

De partido de oposição, o ex-governador Zeca do PT diz que a ideia é absurda e que tem experiências em pleitos com cédulas em papel. “Tenho 71 anos e sei bem o que foi a experiência do voto impresso. Era um esquema de eleição feita no mapa e da manipulação do resultado eleitoral. Portanto, acho que é um retrocesso abominável a ideia de voto impresso. Não tem elemento, prova e indício real ou verdadeiro de qualquer coisa que macule o processo eleitoral.”

Ele acusa o presidente de tentar levantar pautas desnecessárias em momento de pandemia. “Acho que isso é manipulação do Bolsonaro. O debate deveria estar sendo feito em relação a fome e ao desemprego e não sobre essa questão”, com pletou Zeca, que está animado para as eleições em 2022.

O senador Nelsinho Trad (PSD), que nos bastidores da política é cotado como possível pré-candidato, disse ao jornal O Estado que entende como uma questão de garantia de segurança.

“A PEC do voto impresso auditável na minha avaliação deve ser encaminhada como uma questão que visa garantir uma maior segurança que já existe da urna eletrônica. Da mesma forma que se encaminhou a biometria para a identificação do eleitor de forma mais segura, entendo que deveremos encaminhar essa questão do voto impresso. Não de forma açodada, com pressa e atropelando o planejamento orçamentário. Mas de uma forma gradual, da mesma situação que foi usada para a implantação da biometria em todo o país.”

O pré-candidato, e ainda sem partido, juiz aposentado Odilon de Oliveira é a favor do voto auditável e afirma que o acréscimo da impressão de comprovante não altera em nada o processo eleitoral.

“Sou favorável ao voto impresso e auditável, mas não o retorno do voto em cédula de papel. É o voto na urna de maneira normal com a impressão do comprovante. Se não tem fraude porque tanta resistência para uma simples questão? Eu, como eleitor, tenho direito à transparência e segurança do meu voto. Evidente que com a tecnologia avançada haverá mais seguridade.”

Odilon diz ainda que o ideal seria que a PEC fosse aprovada de maneira célere já para as próximas eleições. “O Congresso teria de votar logo, e dá tempo tranquilo para a próxima eleição. Isso é norma de segurança. Não altera a legislação eleitoral é apenas a segurança do voto”, disse ele, que acredita que é um direito do cidadão ter o poder de votar e de fiscalização.

O tema já está no Congresso Nacional. Em maio, a Câmara dos Deputados criou uma comissão especial para estudar a proposta redigida pela deputada federal Bia Kicis (PSL- -DF). O relator é o deputado Filipe Barros (PSL-PR), ambos integrantes da base governista. Barros acaba de apresentar seu parecer, favorável à aprovação da PEC. Ao passo que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) repudia a ideia e refuta acusações de vulnerabilidade do sistema eletrônico, e inclusive abriu inquérito administrativo para investigar declarações do presidente Jair Bolsonaro.

Em diversas ligações ao ex- -governador André Puccinelli (MDB) para colher opinião, as chamadas não foram atendidas. O pré-candidato do PSDB, secretário Eduardo Riedel, estava em reunião, segundo a assessoria de comunicação que não conseguiu resposta até o fechamento do texto. A deputada federal Rose Modesto (PSDB), que também é cotada a disputar o governo, não se posicionou sobre o assunto até o momento. (Andrea Cruz)

Confira mais notícias no jornal impresso.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *