Volta do carro popular não deve tirar protagonismo de outros veículos

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Foto: Nilson Figueiredo/Jornal O Estado MS

Além de analisar o preço, clientes estão optando por veículos mais atraentes 

Mesmo com o anúncio de incentivos para setor automotivo, os carros populares não devem tomar o protagonismo de outros veículos. No dia 25, Dia da Indústria, o governo federal detalhará a proposta. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que irá “fazer carros a preços mais compatíveis e aumentar as prestações. No Brasil, não tem mais carro popular. Como uma pessoa pobre compra um carro de R$ 70 mil? Se já mudamos as coisas uma vez, por que não podemos mudar de novo?”, disse.

De acordo com o proprietário da garagem Cleobauto Automóveis, Cleber Zanoni, os carros usados não terão impacto com a volta dos populares. “Ao meu ver, o carro popular não está vindo forte. Claro, que ele nunca deixou de ser vendido, mas ele não vai voltar a dominar. A população está preferindo carros mais altos, com estilos diferentes. Desta forma, acredito que, com a volta do carro popular, não vai impactar em nada os carros usados”, destacou. 

A proposta do governo é reduzir os preços iniciais de modelos compactos com motor 1.0 para uma faixa entre R$ 50 mil e R$ 60 mil. A ideia do novo pacote é não se limitar a esse modelo. O governo quer a redução de preços e o financiamento de longo prazo. Mas, sem a obrigação de atingir um valor abaixo de R$ 60 mil, para ter acesso a benefícios tributários. 

Já para as marcas que não oferecem modelos de baixo custo nem pretendem simplificar seus carros, a expectativa é criar novas formas de reduzir os preços dos automóveis já existentes, mexendo na tributação e retirando o mínimo possível de equipamentos.

Histórico

Criado no início dos anos 90, o segmento do carro popular catapultou rapidamente as vendas de modelos novos à época, quando definiu uma tributação mais branda a modelos fabricados com motores abaixo de 1 litro de cilindrada ou até 1,6 litro refrigerado a ar (lei feita para incluir o Fusca e a Kombi, naquele momento). 

No decorrer do segundo mandato do petista, entre os anos de 2007 e 2010, Lula reduziu impostos para carros e, com inflação e juros favoráveis, muitos brasileiros tiveram acesso ao primeiro carro zero, pagando prestações ao longo de seis anos.

Reflexo

De acordo com “A Folha de São Paulo”, o vice-presidente e principal executivo do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Geraldo Alckmin (PSB), já teria se reunido com executivos da Renault. Dessa forma, leva-se a crer que o Renault Kwid deverá ser um dos primeiros a anunciar os resultados do novo regime para “carros populares”. Além dele, estão incluídos o Volkswagen Polo e o Fiat Mobi. 

A enfermeira Gabriella Marti, de 23 anos, está pensando em trocar de carro, mas afirma que vai esperar mais um pouco. “Penso em trocar de carro, pois o meu já está completando 10 anos de uso. Para comprar um veículo zero, por exemplo, que antes era considerado popular, você não gasta menos de R$ 60 mil, mesmo ele sendo modelo básico. Provavelmente, irei esperar mais um pouco para ver se irão reduzir os preços, taxas, entre outras obrigatoriedades”, relatou.

A gestora de venda direta da Renault de Campo Grande, Cristina Oliveira, destaca que a nova política comercial vai oferecer um novo olhar para as concessionárias. “Após a pandemia da covid-19, tivemos um reajuste muito considerável no veículo zero, tivemos uma demanda de 2 anos com escassez do produto do mercado e isso levou ao reajuste dos valores”. 

“Acredito que a nova política vá florescer à população, pois, antigamente, tínhamos carros populares nos valores de até R$ 40 mil. Hoje, o menor preço encontrado no mercado é R$ 70 mil. Então, realinhando esses valores, vai ajudar muito a população”, explicou Cristina. 

Além disso, a gestora lembra que não apenas para os carros de uso particular e, também, para uso econômico. “Os motoristas de Uber, que utilizam a linha para trabalho, com o anúncio, um percentual de 30% deve aumentar no fluxo das lojas, a procura desses produtos”, finalizou.

Por Marina Romualdo – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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