Vizinhos de jornalista confirmam “movimentação estranha” em apartamento do acusado de estupro e aliciamento de menores

Foto: reprodução/redes sociais
Foto: reprodução/redes sociais

Conselheiro tutelar destaca a importância de toda a comunidade se atentar e denunciar qualquer possível sinal

O caso envolvendo adolescente de 11 anos e o jornalista Renan Lopes Gonzaga gerou comoção e preocupação na vizinhança, além de alertas de autoridades sobre a importância da denúncia em situações que coloquem crianças e adolescentes em risco. A reportagem esteve no condomínio de Renan e conversou com uma fonte que contou que o condomínio tem regras rigorosas para visitantes, mas ressaltou que a rotina dos moradores e visitantes nem sempre é observada pelos demais vizinhos.

Ainda durante a visita ao condomínio, a fonte relatou que os vizinhos tinham notado movimentações estranhas no apartamento, mas que não sabiam se as crianças que frequentavam o local eram parentes ou conhecidos do suspeito. A fonte destacou que o acesso ao condomínio é feito por controle remoto, o que dificulta a identificação de quem entra ou sai.

“Aqui temos portão automático, todo morador tem o controle. Então não é necessário se identificar. Ninguém vê quem entra de carro, porque o veículo já passa direto. A gente achava estranha a movimentação, mas não dava para confirmar nada, não sabíamos se eram parentes ou amigos. Fiquei sabendo mesmo do caso só pelos jornais”, disse.

Proteger é um dever de todos

Questionado sobre essas suspeitas e principalmente, sobre como a população deve agir em casos semelhantes, o conselheiro tutelar Adriano Vargas reforçou a importância de toda a sociedade estar atenta ao comportamento de crianças e adolescentes, bem como à movimentação de adultos e menores em suas proximidades.

“A Constituição Federal estabelece que é dever de todos zelar pelo bem-estar da infância. Todos que têm ciência de qualquer situação suspeita envolvendo crianças e adolescentes têm obrigação de tomar alguma providência, seja denunciando, notificando, encaminhando para o Conselho Tutelar, acionado a polícia, os órgãos de proteção, assistência social. Isso é dever de todos. Então, é importante que todos estejam atentos, percebam e de fato assumam essa responsabilidade que a Constituição traz”.

O conselheiro ressalta que as pessoas precisam resgatar valores de convivência comunitária, “conhecer os vizinhos, observar a rotina do bairro, criar uma rede de proteção”. Ele detalha que existem casos e casos, alguns irão apresentar sinais mais claros e outros não, mas que é possível notar comportamentos para identificar que uma criança, ou adolescente, esteja passando por uma situação similar.

“Acho que é importante destacar que não tem uma receita de bolo exata. Vai ter situação em que tem um entre e sai de pessoas diferentes, cada dia uma criança, uma pessoa diferente, também vai ter situação em que aparentemente não chama atenção porque não tem drogas, bebidas, mas vai ter situação em que vai ter som, barulho, agitação, então em todas as situações as pessoas precisam ficar atentas. Só assim conseguiremos evitar tragédias como essa”, afirmou.

Audiência de custódia

Audiência de custódia de Renan Lopes Gonzaga, de 36 anos, suspeito do crime, aconteceu na manhã desta quinta-feira (4) e determinou que a prisão em flagrante fosse convertida para prisão preventiva. Com isso, ele segue preso no andamento das investigações. Em nota, a defesa de Renan Lopes Gonzaga afirmou que ele nega veementemente as acusações e que irá recorrer da decisão judicial que manteve sua prisão preventiva.

“A defesa discorda da manutenção da prisão, tendo em vista o custodiado preencher todos os requisitos legais para aguardar o andamento das investigações em liberdade. Em razão da manutenção da prisão, a defesa impetrará uma Ordem de Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça para restabelecer a liberdade do senhor Renan”, diz a nota.

A defesa também declarou que familiares do investigado estão recebendo ameaças pelas redes sociais e que tomará medidas judiciais. “Os familiares do senhor Renan Lopes Gonzaga, que não possuem nenhuma relação com os fatos que ensejaram sua prisão, vêm recebendo ameaças, o que configura crime. Eles serão orientados a registrar boletim de ocorrência e buscaremos a responsabilização de todos os autores dessas ameaças”, finaliza o comunicado.

Nota da Santa Casa

O suspeito trabalhava na Santa Casa de Campo Grande. Em nota, a instituição afirmou que ele está em período de férias e que não há registros de ocorrências profissionais envolvendo o colaborador durante o tempo em que atuou no hospital. A nota destacou ainda que a admissão de funcionários inclui verificação de antecedentes criminais.

“A Santa Casa reafirma seu compromisso com a transparência e a ética e se reserva o direito de aguardar a apuração dos fatos pelas autoridades competentes para então tomar as medidas cabíveis, caso necessário”, diz o comunicado.

O caso

Renan Lopes Gonzaga foi preso em flagrante pela Polícia Civil, acusado de abusar de um menino de 11 anos em Campo Grande. A prisão ocorreu na madrugada de terça-feira (3), após a mãe da vítima acionar a Depac Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) e relatar que o filho havia passado a noite no apartamento do suspeito, localizado em um condomínio na Avenida Marquês de Pombal, no bairro Ciudad del Vigo.

Segundo o boletim de ocorrência, o menino estava desaparecido desde a tarde de segunda-feira (1º), quando deixou a Escola Municipal Senadora Rachid Saldanha Derzi, onde havia participado de um treino de atletismo, e voltou para casa. A irmã contou que ele trocou de roupa e saiu novamente, sem informar o destino, não retornando para casa até a noite seguinte.

A família, preocupada, buscou informações com colegas do garoto, que mencionaram que ele pretendia cortar o cabelo na casa de uma tia. A mãe também entrou em contato com um salão próximo, mas não conseguiu confirmar se ele havia passado por lá. Pouco depois do registro do desaparecimento, um vizinho avisou que o menino havia chegado em casa de carro de aplicativo.

Ao ser questionado, o garoto revelou ter passado a noite no apartamento de um conhecido de um amigo, onde foram oferecidos a ele bebidas alcoólicas, energéticos e videogame. Em meio à situação, o homem teria praticado atos de violência sexual contra o adolescente.

Após ouvir o relato do filho, a mãe levou o garoto à Depac Cepol. O delegado plantonista e um investigador acompanharam mãe e filho até o condomínio citado. No local, encontraram o suspeito, identificado como Renan Lopes Gonzaga, que foi levado à delegacia para prestar esclarecimentos. Na frente dos policiais, o adolescente confirmou os abusos e disse que o amigo costumava frequentar o local acompanhado de outras crianças.

Durante a operação, foram apreendidos celulares, tablets, notebooks e câmeras de vigilância, que passarão por perícia. Renan foi autuado em flagrante por violência sexual contra menor de idade, e o delegado representou pela prisão preventiva. Em audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (4), a Justiça converteu o flagrante em prisão preventiva. A Polícia Civil segue investigando o caso, com análise dos equipamentos apreendidos para identificar possíveis outras vítimas.

Por Inez Nazira

 

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