VÍDEO: Escritor de Campo Grande constrói livro gratuito com poetas de 20 estados brasileiros

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O que atrapalha a poesia são os poetas”

A poesia sempre foi atual, presente e contemporânea mesmo quando está respeitando o passado. Não são apenas rimas e sonoridade, mas protestos constantes mesmo sem a intenção de ser. Causa identificação e reconhecimento ainda que com outro objetivo. A arte por si só é subversiva, é uma expressão interpretada dos fatos dos cotidiano e dos sentimentos diante de cada acontecimento público e privado. Atualmente, o que atrapalha a poesia é o poeta. Esta é a fala do artista Febraro que lançou de forma gratuita “Há 46 Pés” (clique aqui para baixar, se não funcionar em nootes e pc tente pelo smartphone) que envolve autores do gênero de cerca de 20 estados brasileiros. (BAIXE O LIVRO GRATUITAMENTE NO FIM DA MATÉRIA E ASSISTA AS POESIAS DO LIVRO DECLAMADAS E INTERPRETADAS)

O motivo deste pensamento não é ofensivo, defensivo nem analítico. Trata- se da famosa pragmática, ou seja, é prático, realista e objetivo. “Se formo analisar os poetas da contemporaneidade vamos encontrar um lugar gigantesco de autoajuda e de superação. É abominável porque não respeita presente nem passado, muito menos seu lugar de contemporaneidade. Por outro lado, existe a poesia contemporânea brasileira que está tentando mudar um pouco os padrões, quebrar o erudito da poesia e da palavra”, avalia Febraro.

Estes poetas estão confeccionando poemas com outros lugares e outras palavras. É o que Febraro fez em seu último livro “Uma Festa Para O Fim do Mundo” e no novo livro coletivo “Há 46 Pés”. “Só conseguir fazer fora do padrão porque sai do erudito e da poesia de autoajuda. Esse lugar da poesia mais comercial. Há seis anos quando comecei estava querendo ganhar dinheiro. Ganhei 100 mil seguidores e agora que eles lutem porque agora estou indo na denominada autoliteratura e literatura contemporânea”, refletiu Febraro.

Assim, os leitores que se “formem” e se atualizem porque, segundo Febraro, a poesia contemporânea visível está caindo aos pedaços. “Mas então surge uma galera fazendo coisas boas. Principalmente, as minorias. Mulheres, pretos, indígenas, por exemplo, que conseguem sair do lugar preguiçoso, do lugar comum é muito bonito de ver aparecendo”, analisa.

Por isso, a fala poesia sem intenção e objetivo de ajudar é a que mais faz isso. O motivo é pelo fato de ter este propósito já a deixa no prejuízo desta meta. “”Se faço com a intenção de ajudar alguém já não vai ajudar ninguém. A Clarice Lispector é uma antiautoajuda que ajuda, mas antes de ajudar ele dá um impacto. Ela nem quer me ajudar, nem sabe como, mas vai ajudar. A literatura consegue fazer que a gente enxergue coisas além em uma visão singular das coisas e isto ajuda sem ter esta intenção”, analisa Febraro.

Aponte abaixo a câmera do seu celular.

46 pés”

A antologia “Há 46 Pés” foi construida há 23 mãos de 20 estados. Há poetas de Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Pará, Distrito Federal, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Santa Catarina, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás e Tocantins. Contemplado pelo edital da Lei Aldir Blanc com o poeta Febraro à frente.

“Foi difícil. Com uma equipe muito reduzida fui fazendo muitas coisas. Tive que coordenar todos eles. Foram dois meses de aula de discursos diretos e indireto. Como com OS Racionais. O Poeta não precisa saber o nome da técnica, mas é importante saber o que está usando. São aulas que as pessoas ficam atônitas e questionam se Racionais, por exemplo, fazem poesias. Fazem e são incríveis e de alta qualidade”, pontua refletindo que quando se faz uma poesia querendo que a pessoa se reconheça não é natural, mas tem poesias que a gente se identifica em uma palavra em uma vírgula.

Com isso, quem ensina aprende ainda mais. Febraro debateu com os demais poetas o lugar deste costureiro de sons, intenções e palavras o trazendo da margem da sociedade como ator subversivo para o centro. “Tem poesias diferente com poetas diferentes. Era uma doideira que resultou em uma antologia potente e plural em tudo. Assim ,não adianta ter um grande conteúdo se a forma não ajudar e, às vezes, a forma é mais importante. É o caso da forma da Hora de Estrela que faz a história explodir. É simples, mas o olhar de Clarice Lispector e a abordagem dela faz o cotidiano se transformar em inusitado. Por isso, digo que não há história pobre, há a forma que foi mal escolhida”, ensina Febraro.

Para Febraro o mais importante e profundo ainda está nele e irá ser descoberto aos poucos, mas “Há 46 Pés” é a construção de um tecido afetivo muito importante. “Na live de lançamento tinha quase 100 pessoas assistindo. Nada foi planejado ou escolhido, quando percebi estava plural com tanta gente de tantos lugares diferentes e o que era para ser 16 aulas onlines divididas em dias por semana passou a ter semanas com encontros diários”, finalizou.

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