O líder opositor Juan Guaidó vai tentar a reeleição neste domingo como chefe do Parlamento – cargo do qual reclamou a presidência interina da Venezuela, com reconhecimento de cerca de 50 países. Um ano depois de sua ovacionada autoproclamação, em meio a tensões e divisões entre os opositores, 2020 promete ser um ano de dificuldades em sua ofensiva contra Nicolás Maduro, preveem analistas.
A popularidade de Guaidó caiu enquanto Maduro resiste no poder e, com isso, caiu também a capacidade do líder da oposição de relançar os massivos protestos que liderou no início de 2019. Mas até a votação, em comunicado divulgado na sexta-feira e dirigido à “comunidade internacional”, Guaidó anunciou antecipadamente que “a presidência do conselho de administração será ratificada”. Para isso, precisa de uma maioria simples: 84 votos.
Sua aceitação popular, de acordo com pesquisa Datanlisis, caiu para 38,9% em dezembro, depois de atingir 63% quando se autodeclarou presidente interino diante de uma multidão.
Em razão do que denuncia como “perseguição política”, a maioria da oposição aprovou em 17 de dezembro uma reforma nas regras para admitir “o uso de tecnologias” para a “participação virtual” de deputados exilados. Dois dias depois, o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) declarou a “nulidade absoluta” da reforma, ordenando ao Ministério Público que investigasse “a suposta materialização” dos crimes em sua aprovação. O TSJ, de linha oficial, considera nulas todas as decisões do Congresso depois de declará-lo em desacato em 2016 e, na prática, uma Assembleia Constituinte, composta inteiramente por aliados de Maduro, assumiu as funções legislativas.
Mas o comunicado enviado na sexta-feira por Guaidó confirma que será permitido o voto virtual dos deputados e que “o resultado final deverá ser reconhecido”. Isso “significa que não há votos suficientes”, afirmou em uma entrevista a deputada Melva Paredes, do Cambiemos, um dos partidos opositores que marca distância de Guaidó e que iniciou um diálogo com Maduro.
Ainda em ratificação, 2020 será um ano difícil para Guaidó, alertam analistas como David Smilde, professor de sociologia e estudos latino-americanos da Universidade de Tulane. As eleições parlamentares, mesmo sem data, correspondem pela lei. No entanto, depois que os principais partidos da oposição boicotaram as eleições presidenciais de 2018 (nas quais Maduro foi reeleito) alegando falta de condições, participar ou não das legislativas põe os adversários do presidente em uma encruzilhada.
Nesse sentido, o Congresso lançou em 2019 o procedimento para designar um novo Poder Eleitoral, cuja diretiva é questionada, mas nenhum consenso foi alcançado.
(Texto: Lyanny Yrigoyen com informações Gaúchaz)