Pesquisa do Procon/MS (Secretaria-Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor) revela que a variação no preço do gás chega a 31,58% na Capital. O valor é resultado da apuração feita em pelo menos 16 empresas e a partir de quatro marcas. No levantamento, os preços vão de R$ 94,99 a R$ 125, o que gera questionamento sobre a diferença de valor de pelo menos R$ 30, de acordo com o local de revenda.
Para o presidente do Sinergás (Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás da Região Centro-Oeste), Zenildo do Vale, a diferença se explica na clandestinagem, já que muitos comerciantes que trabalham na ilegalidade, arcam com custos que outros não têm.
“Aquele cara que vende barato, R$ 94, é o que não tem empregados, não tem nada, não tem despesa nenhuma, provavelmente trabalha ele e a mulher dele e tem uns que nem entregam, a pessoa pega na portaria. Esse que vende a R 125 tem que pagar empregado, tem que pagar imposto. Tem muito cara que vende barato, porque vende clandestino e essa é a explicação. O preço tá na variação mesmo, custa R$ 125 e esse cara que está vendendo a R$ 125, está pagando imposto. Esses que vendem a R$ 94, [muitas vezes] não pagam imposto, não tem empregado, não paga despesa e é assim que funciona”, avalia o presidente.
No levantamento, realizado entre os dias 16 e 21 de fevereiro pelo Procon/MS, o produto foi encontrado a R$ 94,99 na Vila Marli e R$ 125 no Bairro Tiradentes. Em uma mesma marca a variação foi de 31,58% entre as revendas de gás da Capital, com aplicação de valores entre R$ 95 e R$ 125. Dentre os locais pesquisados, somente seis informaram cobrar uma taxa de entrega, calculada com base na distância a ser percorrida até o cliente. Nesse caso, os preços vão de R$ 5 a R$ 10.
Revendas clandestinas
A proprietária do comércio de gás Via Morena, Fabiana Lopes, 41, afirma que desde setembro, pratica o preço do produto com entrega a R$ 115. Conforme Lopes, hoje ela paga todos os impostos, além de ter custo com entregadores, combustível, aluguel, telefone, internet, entre demais despesas que entram no preço final do produto. Localizada na avenida Fábio Zahran, a comerciante diz que nota a existência de comércios clandestinos.
“Muitos agem clandestinamente. Aqui em nossa região, temos pelo menos três revendas clandestinas. Todos os dias tenho concorrentes que não são credenciados que lançam propagandas em massa e com preços muito abaixo. Além dos impostos, nós temos muitas regras a seguir, por exemplo, com os bombeiros e no meu caso tenho liberação da vigilância sanitária. Tudo isso gera taxas anuais de serviços, sem falar que temos Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) também. É difícil findar a ilegalidade”, lamenta.
Lopes ainda pontua que mesmo com a economia nos valores, o preço não garante a qualidade do produto. Inclusive, com a população já tem percebido, que no final do mês, a conta não fecha. “Uma coisa é fato, os clientes até compram de um ilegal. Mas, bem rápido, descobrem que tiveram prejuízos. Há poucos dias tive um relato de que a cliente comprou da propaganda deixada em seu portão com valor inferior ao nosso e o gás durou 20 dias, o nosso dura em média 45 dias. Em sequência solicitou com a gente novamente e ainda nos relatou o fato de que o barato sai caro”, finaliza a comerciante.
Por Julisandy Ferreira.
Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.
Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram