Vacina de campanhas são as que mais ‘encalham’ nas unidades de saúde

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Foto: Divulgação

As vacinas são substâncias biológicas introduzidas nos corpos das pessoas, a fim de protegê-las de doenças, entretanto, nos últimos anos, a saúde tem encarado a baixa procura por elas e as metas preconizadas pelo Ministério da Saúde estão cada vez mais difíceis de serem atingidas e, com isso, alguns imunizantes ficam “encalhados” nas unidades de saúde, principalmente as vacinas pertencentes às campanhas nacionais de imunização.

 

Em Campo Grande, no ano passado, nenhuma campanha conseguiu atingir 50% do público-alvo. A vacina da gripe foi aplicada em 43,4% de uma população estimada em mais de 295 mil pessoas, a da poliomelite atingiu 46%, de 51 mil e a do sarampo teve 20,8% de cobertura vacinal, de um total de 57,4 mil crianças menores de cinco anos. 

 

Segundo a superintendente em Saúde da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), Veruska Ladho, a vacina da influenza, por exemplo, fica disponível, por conta do estoque, praticamente o ano todo para a população. “As unidades ficam vacinando o ano inteiro, porque acaba ficando em estoque, justamente pela baixa procura. A gente tem disponível muitas doses, até janeiro e fevereiro do ano que vem”, assegurou.

 

A superintendente explica ainda que, normalmente, as campanhas são lançadas para ajudar na ampliação da taxa de cobertura, mas, mesmo assim, a secretaria tem encontrado dificuldade em atingir a meta. “No caso da poliomelite, mesmo, metade do público estimado procurou a unidade de saúde para tomar a dose de reforço e as campanhas geralmente são lançadas exatamente para isso, pra melhorar a cobertura vacinal de determinado agravo e reforço da vacina naquele público, para evitar principalmente a reintrodução de doenças, como poliomielite e sarampo”, reforçou. 

 

O pediatra da Unimed, Alberto Jorge Félix Costa, alerta sobre a importância da vacina. Segundo ele, a imunização é uma “maneira simples” de proteger a saúde de inúmeras doenças e de suas complicações. “É ela que estimula o nosso organismo a criar anticorpos, por isso, elas são fundamentais, mas, infelizmente, hoje há uma onda de hesitação vacinal e isso prejudica a compreensão científica para fazer o melhor para as crianças, principalmente”, garante.

 

Ele resssaltou ainda que a erradicação de algumas doenças no Brasil se deu em razão da vacinação em massa da população. “Por isso, é tão importante que todos mantenham a carteira de vacinação atualizada, para evitar a volta de doenças já controladas ou erradicadas”, finalizou.

 

Estoque Entretanto, independentemente das campanhas, o município, ainda conforme Veruska, recebe uma quantidade de vacinas suficientes para atingir os 90% do preconizado pelo Ministério da Saúde, ou seja, só em relação à campanha da gripe no ano passado, se considerarmos 295 mil pessoas a serem imunizadas na Capital, foram enviadas aproximadamente mais de 265 mil doses. “A pasta federal mada de acordo com a nossa população”, garantiu. 

 

Contudo, em relação aos imunizantes pertencentes ao PNI (Plano Nacional de Imunização), geralmente aplicadas em crianças, as entregas, por parte do Ministério da Saúde, são feitas de forma constante, durante todo o ano os estoques vão sendo atualizados. 

“As unidades de saúde fazem o controle do seu imunobiológico dentro da câmara fria. Conforme esse estoque vai baixando, ela vai fazendo solicitações via sistema, que é ligado ao Ministério da Saúde. Então, ela pede para a câmara fria municipal, que é onde fica a maioria das vacinas armazenadas. Já o município atualiza seu estoque com o Estado, que é quem recebe as vacinas do Ministério da Saúde. Ele manda para o Estado e isso é constante. O ano inteiro chega imunizantes e os estoques vão sendo repostos”, disse. 

 

Em relação às perdas de imunizante, a superintendente esclareceu ainda que o próprio Ministério da Saúde já faz uma previsão de perda. “Já pelo programa nacional existe o risco de perda. Então, vai ter um percentual de vacina que, infelizmente, a gente acaba perdendo, seja pelo prazo de validade ou porque tenha dado algum problema em relação à temperatura do local onde os imunizantes estão armazenados”, relatou.

 

ÍNDICES PARCIAIS

 

Dados da Sesau apontam que a cobertura vacinal desde ano segue o ritmo do ano passado. Até o dia 1º de junho deste ano apenas a vacina BCG, aplicada preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento e ainda na maternidade ou até quatro anos de idade, se a criança nunca tiver sido vacinada, e a tríplice viral passaram dos 30% de cobertura. Segundo os dados, a BCG está com 37,6% de cobertura vacinal, a VIP (29,9%), a rotavírus (30%), a febre amarela (27,6%), a tríplice viral (32,7%), pneumo 10 (27,9%), a Meningo C (28,6%) e a pentavalente (26,7%). 

 

“Considerando que a gente tem um delay em relação ao sistema para subir as informações, muitas vezes o sistema atrasa para atualizar os dados, então esse número pode ser um pouquinho maior, mas, comparado com o ano passado, ele está dentro da média, para atingir a mesma cobertura ou talvez um pouco menos de algumas vacinas”, alertou a superintendente em Saúde.

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RAFAELA ALVES

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