Terceira onda da COVID-19: Unidades de saúde estocam oxigênio e importam medicamentos

Reprodução/Santa Casa
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Com a chegada de novas variantes da COVID-19 ao país e a ameaça de uma terceira onda da doença, unidades de saúde de Mato Grosso do Sul acenderam novamente o alerta para a disponibilidade de oxigênio e de medicamentos para sedação de pacientes que precisam ser entubados. Para evitar o colapso, como aconteceu no início do ano em Manaus, que registrou morte de pacientes por asfixia, as secretarias de Saúde e hospitais privados têm estocado oxigênio, importado remédios e feito cobranças incisivas ao Ministério da Saúde.

“Continuamos na mesma dificuldade de sempre. Cobrando do Ministério da Saúde para que nos atenda ou para que libere compras que competem ao governo”, afirmou o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende.

Para se antecipar a chegada de eventual momento crítico, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) informou ter adotado medidas preventivas para não evitar desabastecimento de oxigênio na rede municipal. “Uma delas foi a instalação de tanques de armazenamento do gás nas quatro principais UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da cidade”, disse em nota.

Apontando sobrecarga na rede de oxigênio do município, a secretaria informou que “os contratos vigentes com as empresas que fornecem o gás para as unidades foram ampliados”. Além disso, o município revelou que outra alternativa adotada foi a implantação de usinas de oxigênio. “Para, assim, conseguir dar suporte não só a nossa rede, mas também aos demais locais que usam tal suprimento, como hospitais e clínicas”, considerou.

Na rede privada, a importação de medicamentos tem sido alternativa para se antecipar a eventual falta, é o que acontece no Hospital da Unimed. Além disso, projeto desenvolvido pela unidade tem auxiliado equipe médica a administrar quantidades exatas dos remédios para entubação, o que regra e otimiza o consumo.

“Utilizando dois tipos de monitores de alta especificidade e sensibilidade é possível monitorar e equalizar a quantidade”, informou. Até o momento, a unidade não registrou falta de remédios, no entanto admite que hoje opera com estoque menor do que o de antes da pandemia.

Para manter o estoque de oxigênio diante do novo pico de contaminações, a Unimed disse que precisou aumentar o abastecimento, que é comprado conforme a demanda. “Até então não há situação de risco de desabastecimento, conforme atestado pela empresa fornecedora”, pontuou.

Marcelo Barbosa, presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, afirma que trabalhadores da saúde já sentem aumento no número de internações, especialmente em leitos de UTI. “Apesar de a disponibilidade de material estar um pouco mais favorável no momento, o aumento da demanda pode preocupar novamente”, explicou.

Segundo ele, a situação fica ainda mais delicada porque pacientes entubados geralmente ficam internados por mais tempo e precisam de quantidade expressiva de medicação. “São sedativos, analgésicos e bloqueadores musculares aplicados continuamente. Enquanto esse paciente está entubado ele precisa dos remédios”, pontuou.

Para quem sobreviveu ao estágio mais crítico da COVID-19, a importância de ter acesso a oxigênio e medicação adequada fica ainda mais evidente. Aos 24 anos, o professor Jefferson Pereira Barreto passou 29 dias entubado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de um hospital e sabe que o atendimento que teve foi determinante para sobreviver. “No terceiro dia de internação eu já estava usando quatro litros de oxigênio no fluxo alto. Foi aí que pediram para me entubar”, conta.

Durante a entubação, o jovem chegou a ficar com 98% dos pulmões comprometidos e, além dos relaxantes musculares e sedativos, chegou a tomar 16 tipos de antibiótico. “Era muito medicamento. Só acordei 29 dias depois já com a traqueostomia e respiração mecânica”, lembra.

Mesmo depois de acordar, já livre do vírus, Jefferson continuou na dependência do auxílio do oxigênio. “Eu tenho oxigênio em casa. O médico só me deu alta com a condição de ir para home care”, finaliza.

Em abril, o governo federal enviou 338.130 medicamentos. Sendo 207.020 sedativos, 65.480 relaxantes musculares, 53.000 adjuvantes na sedação e 62.630 analgésicos. Questionada sobre a situação atual das reservas de medicamentos e oxigênio, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) não se manifestou. (Texto: Clayton Neves)

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