Agrofloresta é a luz para produtores terem plantio harmônico com o meio ambiente
O Brasil tem o desafio de cumprir compromissos climáticos com economia de baixo carbono e continuar tendo protagonismo mundial na produção de alimentos para o mercado interno e exportação. Com esta mescla de desafios, o setor do agronegócio procura, cada vez mais, aliar produtividade, renda e sustentabilidade. Para isto, diversos modelos de produção ganham espaço entre os grandes e pequenos produtores, por meio de novas tecnologias e a volta de técnicas ancestrais como, por exemplo, os sistemas agroflorestais.
A técnica de agrofloresta é uma forma de restaurar ou implantar florestas e paisagens e, ao mesmo tempo, produzir alimentos com técnicas antigas, porém, mais organizadas. No fim das contas, tudo vai ser comercializado e consorciado com culturas de diferentes ciclos para ter comida e renda, a pequeno, médio e longo prazo, conforme o tempo de cada uma: hortaliças, frutas e árvores frutíferas, podendo ser nativas e até madeireiras. Tudo sem a necessidade de grandes áreas de terra.
São três os tipos de sistema agroflorestal. Essa classificação engloba os sistemas silviagrícolas (espécies florestais e agrícolas), silvipastoris (espécies florestais e atividades de pecuária) e agrossilvipastoris (espécies agrícolas, florestais e atividades de pecuária).
O precursor da agrofloresta no país é o suíço Ernst Götsch, autor da agricultura sintrópica. Ele ficou muitos e muitos anos acompanhando os indígenas e acompanhando outras pessoas que plantavam de um modo diferente, em outros países. Aqui, no Brasil, ele pegou uma área de Caatinga na Bahia e a transformou num local que hoje é mata fechada e tem mais de 13 nascentes dentro.
O engenheiro agrônomo e mestrando em agricultura orgânica, Andrei Pereira Oliveira, destaca que a questão do carbono neutro tem ganhado espaço devido a pesquisas científicas, que demonstram, cada vez mais, o potencial dos sistemas agroflorestais no sequestro de carbono. “Os sistemas agroflorestais, ao enfrentarem diversos desafios relacionados à sustentabilidade, despontam como soluções abrangentes. Na esfera ambiental, pesquisas científicas já validaram sua capacidade de promover a biodiversidade de fauna e flora, contribuir para a restauração de paisagens, preservar recursos hídricos e sequestrar carbono”, explica.
Escrito nas estrelas
No bairro Chácara das Mansões, em Campo Grande-MS, na chácara Maktub (provérbio árabe, que significa algo predestinado, escrito nas estrelas), reside o acadêmico de agronomia, Alcides Fernandes Neto, a fisioterapeuta Stefany Paz Alencar e o bebê do casal de 10 meses, Cauê.
A família produz, por meio da técnica da agrofloresta, desde folhosos, frutas, legumes e até árvores. Eles garantem que a vida na propriedade é realmente gratificante, pelo resultado econômico, sustentável e vislumbre de futuro para o filho, que eles sonham em vê-lo prosseguir nos mesmos passos, no cultivo da terra.
Alcides morava em São Paulo-SP, onde trabalhava em uma empresa de desenvolvimento de software como gerente de projetos e a esposa, trabalhava na UTI de um hospital. Cansados da vida corrida de uma metrópole, decidiram voltar a Campo Grande-MS, para ter qualidade de vida.
“Eu brincava com ela que eu só ia ter um filho a partir do momento que eu conseguisse produzir toda a alimentação dele. Isso era uma brincadeira que eu fazia com ela, para ganhar um tempinho, porque eu ainda achava que era cedo. Lá em São Paulo, a gente começou a plantar manjericão, salsinha, cebolinha, na sacada do prédio. E aí, chegou nesse momento, que a gente começou a se apaixonar por cultivo, porque isso desestressa também”, explica Alcides sobre o início tímido de cultivo único para a família e de forma muito amadora.
Com o sucesso da produção de sacada do prédio, o casal decidiu encarar um desafio maior, mais precisamente para a chácara do pai de Alcides, que tem três hectares, e fica a 30 km do centro de Campo Grande-MS.
O local, que antes tinha apenas um campo de futebol para lazer, casa com uma churrasqueira e um pé de limão, aos poucos foi sendo transformado. O primeiro passo foi dado quando ele resolveu aumentar o plantio de frutas. “Não tinha uma banana e nem um mamão. Não havia nenhuma fruta para consumo, no dia a dia. A gente sentia falta disso. Decidimos, então, pelo menos, produzir a nossa alimentação”, recorda Alcides.
O hoje sucesso da chácara não foi da noite para o dia. Curioso e fuçador de internet, Alcides conheceu a técnica da agrofloresta em São Paulo-SP, quando pesquisou como plantar mais de duas plantas no mesmo vaso. A partir daí, se interessou pelo policultivo, que é quando são cultivadas diversas situações num mesmo ambiente. “Aí foi que tudo começou a fazer sentido pra nós. Temos uma propriedade que era praticamente improdutiva, que a gente precisava reflorestar e fazer uma produção para a nossa alimentação”, destaca.
Os primeiros plantios foram de hortaliças e diferentes espécies de árvores. Hoje, os alimentos são colhidos de 30 a 45 dias, o que garante produção nos 12 meses do ano. Ou seja, produz-se alimento o ano todo. Em relação às árvores, algumas espécies vão chegar à fase adulta daqui a 20 ou 30 anos.
Na área, há de 40 a 50 árvores, sendo algumas frutíferas e outras para a produção de madeiras. Também são cultivadas plantas medicinais. A produção é de encher os olhos e vai desde alface, rúcula, couve, salsa, cebolinha, hortelã, manjericão, cidreira, coentro, alecrim, berinjela, batata-doce, cenoura, abóbora, quiabo, maxixe, tomate, brócolis, manga, abacate, banana, abacaxi, limão, maracujá, jabuticaba, acerola, mamão, café e amora. Entre as ervas medicinais, tem melaleuca, mertiolate, erva-mate, noz-moscada, canela e cravo, pimenta-do-reino. As árvores são pés de eucalipto, jatobá, jaca, angico, ipê, teca, cedro e kiri-japonês, que é umas das árvores com crescimento mais rápido no mundo e de alta rentabilidade.
Projeto inovador quer fazer a primeira emissão de carbono em sistemas florestais
Literalmente com bagagem prática em nível zero, Alcides saiu à procura de produtores que já implantaram a agrofloresta, mas, na época, era cada um por si e nada era difundido. “Para alavancar a nossa produção e a implantação, eu comecei trazer cursos para cá. Então, chamava uma pessoa que era referência no Brasil para implementar a agrofloresta”, conta. O resultado, até agora, é que Mato Grosso do Sul tem 18 agricultores orgânicos, sendo quatro que trabalham no modelo agroflorestal: três em Campo Grande-MS e um em Maracaju-MS.
O grupo, em parceria com a Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) do Governo do Estado, avança na consolidação de um projeto inédito no país, para a inserção da agricultura familiar sul-mato-grossense na produção sustentável e certificação para a geração e comercialização de créditos de carbono. O Estado já aprovou a destinação de R$ 1 milhão para ações de assistência técnica aos produtores, para que eles desenvolvam o sistema agroflorestal. O projeto está alinhado com o selo de Estado Carbono Neutro.
O agroflorestor Alcides explica que há diferença entre cultivo orgânico e agroflorestal. No primeiro, é prezada a produção e não o solo. Além disso, o agricultor orgânico normalmente produz em modelo de monocultura. “No sistema agroflorestal, a gente se preocupa muito com o equilíbrio, com o solo. A gente trata um a um. Se o solo e o ambiente estão equilibrados, não existem pragas, por exemplo. A gente depende muito do modelo de agrofloresta. Mas, basicamente, a gente faz ‘entrelinhas’ entre as árvores com horta. O que diferencia é que tudo é reaproveitado. As estrelinhas não passam uma divisão entre as árvores. Neste ‘caminho’ de terra há alimentos”, explica.
“À medida que as linhas de árvore vão crescendo vão sombreando as entrelinhas. Geralmente, em torno de um a dois anos, o agroflorestor consegue fazer uma produção nessas entrelinhas. A partir de dois anos, já começa a ficar um pouco sombreado”, detalha Alcides.
Antes era só para o filho, mas hoje chácara alimenta mais famílias
O foco, na chácara Maktub, é a alimentação da família. Depois, o que é excedente, é comercializado. Um dos locais de entrega semanal é o Limão Rosa Orgânicos. Outro ponto é a feira da Praça do Rádio, onde tem um agricultor, que é parceiro que comercializa os produtos. Mas o casal Alcides e Stefany também tem um programa de assinatura. Recebem pedidos e montam kit de hortaliças, conforme as solicitações.
“O que era para alimentar melhor nossa família, principalmente nosso filho, agora alimenta diversas famílias. Esse modelo de produção é muito abundante. Vamos deixar para o nosso filho, que já teve essa experiência de comer uma fruta do pé e, além de deixarmos algumas frutas, vamos deixar algumas madeiras para ele. Eu quero, lá na frente, que, se meu filho quiser fazer uma estante, uma mesa, uma cadeira, qualquer coisa, ele vai ter madeira plantada na chácara”, planeja.
Na chácara Maktub também estão em andamento diversos testes com plantas medicinais, com o objetivo de extração de óleo essencial, com fins de uso terapêutico, por meio da aromaterapia.
“Estamos fazendo alguns experimentos a longo prazo e plantando algumas espécies, para ter uma farmácia agroflorestal. Esse é nosso objetivo também”, prevê.
Rodeado por assentamentos, sítio é laboratório para ensinamento do agrofloresta
O agrofloresta tem como pilares: os aspectos social, ambiental e econômico. O sítio Primavesi, que fica no distrito Campo Verde, em Terenos-MS, se tornou um laboratório para quem quer aprender técnicas de cultivo. É lá que a ativista Carline Yumi Ohi, que é formada em administração e envolvida em diversos projetos, abre a porteira para estudo de campo.
Carline Yumi mora em Campo Grande, mas, pelo menos quatro vezes por semana, vai ao sítio. A propriedade tem 29 hectares. Ela foi professora do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e ministrava aulas de empreendedorismo.
Como precisava viajar para diversos municípios, acabou conhecendo assentamentos, fazendas e pequenas propriedades, com seus diferentes sistemas de produção. O contato com o grande e pequeno produtor a aproximou muito daquilo, que descobriu que gostaria de fazer, no que diz respeito a ajudar quem produz e a quem quer aprender, para propagar.
Em 2017, iniciou o cultivo numa área bem pequena, com pouco menos de 1 ha, cedida pelo sogro. Antes disso, em 2016, teve o primeiro contato com esta mesma propriedade e observou que tudo era pastagem, sem nenhuma plantação para consumo.
“Eu fiquei meio indignada porque eu conheço qual que é a função da terra, na questão social: produzir alimentos para as pessoas, para elas terem segurança alimentar”, propõe.
Em 2020, começou os cultivos de mandioca e abóbora. A primeira produção foi suficiente para alimentar toda a família e ainda teve um excedente de 2 mil kg de mandioca e 500 kg de abóbora, que foram comercializados. Depois da primeira experiência, resolveu pesquisar novos modelos de produção que pudessem garantir produtividade e respeito à terra. “Passei a buscar algumas alternativas. agroecologia, permacultura e agrofloresta. Alternativas de agricultura orgânica. A agrofloresta foi apresentada por um amigo”, se surpreende.
Foi justamente em 2020 que o mundo recebeu a notícia da covid-19, que impactou a vida na cidade. Daí, a decisão de Carline Yumi de parar de trabalhar como instrutora de empreendedorismo e cuidar do sítio. Foi neste período de isolamento que ela começou a estudar mais profundamente sobre agrofloresta. Foram muitas conversas com quem já produzia neste sistema, entre eles, Alcides Neto, da chácara Maktub. O primeiro experimento com o sistema foi uma pequena horta, ao lado da casa.
Em meio ao isolamento, Carline compreendeu melhor o valor social da terra
Carline Yumi desenvolveu na horta o plantio de ciclo das plantas, princípios da agrofloresta, na cobertura de solo; em espaços menores e não muito espaçado; plantas diferentes umas com as outras e a simbiose das raízes das plantas com a matéria orgânica. O passo seguinte foi expandir a área de cultivo, no sítio.
Em agosto de 2020, em plena pandemia, onde ainda não havia nem vacina para a população, foram plantadas as primeiras árvores. Carline Yumi explica que a agrofloresta é basicamente a imitação de tentar a busca dos processos da floresta. “Quando colocamos as árvores é nesse intuito de reproduzir esses processos. Caem as folhas, caem os galhos, elas têm as raízes que se aprofundam para poder buscar nutrientes no solo, tanto água quanto esses nutrientes e quando elas buscam também compartilham com quem está na superfície. Em todas as áreas que a gente tem hoje, temos as árvores, junto com o plantio dos alimentos”, frisa.
A produção do sítio chega ao consumidor final por meio do sistema de delivery. Também é comercializada nas feiras como, por exemplo, a do Bosque da Paz, no terceiro domingo do mês, no Carandá Bosque, em Campo Grande, e também nas cooperativas, como a que fica dentro do assentamento, chamada Coopverde. O mais novo local de vendas é um ponto fixo, na rua Marechal Rondon, 320.
Os alimentos do sítio Primavesi também já abasteceram escolas em Terenos-MS, Maracaju-MS e Campo Grande-MS.
“Queremos mostrar a importância do alimento saudável, a importância de ter um alimento limpo, bom e justo. Hoje, a gente tem uma indústria farmacêutica muito presente na nossa vida. Você vai em qualquer esquina você vê uma farmácia. E nós não estamos dando a devida importância para esse remédio aqui, esse medicamento, que é o que a gente come”, diz Carline.
Carline exibe produção de gengibre na propriedade. Foto: Marcos Maluf
Propriedade tem incentivadores e voluntários para pesquisa e ciência
Mariana Manzato é agrônoma voluntária no sítio Primavesi. Ela explica que o trabalho é tentar imitar a ciência da natureza, para poder utilizar essa tecnologia que a natureza já tem, para poder aplicar isso nos sistemas alimentares.
“Se a gente utilizar essas árvores, elas vão beneficiar tanto o solo, para ser um solo saudável, e os nossos alimentos, que serão saudáveis também. Então, é todo um ciclo que está interligado”, reforça.
Ela destaca que as pessoas pensam que não faria muito sentido plantar árvores junto com canteiro de alface, mas essa tem sido uma tecnologia ancestral da natureza por trás disso. Existe a mitigação florestal.
A agrônoma destaca que o sítio Primavesi é um grande laboratório a céu aberto. “A Carlini recebe pessoas aqui que querem aprender, experimentar. Então, isso aqui é um grande laboratório a céu aberto, uma grande sala de aula para a prospecção dessa tecnologia de produção, que é a agrofloresta”, diz Mariana Manzato.
Ana Letícia Santuri Xavier é bióloga voluntária no sítio Primavesi. A mestre em recursos naturais possui uma startup chamada Raiz Nativa. Ana Letícia reforça que as plantas não competem. “Na agricultura, elas competem justamente porque são forçadas a serem sozinhas. Por exemplo: só plantação de milho. Todo mundo vai ser milho. A pressão de seleção do meio vai ser maior porque os indivíduos são iguais”, diz.
“Quando você tem indivíduos diversos, a pressão de seleção do meio vai ser diferente, não vai ser essa pressão que vai ocasionar pragas, doenças, porque você tem justamente esse equilíbrio, de todo mundo diferente. É igual ao ser humano, em que todo mundo é diferente”, compara a bióloga.
Ana Santuri está trabalhando num projeto para implantação, dentro do sítio, de uma área de plantas medicinais e aromáticas. Por estar rodeado de assentamentos, o sítio Primavesi se tornou referência na região, que tem forte presença de criação de gado de leite, porque além de aplicar a agrofloresta também repassa para quem quiser ensinamentos sobre este sistema e também a produção orgânica certificada. Na propriedade, o foco é produzir frutas como abacate, manga, acerola, maracujá, abacaxi, goiaba, banana, mamão, laranja, limão e baru, que é nativa.
Carline Yumi revela que a maioria dos assentados compra os alimentos de fora e não produz a própria alimentação.
“Vão ao mercado e compram alface, rúcula, tomate, cebola, que poderiam estar sendo produzidas dentro da sua propriedade, que não seja para venda, mas que seja para o consumo. Segurança alimentar e soberania, função social da terra, que é o que o Estatuto da Terra preconiza. A terra tem que ter função social. Ela não pode ser explorada apenas para o econômico, mas também para o social e o ambiental”, diz.
Sobre o futuro e o que o mundo vai comer, Carline espera que, na atualidade, consiga mostrar para, pelo menos uma parte da sociedade, principalmente para os jovens, que o futuro só é possível se as pessoas se conectarem com a natureza e respeitá-la, da maneira que tem que ser.
“Se não fizermos isso, eu acho que o futuro não vai ser possível. Porque nós já estamos numa época de mudanças climáticas, onde tem o Canadá, Estados Unidos pegando fogo, temperaturas altas, seca, muita chuva na época errada, pouca chuva também, e a gente não sabe se vamos viver, estaremos vivos daqui a 30 ou 50 anos. Então, eu acho que a gente tem que retornar e olhar um pouquinho mais para o nosso passado e entender o que é o nosso presente, para chegar no futuro”, defende.
Técnica de maneira organizada para comunidades indígenas
Dentro da aldeia Cachoeirinha, no município de Miranda-MS, está em andamento um trabalho do SAF (Sistema Agroflorestal Biodiverso). É um experimento de uma pesquisa financiada pela Fundect (Fundação do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado). A proposta foi construída por diversas iniciativas na aldeia, com a organização chamada Kaianás, que vem discutindo agrofloresta nas aldeias.
Essa proposta de parceria veio coroar uma experiência que representa um avanço muito grande na possibilidade concreta de um trabalho bem consolidado e com envolvimento das pessoas, para construir a agrofloresta do jeito que eles querem e dentro da perspectiva daquilo que está valendo.
O pesquisador do Centro de Pesquisa e Capacitação da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural, Tércio Fehlauer, explica que o sistema de agrofloresta na comunidade começou com o plantio no início de abril. “O planejamento era para dezembro ou janeiro, mas daí teve um excesso de chuvas e depois foi uma dificuldade, com relação ao preparo de solo e acabou havendo um plantio tardio, mas conseguimos um bom estabelecimento das mudas e nascimento das sementes”, conta.
Tércio revela que há um processo de irrigação dentro das condições possíveis e que já começaram a colher alimentos porque dentro da agrofloresta se pensa na sucessão vegetal em vários estágios de produção. “Eles já estão colhendo hortaliças, quiabo, milho, pimentas e agora, passando essa fase, dessas culturas de ciclo mais rápido, já começa a aparecer outras espécies de um segundo estágio da sucessão. Aqui já entra banana, o mamão, algumas fruteiras. Enquanto isso, as mudas das árvores vão crescendo e as outras espécies serão colhidas no futuro”, explica.
Algumas delas que foram escolhidas são usadas na confecção de artesanatos. São árvores que produzem sementes coloridas e outras madeiráveis, que produzem material orgânico e ajudam no enriquecimento do solo. Estas espécies possibilitam futura renda e outras, para uso próprio.
Vila Kaianás, na aldeia Cachoeirinha, em Miranda-MS, iniciou experimento do plantio em terras indígenas. Foto: Marcos MalufDevido ao sucesso já conquistado e à importância que estão depositando na agrofloresta, está em planejamento um grande dia de campo, provavelmente para ano que vem, com envolvimento do Ministério dos Povos Indígenas. O objetivo é divulgar e fortalecer a luta para construir essa alternativa dentro das terras indígenas, não só da Cachoeirinha, mas das demais aldeias. (Bruno Arce e Eliane Ferreira)
Por Bruno Arce e Eliane Ferreira – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.
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