Secretário de Saúde destaca que é preciso comprovar necessidade de tomar dose no município
O ritmo acelerado de vacinação em Mato Grosso do Sul, o primeiro do país a começar a aplicar a terceira dose, tem atraído pessoas de outros estados que saem da região onde moram para tentar se imunizar no município. Com doses contadas e sob ameaça de falta, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) passou a proibir a terceira dose para quem não recebeu a última aplicação por aqui.
De acordo com o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, a medida foi tomada porque, diferente da vacinação para o público geral, no reforço para idosos as doses recebidas são contadas e têm como base de cálculo justamente a quantidade de pessoas imunizadas aqui.
“Como Campo Grande está aplicando a terceira dose, temos recebido um número alto de pessoas, principalmente de São Paulo, que vêm para a cidade só para tentar se vacinar aqui. No entanto, não há disponibilidade de doses em grande quantidade e não temos como fazer a aplicação sem uma justificativa
prévia”, explica.
Na avaliação da Secretaria Municipal de Saúde, outro motivo que deixou Campo Grande no centro das atenções foi o fato de a terceira dose aplicada na Capital ser a da Pfizer, o que atrai os chamados “sommeliers da vacina”, que têm como base critérios pessoais e sem comprovação científica para tentar
escolher o imunizante que vão receber.
Nas cidades de São Paulo, o reforço vacinal começou a ser feito com a vacina da CoronaVac, o que desagradou a quem ainda alimenta teorias sobre a eficácia das vacinas. “Já tivemos casos que, em um só dia, duas pessoas de lá tentaram se vacinar em Campo Grande com a justificativa de que queriam a vacina da Pfizer”, alega José Mauro.
Para evitar os “fura-fila” e não prejudicar quem não tem outra alternativa a não ser se vacinar por aqui, o secretário afirma que a recomendação é que a solicitação formal seja feita com antecedência à Sesau, e que uma com cópia da carteira de vacinação seja anexada junto à justificativa escrita, explicando os motivos de a imunização precisar ser em Campo Grande. “Com isso a gente pode orientar uma data específica para essa pessoa vacinar até que tenhamos um sistema parametrizado para cadastrar situações como essa”, pontua.
Com o pedido formal de vacinação, a prefeitura também quer se resguardar de eventuais notificações dos órgãos de controle. “Como as vacinas são contadas, se a gente aplicar em quem não é daqui, pode faltar para quem é. Com isso, os órgãos de controle podem questionar o motivo de eu estar vacinando essas pessoas. Com a justificativa entregue por quem é de fora, tenho como me explicar”, alega o secretário.
À medida que as vacinas para a terceira dose forem recebidas em grande quantidade, a Capital pretende ampliar a oferta e até abrir calendário específico para pessoas vacinadas em outras cidades, que precisem receber a dose de reforço no município. “À medida que tiver um número de vacinas maior, vamos abrir cadastro no sistema para essas situações e avaliar a possibilidade de lançar um calendário específico, a depender do tamanho dessa fila”, completa José Mauro.
Sob ameaça da variante delta, que já teve três casos confirmados em Mato Grosso do Sul, dois deles em Campo Grande, o secretário de Saúde defende que o prazo de aplicação da terceira dose em pessoas da terceira idade seja reduzido ainda mais. Na semana passada, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) autorizou os municípios a aplicar a dose de reforço com intervalo mínimo de cinco meses e não seis, como
era praticado.
“Acredito que pode ser feito com três meses. Estive no Rio de Janeiro e lá a prefeitura pretende começar a aplicar a terceira dose com esse período de tempo, justamente para proteger a população com mais idade dos riscos da nova variante, que tem matado principalmente moradores nessa faixa etária”, relata. (Texto: Clayton Neves)