Renato Rocha do Detonautas Roque Clube fala sobre novo álbum

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 O guitarrista concedeu entrevista exclusiva ao caderno Artes&Lazer

A banda Detonautas Roque Clube tem lançando, desde 2020, vários singles que são crônicas da vida real. O “Álbum Laranja” será lançado hoje nas plataformas de streaming, e Renato Rocha, guitarrista da banda, concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Estado, na qual falou sobre posicionamento político, sobre o disco gravado com o ícone do blues Celso Blues Boy e até sobre desejo em conhecer Bonito e o Pantanal sul-mato-grossense.

Detonautas Roque Clube é formado por Tico Santa Cruz (vocal), Renato Rocha (guitarra), Fábio Brasil (bateria), Phil (guitarra) e André Macca (baixo). O novo disco, que já conta com algumas músicas lançadas nas plataformas de streaming, foi gravado em casa desde o ano passado. Renato Rocha contou como rolaram essas gravações.

“O processo de criação e de gravação desse disco foi totalmente diferente dos outros seis álbuns de estúdio que a gente produziu. Na verdade cada um acaba tendo uma particularidade, um momento e alguma condição, em que a gente se adapta e faz acontecer, mas este álbum é totalmente diferente. Veio a pandemia, eu lembro até hoje, foi dia 13 de março, uma sexta-feira, foi o dia que eu entrei em casa, em 2020 e não saí mais até hoje.”

“O Tico apareceu com uma canção, violão e voz que ele me mandou assim pelo WhatsApp mesmo, chamada ‘Fica Bem’, e foi a primeira música dessas que a gente fez. Eu peguei essa canção no violão e criei uma introdução pra ela e a gente já começou a montar no meu estúdio. Eu tenho um estudiozinho em casa aqui, o Fabinho (o nosso baterista) também tem um estúdio, o Macarrão que é o baixista, ele consegue gravar o baixo da casa dele, o Phil que é o outro guitarrista, também consegue gravar as guitarras na casa dele, então essa facilidade tecnológica propiciou pra gente uma forma da gente continuar ativos artisticamente”, relata o guitarrista.

Posicionamento na mídia

Questionado sobre o posicionamento da banda em relação à política, Renato Rocha esclarece que a postura ativista do vocalista Tico Santa Cruz não deve mudar, porém o guitarrista faz uma autocrítica, em que admite que a banda tenha cometido alguns erros.

“O Detonautas sempre teve essa postura, o Tico realmente é um ativista, e a minha preocupação, e acho que é a preocupação da banda sempre foi dar um respaldo musical pra isso tudo, porque, se a gente só falar, falar e não apresentar nada, nenhum conteúdo artístico relevante, a coisa tende a minguar. A não ser que ele siga por um outro caminho, mas saindo da música, e essa é uma coisa que ele não pensa em fazer e a gente tá bem unido. Já são 24 anos, a gente tá indo pro 25° de atividade e a banda tá mais forte do que nunca, superunida. A banda sempre se posicionou, por meio das músicas, principalmente, o Tico é um cara mais ativo, como personalidade, como pessoa pública.”

“Eu acredito que houve erros da nossa parte também, em alguns posicionamentos mais contundentes, ou inapropriados para determinado momento e tal. Essa autocrítica foi feita pelo Tico também em alguns podcasts recentes, eu acho que com a maturidade a gente não cometa os mesmos erros, pra também não fechar portas e deixar de levar nossas músicas nossas ideias para o maior número de pessoas, então esse equilíbrio é interessante dentro da banda Detonautas”, afirma o músico.

Disco com Celso Blues Boy

O ícone do blues, Celso Blues Boy, acompanhou Raul Seixas, encantou B.B. King, com quem tocou em Montreaux e fez muito sucesso nos anos 80 com clássicos como “Aumenta que isso aí é rock’n’roll”, “Blues Motel”, “Fumando na escuridão” e “Marginal”. Falecido em 6 de agosto de 2012, vítima de um câncer de garganta, um pouco antes de sua morte, Celso gravou um disco com os Detonautas e Renato Rocha relembrou esse acontecimento.

“Eu sou fanático por blues também, então eu crescendo aqui no Rio de Janeiro, fui em muitos shows do Celso Blues Boy no Disco Voador, e vi várias formações de bandas do Celso antológicas, e pra mim também é sei lá, blues no Brasil, um cara que conseguiu levar para o mainstream, o Celso tem uma história importantíssima e músicas antológicas, sem dúvida. O que aconteceu, o Tico foi fazer o festival de jazz de Garanhuns e foi participar com uma banda lá, se não me engano Uptown Blues Band, ficamos amigos da galera, e o Celso também estava no festival, e naquelas andanças, nos bares pós-show, o Tico convidou o Celso para gravar conosco.”

“O Celso comprou a ideia, daí o Celso chamou o Roberto Lee, saudoso Roberto Lee, que foi o baixista dele durante muito tempo e que tocou também na banda Erva Doce, ele também é para a gente um dos heróis da geração, e acabou que rolou pra gente um clima mágico. Para mim, imagina a honra, foi demais, foi uma experiência realmente incrível, são músicas lindíssimas, aquele álbum foi produzido pelo Roberto Lee e mixado por ele. Foi realmente um presente do universo. Obrigado por ter lembrado essa história”, apontou Renato em tom nostálgico.

Renato falou sobre o desejo de conhecer as belezas de Mato Grosso do Sul. “Eu tenho muita vontade de conhecer o Pantanal, a gente já tocou aí, mas realmente ir ao Pantanal nunca fomos. Tenho muita vontade de conhecer essa região toda aí e Bonito também”, finaliza o guitarrista. Acesse também: Os principais efeitos do café na hora de perder peso

(Texto: Marcelo Rezende/ Material da redação do Jornal Impresso)

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