“Quanto vale uma ideia?”, pintora questiona o valor da arte e do artista

Isabê
Isabê

Isabê descobriu a pintura nos palcos do teatro, hoje ela dá aulas no próprio Ateliê

A artista campo-grandense Isabê descobriu a pintura nos palcos de teatro quando ainda tinha 13 anos. O encontro dela com as telas, tintas e pincéis ocorreu através de uma das peças do Grupo Casa. Na ocasião, ela teve a oportunidade de interpretar uma pintora.

“Compramos umas tintas para compor o cenário da cena e depois que acabou ninguém queria ficar com as tintas. Foi meu primeiro contato real com a pintura, com essas tintas da peça de teatro”, lembra.

Desde então, Isabê continuou envolvida com o universo artístico e inclusive chegou a abrir no ano passado o próprio espaço onde dá aulas de pintura, o Ateliê Refazenda. Em meio a crise sanitária do novo coronavírus (covid-19), a artista visual comenta que durante um período as aulas foram interrompidas. 

“Com a pandemia a gente passou bastante tempo fechado e depois reabrimos com as aulas particulares de pintura. A princípio atendendo apenas adultos por conta da situação sanitária. Agora contamos apenas com as aulas de pintura e desenho artístico e eu mesma dou as aulas”, relata.

O ateliê, que também é um ambiente de trocas artísticas sobre pintura, música e afins, completou um ano em março. A professora de pintura adianta algumas das novidades que virão por aí. “Pretendemos abrir um café e uma galeria no mesmo espaço em breve”, revela.

Com obras coloridas que variam entre tons de azul, vermelho, laranja, branco, verde, terrosos e muitos outros, Isabê não é o tipo de artista que se prende a uma única referência de pintura. “Não sei se é possível encaixar num estilo sem ser uma designação anacrônica. Todos os movimentos que vieram antes inspiram e fazem parte do caminho que me leva a tomar decisão x ou y”, conta.

Valorização da obra e do artista

Quem trabalha com arte, independente de qual segmento seja, sabe que não é fácil conseguir o próprio espaço e ser reconhecido. A falta de valorização da sociedade e das instituições é um problema recorrente na vida daqueles que escolheram viver do trabalho artístico.

Recentemente, por meio das redes sociais, Isabê trouxe esse assunto em pauta para os seguidores. Nos vídeos, a artista expôs que muitas pessoas questionam o valor pedido para a aquisição das obras. Definir o preço das criações artísticas é algo que a pintora classifica como “complicado”.

“Muitas vezes eu me via sem saber se baixava o valor de um trabalho pra ele se tornar mais acessível e portanto alcançar mais pessoas ou subia porque sei que vai valer muito mais depois. Complicado colocar valor em uma ideia, em um desejo, em uma dor. No final a questão é: quanto vale uma ideia?”, indaga. 

De acordo com a artista, as pessoas sentem dificuldade de enxergar o valor e a importância da arte devido a padronização de alguns comportamentos. “Cada vez mais as pessoas querem as mesmas coisas, os mesmos celulares, decoração e arquitetura. Existe uma padronização de comportamento que impede elas de verem o valor que existe em obras originais”, diz.

Sobre a cena artística da Capital, a profissional destaca que existem muitos artistas de qualidade aqui, porém falta espaço para eles. “Campo Grande carece demais de espaços expositivos plurais e que componham em conjunto com os novos artistas e suas pesquisas visuais. Tem muita gente com trabalhos interessantes e pensando fora do nicho mas que não consegue espaço expositivo, finaliza.

Recentemente Isabê lançou o documentário-entrevista “Memórias do Fogo”. A produção, que conta com recursos da Lei Aldir Blanc, pode ser conferida no canal do Youtube da artista. 

Serviço

Para mais informações sobre o Atêlie Refazenda entre em contato com telefone (67) 996210042.

 

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