População aumenta risco de endividamento comprando alimentos no cartão de crédito

Reprodução/Agência Brasil
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[Por Izabela Cavalcanti e Bela Reina, O Estado Online de MS]

Este é o principal motivo das dívidas de 68,8% das famílias de Campo Grande

As compras de alimentos nos supermercados, feitas no cartão de crédito, têm sido uma das principais causas de endividamento das famílias campo-grandenses. Isso porque, com a alta da inflação, muitas pessoas estão buscando como alternativa o parcelamento dos alimentos, o que pode causar inadimplência, segundo a economista da Fecomércio-MS, Regiane Dedé de Oliveira.

“A preocupação em médio prazo são com as pessoas que estão parcelando hoje e podem ter dificuldades em pagar no futuro. As pessoas que estão comprando produtos de necessidade mensal por parcelamento, precisam rever essa situação. As compras de rotina não são interessantes fazer no crédito, porque se a pessoa não tiver o planejamento e controle, estoura a fatura do cartão, e vai virando uma bola de neve”, ressaltou. O que também justifica esse cenário é a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), do mês de abril. O levantamento mostra que o cartão de crédito é o principal motivo das dívidas de 68,8% das famílias de Campo Grande e 57,5% dos entrevistados possuem inadimplência acima de 90 dias.

A cozinheira Auxiliadora da Silva, de 42 anos, é um exemplo de quem faz compras de alimentação no cartão de crédito, principalmente as realizadas em grande quantidade. Ela conta que parcela até em duas vezes.

“Eu estou fazendo compras no cartão porque não tenho dinheiro. Compras do mês eu parcelo, geralmente em duas vezes. Tem várias pessoas parcelando porque não tem dinheiro”, destacou.

Entretanto, outras pessoas preferem pagar nesta modalidade somente pela conveniência, que é o caso do aposentado Ailton de Arruda, de 74 anos. “Estou fazendo [compra] no cartão de crédito, porque para mim é mais prático para balancear no mês”, comentou.

Já a aposentada Deolinda Carma, de 69 anos, paga tanto à vista quanto no crédito. O que influencia sua decisão é o dinheiro disponível e a praticidade.

“Eu estou fazendo compra no cartão e no dinheiro. Se eu não tenho dinheiro, eu faço no cartão, também porque é mais fácil”, pontuou.

Crédito

O economista Eugênio da Silva Pavão explica que a razão da preferência pelo cartão de crédito está relacionada à perda do poder de renda da população.

Com isso, as pessoas estão recorrendo a esta modalide de compra para conseguir sobreviver no dia a dia, em meio à inflação alta, que atinge diversas áreas, partindo dos itens básicos de moradia, como alimentação, energia, água e medicamentos.

“Com o coronavírus, reduziu-se a renda geral da população, também em conjunto com a alta da inflação. Diante disso, para continuar consumindo, as pessoas optaram por modalidade de empréstimos fáceis como por exemplo cheque especial, cartão de crédito, entre outros. Dessa forma, muitos estão no limite de gastos e as dívidas podem aumentar em padrões muito elevados”, disparou o profissional.

Inflação

A inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) já acumula 11,30% em 12 meses.

Em março, conforme divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Campo Grande teve a quarta maior inflação, entre 16 capitais brasileiras. A variação do mês foi de 1,73%, sendo a segunda maior para o mês desde 2014.

O grupo alimentação e bebidas ajudou no índice significativo, com aumento de 2,58%. O acumulado nos últimos 12 meses é de 12,02%. Somente neste ano, a alta ficou em 3,44%.

Com alta de alimentos, pesquisa ajuda a economizar

Diante da alta dos preços nos alimentos, a equipe de reportagem do jornal O Estado realiza pesquisa semanal, comparando 28 itens da cesta básica, em cinco supermercados, para tentar ajudar os consumidores a economizarem.

O arroz, de 5 quilos, teve variação de 18,75% e preço médio de R$ 17,27. O item está entre R$ 15,99 e R$ 18,99.

O feijão carioca, de 1 uilo, está custando R$ 7,49 no supermercado Assaí e no Fort, e R$ 8,49 no Nunes e Atacadão. A diferença é de 13,35%, com média de R$ 7,96.

O óleo de soja, de 900 ml, tem o custo médio de R$ 9,16. O produto foi encontrado por R$ 8,98 no Assaí e R$ 9,49 no Nunes (5,68%). O café em pó, de 500 gramas, da marca Três Corações, variou 27,08% entre os estabelecimentos pesquisados, ficando entre R$ 15,65 no Fort e R$ 19,89 no Pires. O valor médio calculado é de R$ 17,39.

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