No último fim de semana, a Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) desmantelou um grupo e impediu que a central do Banco do Brasil na Avenida Presidente Castelo Branco, em Campo Grande, fosse roubada. O grupo fez um túnel de 70 metros que ligava a edícula, localizada no fundo de um galpão na Rua Minas Gerais, 96, no bairro Monte Carlo, até o cofre do banco. A organização dos bandidos e os detalhes do plano impressionou os policiais, que consideram que esse poderia ser o maior roubo a banco do país, caso tivesse sido concluído.
“Não sabemos dizer e o banco também não divulgou a quantidade de dinheiro que estava armazenado no cofre, mas, com certeza, era muito dinheiro e seria o maior roubo a banco do Brasil”, afirmou o delegado responsável pela investigação, João Paulo Sartori. A investigação ocorreu durante seis meses e, na madrugada de domingo (22), quando foi deflagrada a ação policial, sete pessoas foram presas e duas foram baleadas. Dois morreram durante confronto com os policiais e um está internado. Inicialmente, a equipe policial pretendia abordar os criminosos dentro do galpão, no entanto, os indivíduos deixaram o local e, ao serem alcançados, reagiram contra os policiais.
Além do galpão, a quadrilha havia alugado pelo menos outros seis imóveis na Capital, nos bairros Zé Pereira, Lageado e Amambaí. Ao todo, entre a locação de imóveis, custos com alimentação, pagamento das contas de água e luz, e o pagamento dos operários para cavar o túnel acesso subterrâneo, a polícia acredita que eles gastaram, aproximadamente, R$1 milhão. “Acreditamos que o dinheiro gasto vinha de outra prática criminosa”, assegurou Sartori.
O grupo não iria usar explosivos e todo o serviço de escavação foi feito ‘na força’ com ajuda de pás e de um macaco hidráulico. Para fazer o túnel de 81 cm de altura e 76 cm de comprimento, os bandidos escavavam 2 metros por dia e os quase 100 m³ de terra foram retirados e colocados em sacos que ficaram no próprio galpão. “Quando chegaram na agência, eles faziam um pequeno buraco e usavam de uma microcâmera em um fio para saber onde estavam”, afirma o delegado.
Os integrantes
Renato Nascimento Santana, de 42 anos, foi apontado como um dos líderes do grupo. Ele foi morto na ação policial e, conforme informações da polícia, existe a suspeita que ele usava identidade falsa. Para a polícia, outro integrante disse que conheceu Renato na cadeia e que foi contratado por ele. O outro morto no confronto é José Willians Nunes Pereira da Silva, de 48 anos, natural do Maranhão. Além de escavar, ele ainda estava à frente de uma resistência armada do grupo. José Willians foi preso em novembro de 1998, acusado de participar de roubo a uma agência da Caixa Econômica Federal, em São Paulo. Foram roubados R$ 6 milhões em joias de 5 mil clientes no caso.
Estão presos, Eliane Goulart, de 36 anos, suspeita de ser a contadora da quadrilha. O marido dela, Robson Alves do Nascimento, de 50 anos, também está preso e era responsável pela logística e execução do túnel. Ele tem uma empresa de construção civil em Cuiabá. Os que trabalhavam escavando o túnel era Gilson Aires da Costa, de 43 anos, que já foi candidato a vereador no município de Campos Sales em 2016, Francisco Marcelo Ribeiro, de 41 anos, Wellington Luiz dos Santos Júnior, de 28 anos, e Lourinaldo Belisário de Santanta, de 51 anos, que foi chamado pelo conhecimento em túneis, há que tinha tentado fugir de uma prisão em São Paulo com o método. Segue internado Bruno Oliveira de Souza, de 30 anos, era motorista do caminhão que ia levar o dinheiro.
Trabalho incomum
Conforme o delegado João Paulo Sartori, o grupo foi detalhista para executar o plano. Foi pensando desde práticas para não deixar digitais nos locais como o uso de cal até documentos falsos para conseguir fazer a locação dos imóveis. A polícia descarta qualquer envolvimento dos proprietários das casas e galpão. Além disso, pelo menos um deles tinha um conhecimento mínimo de engenharia. A polícia vai apurar se mais pessoas participaram do crime.
(Texto: Rafaela Alves)