Pelo menos, 125 presos em DF são de Mato Grosso do Sul

Foto: Reprodução/Nayá Tawane
Foto: Reprodução/Nayá Tawane

Determinação retira resto de acampamentos em frente do CMO na Capital

Pelo menos 125 pessoas de Mato Grosso do Sul estão presas na Academia Nacional de Polícia, em Brasília, após participarem de ações consideradas antidemocráticas e depredarem o patrimônio público. O número foi repassado ao jornal O Estado por um manifestante de Campo Grande que não foi para o Distrito Federal.

Entretanto, três nomes foram divulgados; são eles: um motorista de Itaporã, de 45 anos; um morador de Dourados, de 35 anos; e um técnico em instalação e manutenção de ar-condicionado, de 41 anos, morador de Campo Grande. Ao todo, segundo informações da Polícia Federal, mais de 1,5 mil pessoas foram levadas para o ginásio. “No local, os detidos estão sendo submetidos aos procedimentos de polícia judiciária. Após os trâmites realizados pela Polícia Federal, os presos estão sendo apresentados à Polícia Civil do DF, responsável pelo encaminhamento dos detidos ao Instituto Médico-Legal e, posteriormente, ao sistema prisional”, afirmaram em nota.

Ainda conforme a PF, até às 16h de ontem (10), 527 pessoas foram presas e que, por questões humanitárias, foram liberados 599 detidos, em geral idosos, pessoas com problemas de saúde, em situação de rua e mães acompanhadas de crianças.

Já a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal informou que não estão divulgando os dados por naturalidade dos manifestantes, mas que as pessoas detidas na Academia Nacional de Polícia já estavam sendo transferidas para as penitenciárias da cidade e que até as 14h de ontem (10) já haviam sido transferidas 447 pessoas, sendo 287 homens e 160 mulheres. “Em atendimento à determinação da Vara de Execuções Penais, as pessoas presas nos atos de invasão e depredação na Praça dos Três Poderes estão sendo transferidas para o Centro de Detenção Provisória II e a Penitenciária Feminina do Distrito Federal”, dizia um trecho da nota.

De acordo com o manifestante e vídeos que estão circulando nas redes sociais, o tratamento no local beira um “campo de concentração”, como aqueles usados na época do holocausto. A reclamação dos patriotas é a respeito da qualidade da alimentação que estão recebendo, do tempo para o recebimento da comida e do tempo de deslocamento, que de acordo com eles foi de cinco horas.

Em um desses vídeos publicados, uma mulher, não identificada, afirmou que não participou da depredação e estava apenas no QG, em frente da Praça dos Três Poderes, e mesmo assim foi levada. Outra denúncia é a respeito de pessoas passando mal e até mesmo de uma morte no local, informação que foi desmentida pela Polícia Federal.

Segundo outro integrante do grupo de manifestantes, existe, inclusive, a informação de que crianças e idosos também estão apreendidos no local e que não existe nenhum tipo de assistência jurídica. No vídeo gravado pelo diretor internacional da Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil, Ricardo Alvarenga, no local, a mensagem que ele passa é de que as pessoas estão passando por um tratamento desumano. “Eles estão querendo, de forma arbitrária, o art. 379 para todas as pessoas que estiveram no evento, coisa que é um absurdo. É uma imputação de vandalismo, onde poderia ter um pagamento de fiança, estão querendo deixar as pessoas de quatro a doze anos de reclusão. São pais de família, trabalhadores, que não fizeram literalmente nada a não ser lutar pelo Brasil, pelo art. 220 da Constituição, que é a liberdade de expressão”, disse.

Entretanto a PF garantiu que todos os procedimentos realizados estão sendo acompanhados, ininterruptamente, pela Ordem dos Advogados do Brasil, Corpo de Bombeiros, Secretaria de Saúde do DF, Samu e Defensoria Pública da União. E ainda que todos estão recebendo alimentação regular (café da manhã, almoço, lanche e jantar), hidratação e atendimento médico quando necessário.

CMO

Os atos de extremismo resultaram em mais uma determinação que foi a desocupação de todos os acampamentos montados em frente dos quartéis pelo Brasil. Na Capital, a Sejusp (Secretária de Justiça e Segurança Pública) acatou imediatamente a decisão do ministro e todos os objetos que ainda estavam em frente do CMO (Comando Militar do Oeste) foram retirados. O prazo de 24 horas, dado pela pasta estadual, terminou às 12h dessa terça-feira. “Ordem judicial do ministro Alexandre de Moraes cumprida em Mato Grosso do Sul”, afirmou o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira.

Conforme noticiado na edição de ontem, os manifestantes informaram que as tendas e barracas que ainda estavam no local eram apenas para dar apoio aos patriotas que passam pelo local no fim da tarde, mas que ninguém estaria acampando no local desde o dia 31 de dezembro. Inclusive eles afirmam que vão seguir em protestos pacíficos. Ressaltando que a decisão não veta as manifestações que ocorrem de forma pacífica.

“O comportamento ilegal e criminoso dos investigados não se confunde com o direito de reunião ou livre manifestação de expressão e se reveste, efetivamente, de caráter terrorista, com a omissão, conivência e participação dolosa de autoridades públicas (atuais e anteriores), para propagar o descumprimento e desrespeito ao resultado das eleições gerais de 2022, com consequente rompimento do Estado Democrático de Direito e a instalação de um regime de exceção”, diz trecho do documento.

Colaborou Suelen Morales

Por Camila Farias – Jornal O Estado do MS.

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