A OMC (Organização Mundial do Comércio) estima que a pandemia do coronavírus vai desviar a trajetória do PIB brasileiro em até 11,6 pontos percentuais em 2020, numa das quedas mais profundas entre as grandes economias do mundo. A informação faz parte do informe sobre comércio divulgado nesta quarta-feira (8).
A projeção é de que a contração chegue a 32% dos fluxos no mundo. No caso do Brasil, a estimativa aponta para uma queda de 20,2% no pior dos cenários.
De acordo com a OMC, o PIB da América do Sul deve ser o que mais sofrer uma contração no mundo, mesmo no cenário mais otimista em que governos conseguirão retomar suas atividades e mercados. A queda poderia variar entre 4,3% e 11%.
A OMC ainda estima que o comércio deve sofrer uma queda que pode variar entre 12,9% e 31,3% em exportações. A região ainda seria o local mais afetado pela queda de importações, com uma contração que poderia chegar a 43%.
“Ninguém vai ficar imune, mesmo aqueles que não serão fortemente afetados pela pandemia” disse Roberto Azevedo, diretor-geral da OMC. “Vai ser uma batalha se recuperar disso”, disse.
Em seu informe publicado nesta quarta-feira, a entidade comandada pelo brasileiro alertou que o tombo será superior ao que foi registrado na crise de 2008 e equivalente ao que existiu depois da Grande Depressão, nos anos 30. “Comparar com a Grande Depressão é inevitável”, alertou Azevedo.
“Estes números são feios – não há como contornar isso”, disse o brasileiro. “Mas é possível uma recuperação rápida e vigorosa. As decisões tomadas agora irão determinar a forma futura da recuperação e as perspectivas de crescimento global. Precisamos lançar as bases para uma recuperação forte, sustentada e socialmente inclusiva”, defendeu.
“O comércio será aqui um ingrediente importante, juntamente com a política fiscal e monetária. Manter os mercados abertos e previsíveis, bem como promover um ambiente empresarial mais favorável em geral, será fundamental para estimular o investimento renovado de que vamos precisar. E, se os países trabalharem em conjunto, assistiremos a uma recuperação muito mais rápida do que se cada país agir sozinho”, disse.
(Texto: João Fernandes com UOL)