Nova paralisação de caminhoneiros ganha mais adesão

Rodovias
Foto: Divulgação/PMR

Risco de desabastecimento aumenta

A segunda paralisação dos caminhoneiros ganhou mais adesão, aumentando ainda mais o risco de desabastecimento. Prova disso é que em menos de 24 horas, do movimento que começou na sexta- -feira (18), o número de rodovias bloqueadas no Brasil saiu de quatro para 18, segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal). Em Mato Grosso do Sul, até às 11h30, de sábado (19), não havia rodovias fechadas, no entanto, tinham sete pontos de manifestações no Estado.

Um dos participantes do movimento que prefere não se identificar conta que a paralisação ocorreu após a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, determinar o bloqueio das contas bancárias de 43 pessoas físicas e empresas suspeitas de financiar os atos que contestaram o resultado da eleição presidencial. “A categoria dos caminhoneiros está parada. Como os caminhoneiros irão trabalhar, se os bens dos empresários foram bloqueados pelo STF. Por conta desta decisão, não irão conseguir receber o salário”, destaca.

O apoiador reforça que quem está nas ruas não são somente apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. “A população que está aderindo ao movimento são aqueles que não aceitam que o Brasil seja governado pelo ex -presidiário, Luiz Inácio Lula da Silva. A população também está indignada, pois, nós sabemos que as urnas eletrônicas foram parciais”, completa.

O presidente do Sindicam-MS (Sindicato dos Caminhoneiros de Mato Grosso do Sul), Onsi Belinati, explica que quem aderiu à paralisação são as empresas e não os autônomos. “Não tenho opinião sobre essa nova adesão da paralisação. Quem está realizando novamente a greve não são os autônomos, mas sim, as empresas ligadas ao transporte que não aceitam o resultado das eleições”.

Diante da situação, a Amas (Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados) teme um novo desabastecimento para o setor. “O setor depende dos caminhoneiros para trazerem a mercadoria para os supermercados, para as lojas, para o Ceasa, então temos receio de que afete o abastecimento”, disse o presidente Denyson Prado. No caso dos combustíveis, a Sinpetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo) acredita que ainda não existe perigo para o momento.

Bloqueios e interdições

Até ontem, às 11h30, segundo a PRF, tinha apenas pontos de manifestação em Sidrolândia (BR-060, km 427); em Paranaíba (BR-158, km 92); Em Mundo Novo ( BR-163, km 16); Caarapó (km 207); Rio Brilhantes (km 324); Coxim (km 729); Miranda (BR-267 km 556); e em Maracaju (km 364). Não havia rodovias bloqueadas. Na sexta-feira, em Dourados, foi bloqueado a BR-163, conhecido como Trevo da Bandeira.

No local, um grupo de caminhoneiros fechou a rodovia com pneus e atearam fogo, no qual, deixou o trânsito lento. Com a obstrução, um veículo modelo Fiat Uno cruzou a barricada e foi consumido pelo fogo. A PRF e o Corpo de Bombeiros foram acionados e liberaram a rodovia.

No Brasil, as rodovias fechadas até sábado eram: dois trechos em Sorriso (MT), dois trechos em Porto Velho (RO), Ouro Preto do Oeste (RO), Ariquemes (RO), Jaru (RO), Ji-Paraná (RO), Presidente Médici (RO), Campo Novo do Parecis (RO) Sapezal (MT), dois trechos em Novo Progresso (PA), Itaituba (PA), tapoã do Oeste (RO), dois trechos em União da Vitória (PR) e Cacoal (RO). De acordo com o apoiador do movimento que conversou com a reportagem, os caminhoneiros apenas irão voltar à normalidade quando o Exército Militar for para as ruas. “Nós queríamos que o Exército tirasse todos que foram eleitos, mas é algo que não irá acontecer, infelizmente não é uma realidade. Então, estamos lutando para ter liberdade. Queremos mais respeito em nosso País”, finaliza.

Entenda

Após o segundo turno das eleições de 2022, no dia 30 de outubro, um grupo de apoiadores de Bolsonaro começaram a bloquear rodovias com pneus queimados como forma de protesto contra o resultado das urnas. Eles pediam a recontagem dos votos, acreditando que houve fraude.

No dia 31 de outubro, a Justiça determinou a liberação das rodovias sob multa diária de R$ 10.000,00 por pessoa física participante e de R$ 100.000,00 por pessoa jurídica. Mesmo assim, alguns insistiam em continuar. No Estado foram autuadas mais de 3 mil pessoas.

No dia seguinte, 1° de novembro, os apoiadores voltaram a atear fogo em pneus para interditarem as estradas. Com isso, a PRF-MS usou bombas de efeito moral para acabar com o protesto na BR163, saída para Cuiabá em Campo Grande.

Em uma das interdições na BR-060 no município de Sidrolândia, o motorista de um veículo modelo Hyundai HB20 foi preso pela PRF após tentar furar o bloqueio e ir para cima dos manifestantes. Além disso, o mesmo atirou três vezes para o alto.

Com os dias e com a decisão de multas do TSE, os grupos passaram a se concentrar em frente ao CMO (Comando Militar do Oeste), que se tornou o ponto oficial das manifestações. Por lá, as pessoas estão acampadas no canteiro central com bandeiras do Brasil, trio elétrico e caminhões.

A Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) informou por meio de nota que essas pessoas vão responder por infração de trânsito. “Os órgãos já estão aplicando as multas, por isso e por estacionamento irregular”, diz o comunicado.

Por Marina Romualdo – Jornal O Estado do MS.

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