Nem ampliação de plantões médicos consegue frear as filas por atendimento

Câmara
Foto: Nilson Figueiredo/Jornal O Estado
Por Kamila Alcântara – Jornal O Estado
Somente a procura por consultas da Atenção Básica acumulou alta de até 89% no primeiro quadrimestre

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Campo Grande realizou a prestação de contas do primeiro quadrimestre do ano à Câmara dos Vereadores, ontem (30). Dos dados apresentados, destacam-se o reordenamento de profissionais e a ampliação da carga horária máxima de plantões por parte da equipe médica, que passou de 14 plantões para 21 por mês. 

Além disso, também houve o aumento na busca pela atenção primária, que são as consultas marcadas com especialistas sem necessidade de urgência, e a divulgação do total da folha de pagamento de pessoal da secretaria, além da reorganização dos profissionais para atender a grande procura por atendimento nas unidades de urgência e emergência. 

Conforme já revelado na semana passada pelo jornal O Estado, as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento Médico) e os CRSs (Centros Regionais de Saúde) estão cada vez mais cheios de pacientes em busca de atendimento médico neste período do ano. 

Além dos casos de COVID-19, também houve um incremento no número de síndromes respiratórias e casos de dengue, o que contribui para a espera de até cinco horas por atendimento nas unidades. Sendo assim, a Sesau decidiu pelo reordenamento de profissionais para atender a demanda, que costuma ser grande nesta época do ano. 

“A gente redireciona, por exemplo os drives que existiam a gente redireciona as para as unidades de emergência. Os polos de vacinação, Seleta e polos de testagem, redirecionamos essa equipe para as Unidades de Pronto Atendimento. Também ampliamos o número máximo de 14 plantões para 21 por mês dos médicos, para poder mais plantonistas nas antes”, explica José Mauro, secretário de Saúde. 

De janeiro a abril, mais de 1,5 milhão de atendimentos médicos não emergenciais foram realizados na rede pública de saúde da Capital, separados por visitas domiciliares, atendimento individual, procedimentos cirúrgicos e atendimentos odontológicos. Quando comparado ao mesmo período do ano passado, que registrou 819 mil, é um aumento de 89%. 

Outro ponto que chamou a atenção é que, no período analisado, 447 pessoas morreram por doenças do aparelho circulatório; 319 por doenças infecciosas e parasitárias e 260 por tumores. 

O secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, aproveitou a audiência pública para atualizar o prazo de entrega de três novas USFs (Unidades de Saúde da Família). 

“A primeira entrega será no Santa Emília, dentro de 60 dias; em 180 dias a do Jardim Presidente e até 2024 uma outra unidade será inaugurada no Jardim das Perdizes”, destacou o secretário. 

A pedido do vereador Dr. Victor Rocha, que pertence à Comissão Permanente de Saúde, foi apresentado o valor total da folha de pagamento. Só no mês de abril, a Sesau gastou R$ 59 milhões no pagamento de salários, já com 5% de reajuste. Receitas realizadas para fim de cálculo do primeiro quadrimestre deste ano totalizaram R$ 922.995.871,40, o que representa 43,04% da previsão atualizada da arrecadação do ano, que é de R$ 2.144.277.015,98. Em seguida aparecem as despesas com serviços públicos de saúde, atualizadas em R$ 536.828.817.70. 

Alteração dos atendimentos 

A USF Santa Emília já foi incluída no sistema SUS (Sistema Único de Saúde), o Polo Odontológico Estrela do Sul foi desativado, assim como os atendimentos públicos no Hospital Geral El Kadri.

As UBS Universitário, Jockey Club e a Silvia Regina passam a ser USF. A diferença da UBS para USF é que na primeira existe uma equipe composta por um médico clínico, um médico pediatra e um médico ginecologista. Geralmente a unidade básica atende um bairro inteiro, já a USF tem um médico generalista, um médico do Programa Saúde da Família e mais uma equipe multidisciplinar que atende até 3,5 mil habitantes em uma área definida. 

Conforme adiantado por O Estado, o CRS do Bairro Tiradentes será transformado em UPA. E passarão por melhorias 20 unidades de saúde.

“Saúde de Campo Grande está um caos”

O vereador Tiago Vargas (PSD) destacou as péssimas condições em que estão as unidades de saúde da Capital: além da infraestrutura, a demora no atendimento de pacientes nas Unidades de Pronto Atendimento também se tornou frequente na Capital.

Tiago Vargas

Foto: Nilson Figueiredo/Jornal O Estado

“Eu fui eleito é para cobrar, há seis semanas que nas UPAs Leblon e Universitário não tem um pediatra. Se a saúde pública de Campo Grande é uma das melhores do Brasil, estamos lascados. Temos um secretário de Saúde que viaja mais para Brasília do que para as UPAs. A saúde pública está uma porcaria, se eu fosse secretário de Saúde eu pedia para sair da pasta”, lamentou.

Em seguida, o secretário municipal de Saúde respondeu pedindo que o vereador tivesse mais respeito pelos pacientes e pela equipe médica. Além disso, destacou que todos os resultados apresentados durante a audiência pública foram divulgados com base em indicadores positivos. 

“Acredito que haja um extenso material para a sua campanha vereador, mas gostaria de aproveitar a presença do senhor e pedir humildemente, que quando for até uma unidade de saúde, que o senhor respeite os profissionais. O senhor tem todo o direito de ir até uma unidade, só que o senhor poderia ter a educação de se apresentar para a gerente da unidade de saúde, que inclusive é a maior autoridade sanitária do local. O senhor deveria ter recebido voz de prisão pela gerente. Esse tipo de comportamento não nos preocupa, a saúde pública sempre foi pautada por indicadores de melhora”, pontuou.

Segundo o presidente da Câmara, vereador Carlos Augusto Borges, o “Carlão”, cabe ao vereador fiscalizar os trabalhos do Executivo. Ele destacou, porém, que o respeito e a harmonia devem nortear os trabalhos. 

“Nós, do Poder Legislativo, vamos procurar sempre a harmonia com o Executivo. Não vamos tolher o mandato de nenhum vereador. Cada um tem um jeito de fazer seu mandato. Os excessos que existem são fora do plenário. Posso até ser contra algumas coisas, mas vamos buscar o diálogo. Ser gestor público não é fácil, e as dificuldades existem. Se trabalharmos juntos, não vamos resolver todos os problemas, mas vamos amenizar. Se isso as brigas acontecerem, quem perde é a população”, finalizou.

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