Ministério confirma caso de vaca louca
Após a suspensão das exportações de carne bovina para a China – em razão da confirmação da vaca louca no Pará –, Mato Grosso do Sul pode ter prejuízo médio de US$ 79,166 milhões por trimestre, equivalente a R$ 406,1 milhões, levando em consideração o dólar a R$ 5,13. O montante é referente à Carta Conjuntura Internacional, divulgada pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), do 4° trimestre do ano passado, com base em dados do Ministério da Economia.
O caso foi confirmado pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) na noite de quarta-feira (22) em um macho, de 9 anos, em uma pequena propriedade no município de Marabá. O animal, criado em pasto, sem ração, foi abatido e sua carcaça incinerada no local.
De acordo com o presidente do Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado), Sergio Capuci, três frigoríficos de Mato Grosso do Sul serão impactados, localizados no município de Iguatemi (Agroindustrial); Rochedo (Naturafrig) e outro em Aparecida do Taboado (FrigoSul).
“Os frigoríficos que estão habilitados a exportar para a China são os que devem sofrer o maior o impacto com a suspensão que segue o protocolo sanitário oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária. Nessas indústrias, o impacto é realmente muito grande, inclusive podendo parar temporariamente e conceder férias coletivas”, explicou ao jornal O Estado. “É o maior parceiro comercial de proteína bovina do Brasil e o mercado fica apreensivo.”
Conforme avaliação do especialista em mercado exterior Aldo Barrigosse, o novo cenário atrapalha o mercado. “Atrapalha bastante o mercado de carne bovina, até porque a gente tem um aumento em dólar do preço da tonelada de carne bovina na Europa, na Ásia, principalmente na China, que são grandes compradores de carne bovina no Brasil e também em Mato Grosso do Sul. Isso acaba afetando nos preços internacionais da carne”, destaca.
Além disso, Barrigosse afirma que o maior prejudicado é a economia. “O grande prejudicado é a economia de uma forma geral. Estamos em um ano extremamente difícil, complicado, onde temos inflação no mundo inteiro e se tivermos a redução dos preços internacionais, irá fazer com que quem produza a carne receba menos pela tonelada e pela arroba do boi”, completa.
A última ocorrência de mal da vaca louca foi confirmada em 2021 pelo Mapa no Brasil. Foram casos em frigoríficos de Belo Horizonte (MG) e Nova Canaã do Norte (MT).
Após a confirmação, a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) foi notificada oficialmente. No caso da China, em cumprimento ao protocolo sanitário firmado entre o país e o Brasil, as exportações de carne bovina chegaram a ser suspensas temporariamente.
A Famasul informa que espera que a situação seja esclarecida o mais rapidamente possível e aguarda as medidas a serem adotadas pelo ministério em relação ao ocorrido.
“Reforçamos que a suspensão faz parte de um protocolo sanitário e que não há preocupação com o consumo de carne bovina, inclusive no Brasil. O alimento produzido no país segue um alto patamar de qualidade. Ademais, estamos preparados, junto aos produtores rurais do estado, munidos de informações e medidas sanitárias que se fizerem necessárias”, diz parte do comunicado.
Ainda conforme a instituição, é esperado que o mercado seja reaberto o mais rápido possível, diminuindo os reflexos econômicos para o Estado.
Exportações
Os US$ 79,1 milhões que Mato Grosso do Sul exportou para a China representam crescimento de 1.953,5% se comparados ao mesmo período de 2021, quando foram registrados US$ 3,855 milhões. No acumulado do ano inteiro de 2022 foram exportados US$ 1.133.117.206 para vários países, 22% a mais que o ano anterior (US$) 897.310.807.
A carne bovina foi um dos principais produtos exportados para China, Estados Unidos, União Europeia e Mercosul.
Ainda de acordo com a Associação de Exportadores Brasileiros, o embargo para a China pode causar prejuízo de US$ 500 milhões ao setor.
O que é a doença?
A doença da vaca louca, também conhecida como encefalopatia espongiforme bovina, se manifesta por meio de desordens comportamentais, causadas por alterações do estado mental – apreensão, nervosismo, agressividade e falta de coordenação dos membros durante a marcha e incapacidade de se levantar. De acordo com o Canal Rural, o animal afetado deixa de se alimentar e rapidamente perde a condição corporal.
Sendo assim, a vaca louca é desenvolvida por meio do contato com o cérebro ou outros tecidos do sistema nervoso de um exemplar contaminado. O contato pode acontecer por ingestão de alimentos ou derivados contaminados por tecido nervoso ou por instrumentos que entraram em contato com tecido nervoso doente.
Depois que o agente contagioso, o príon (uma proteína menor que o vírus), entra no cérebro, fica inativo por vários anos, podendo chagar a 10 ou 15 anos. Quando ativado, o agente inicia um processo de multiplicação que mata as células cerebrais rapidamente, deixando grandes massas de proteína, ou placas de príons, no cérebro. Os príons interagem com o material genético, DNA, para se reproduzir e a sua acumulação é que causa as disfunções, que são efeitos da doença.
Por Marina Romualdo – Jornal O Estado do MS.
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