Dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde) apontam que mais de 11 mil pessoas vivem com HIV (sigla, em inglês, do vírus da imunodeficiência humana) em Mato Grosso Sul. Na contramão da luta contra a contaminação pelo vírus, o Estado desponta como o segundo no ranking dos que menos usam preservativo, segundo levantamento feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O estudo, feito com pessoas entre 15 e 49 anos com vida sexualmente ativa, revela que em Mato Grosso do Sul apenas 20,4% da população nessa faixa usava o principal método de proteção a doenças sexualmente transmissíveis. Na frente, apenas o estado de Goiás, onde somente 10,5% faziam uso da camisinha masculina.
Na comparação entre mulheres e homens, a realidade é ainda pior. Entre elas, cai para 11,7% o índice das sul-mato- -grossenses que afirmaram usar camisinha masculina durante as relações sexuais.
“Infelizmente, a gente observa há alguns anos a diminuição do uso do preservativo. A grande maioria das pessoas têm acesso à informação sabem que o preservativo é a melhor forma de prevenção, mas na prática o uso tem diminuído cada vez mais. Com isso, temos o aumento no número de infecções sexualmente transmissíveis”, afirma o médico Roberto Paulo Braz Júnior, clínico do CTA (Centro de Aconselhamento e Testagem) de Campo Grande.
Segundo ele, para driblar a situação, o poder público segue com frequentes campanhas educativas, mas descentralizou o foco que se concentrava apenas no uso da camisinha. Agora, o setor de saúde trabalha com a chamada prevenção combinada, que consiste em disponibilizar outras formas de prevenção além do preservativo.
“No CTA, trabalhamos com o uso de medicamentos como prevenção ao HIV. É a Prep (Profilaxia Pré-Exposição), que é um comprimido diário que protege a pessoa do vírus caso o uso regular seja feito. Também a Pep (Profilaxia Pré- -Exposição) que consiste no uso de um medicamento por 28 dias que age após uma relação sexual desprotegida”, explica. Os medicamentos são distribuídos gratuitamente pela prefeitura.
Segundo dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), entre janeiro e julho de 2021, houve um aumento de 4% na realização de testes rápidos para identificação de infecções sexualmente transmissíveis em Campo Grande, saltando de 23,277 em 2020 para 24.583 neste ano. Também houve aumento de 15% nos casos positivos para HIV, Sífilis, Hepatite B ou C, ou até mesmo para mais de uma destas doenças, totalizando 2.282 exames reagentes somente em 2021.
Deste total, a infecção mais recorrente é sífilis, onde 1.866 tiveram o resultado positivo. “No caso destas pessoas, é possível identificar que 432 casos são de sífilis adquirida, 307 em gestantes e 35 casos de sífilis congênita, que é quando a mãe passa o vírus para a criança durante a gestação. Até o momento também foram identificados 250 casos de HIV, 38 de hepatite B e 128 de hepatite C”, informou a secretaria.
Em todo o Estado, atualmente, cerca de 11 mil pessoas tiveram resultado positivo para exame de HIV. No entanto, a SES trabalha com a hipótese de que o número seja muito maior, isso porque a maioria das pessoas que fazem sexo sem camisinha também não têm o hábito de fazer o teste que detecta a presença do vírus. (Clayton Neves)
