MS decreta emergência ambiental e aciona Ministério da Defesa para combater incêndios

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Força-tarefa prevê recursos de R$ 38 milhões na prevenção e em ações de combate no Pantanal

Por Suelen Morales

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) assinou ontem (21) o decreto de emergência ambiental em Mato Grosso do Sul. O documento publicado hoje (22) é válido pelo prazo de 180 dias, liberando o uso de recursos na prevenção e no combate a incêndios na região do Pantanal, que costumam se agravar a partir dos próximos meses em razão do longo período de estiagem.

O Governo do Estado já investiu R$ 78 milhões e com o decreto de emergência estão previstos mais R$ 38 milhões que deverão ser utilizados em equipamentos e mobilização de profissionais em ações de prevenção e combate.

“Com o decreto podemos contratar mais pessoal, efetuar compra de um novo equipamento de se vier a ser necessário e você pode agregar os órgãos de segurança federais, como o Ibama. Nesses seis meses, que são 180 dias monitoraremos todos os focos de incêndio florestal. Já fizemos um investimento inicial que foi a compra de uma aeronave de combate a incêndios florestais e vários equipamentos. Agora temos um planejamento de R$38 milhões a serem gastos nesses próximos seis meses atacando e combatendo os incêndios florestais em toda a região do Pantanal sul-mato- -grossense”, afirmou o governador Reinaldo Azambuja.

Além disso, o governador solicitou ao Ministério da Defesa o apoio de helicópteros das forças federais de segurança: Marinha, Exército e Aeronáutica. “Todo o Pantanal está sobre o decreto da situação de emergência e pedimos ao ministro da defesa que disponibilizasse os helicópteros para transporte de tropa. Temos equipamentos e pessoal, mas às vezes você não consegue transportar para as regiões remotas do Pantanal, onde há uma região alagada em que não se chega com veículo. Por isso a necessidade de aeronaves e helicópteros”, ponderou Azambuja.

Enfatizado pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, o decreto autoriza a mobilização de todos os órgãos estaduais para atuarem nos combates, sob a coordenação da CEDEC (Coordenadoria Estadual de Defesa Civil).

“Só se declara emergência quando é identificada uma situação crítica e foi o que nós vimos diante das condições climáticas críticas monitoradas pelo no centro meteorológico. No decreto de emergência nós conseguimos dar resposta mais rápida, caso precise aumentar o número de aeronaves, deslocar militares do Corpo de Bombeiros, temos alocado aqui mais de 150 pessoas, na compra de combustíveis e demais equipamentos. Além disso temos as horas de voos, nós temos mais mil horas de voo. Uma hora de voo que era R$ 5 mil no ano passado, hoje é R$ 10 mil”, destacou.

Já o assessor bombeiro militar da Semagro, coronel Moreira, explicou que a estiagem já dura mais de 25 dias no Estado, aumentando os focos de incêndio no Pantanal. A estimativa do Centro de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, referente ao período de 1º de junho a 17 de julho, apontou que no Estado já foram queimados 132.525 hectares, sendo: Pantanal 83.175 ha; Aquidauana 11.512 ha; Anastácio 1.815 ha; Bodoquena 375 ha; Corumbá 59.812 ha; Coxim 282 ha; Corguinho 112 ha; Ladário 262 ha; Miranda 300 ha; Porto Murtinho 18.975 ha e Rio Verde de Mato Grosso 525 ha.

“Nós temos quatro aeronaves. Três são para monitoramento, socorro de pessoas e transporte de equipamentos, e o Air Tractor que é o melhor avião de combate a incêndios florestal do mundo. O Estado já comprou o segundo desse modelo que deve ser entregue provavelmente em outubro desse ano. O Air Tractor consegue pousar em qualquer pista do Pantanal e lança 3 mil litros de água com capacidade para 20 lançamentos por dia. Hoje ele está lá na região de Corumbá. O objetivo dessas brigadas é trabalhar a prevenção, a emergência ocorre onde a prevenção falha. Então a gente precisa ser mais preventivo do que reativo”, assegurou o coronel Moreira.

Por fim, o meteorologista do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul, Vinícius Sperling, esclareceu que a região pantaneira vem enfrentando há três anos um número de chuvas abaixo da média, mesmo para o período típico de estiagem. “Com isso você torna um ambiente de menos chuvas, com escassez hídrica, ainda mais seco e propício a ter ocorrência dos incêndios. Aliado a essa falta de chuva, a gente está tendo ocorrência de altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar. Então são outros fatores que também contribuem. Porque às vezes você tem um período longo de estiagem, mas não tem temperaturas tão altas para secar a vegetação, que é o material combustível que vai queimar. Um incêndio de grandes proporções estaria mais associado a um ambiente meteorológico de mais longo prazo”, finalizou.

Cabe destacar que a medida é mais uma das ações preventivas de combate aos incêndios florestais com a intensificação do período de seca no Estado. O documento foi assinado em consenso na tarde de ontem (21), pelo secretário de Estado de Produção, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, secretário de Estado de Justiça, Antônio Carlos Videira, comandante-geral do Corpo de Bombeiros de MS, coronel Dijan Leite, e pelo diretor-presidente do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, André Borges.

Proprietários agrícolas podem apoiar no controle de queimadas

O governador Reinaldo Azambuja destacou que é importante que os agropecuários da região do Pantanal ajudem na prevenção e identificação de focos de incêndio. “Nós tivemos faixas de controle de incêndio que ultrapassam mais de 20 propriedades rurais e os proprietários são nossos parceiros nesses controles. Quando você identifica o foco, se você atacar enquanto ele tá pequeno, o resultado é muito melhor. Por isso a importância dessa barreira protetiva que foi feita com os proprietários rurais e que já deu um bom resultado na diminuição do número de incêndios em algumas regiões”, observou.

Cabe destacar que recentemente o presidente Bolsonaro assinou um decreto permitindo o uso de aviões agrícolas no combate a incêndios florestais. “Isso nos ajuda bastante porque os proprietários agrícolas muitas vezes cedem os seus aviões pra gente. É sempre que seja coordenado pelo Corpo de Bombeiros, para que não ocorra o mesmo que em 2020, onde muitas pessoas tentaram ajudar e com pouquíssima efetividade. A partir daí tomamos uma decisão de treinamento desses proprietários, treinamento das pessoas, e focamos nisso no ano passado”, assegurou Azambuja.

O assessor bombeiro militar da Semagro, coronel Moreira, afirmou que esta pode ser uma vantagem para Mato Grosso do Sul. “Temos 15 aeronaves agrícolas de uma empresa aqui no Estado que a gente consegue locar. Apesar de serem agrícolas, conseguimos adaptá- -las nesse período que não tem colheita, pra poder utilizar nos incêndios. Já fizemos bastantes trabalhos de prevenção com o objetivo de evitar os grandes incêndios”, confirmou.

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