Estado caminha para se transformar em grande ‘hub’ de logística
Mato Grosso do Sul, que por muitos anos foi a terra do boi, agora é mar de florestas e chega no auge dos seus 44 anos como uma potência na celulose. Além disso com previsão de produzir mais de 23 milhões de toneladas de grãos somente neste ano o Estado é força motriz do agronegócio nacional e destaque internacional em carnes. Com tal maturidade na produção de alimentos, MS ainda carece de planejamento sobre os rumos da economia e principalmente na melhoria de logística. Neste viés, o Estado mira na sustentabilidade e busca mais tecnologias.
Sexto no Ranking de Competitividade dos Estados, divulgado recentemente pelo Centro de Liderança Pública, MS mantém a mesma posição de 2020, mas melhorou a colocação em três indicadores: Segurança Pública, da 6ª para a 4ª posição; Solidez Fiscal, da 15ª para a 10ª; e Eficiência da Máquina Pública, de 11ª para 10ª.
O resultado, segundo o secretário de Estado de Infraestrutura, Eduardo Riedel, é fruto de muito enfrentamento. “Deixamos de ser aquele estado pequeno, encruado, no fim do Brasil para assumir uma posição de destaque, e isso foi feito por uma visão que o governador Reinaldo Azambuja teve lá atrás em relação aos rumos que a gente deveria dar para este Estado, e a muita definição, determinação em relação à política, pois teve de ter enfrentamento para fazer o que estamos fazendo”, disse.
O relatório mostra MS à frente de Estados como Rio de Janeiro, Goiás, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e, o vizinho, Mato Grosso.
Industrialização
Com um PIB Industrial de US$ 21,4 bilhões, o Estado já desponta com 22,3% da economia nacional. Na agropecuária a parcela nas riquezas chega a 19%, ao passo que os setores de comércio e serviços continuam com 58% de participação do PIB nacional.
“MS é o Estado do Centro-Oeste com a maior participação da indústria no PIB. E é um dos cinco estados com maior crescimento do valor adicionado pela indústria de transformação nos últimos dez anos”, avalia o economista Ezequiel Rezende, coordenador do Radar Industrial da Fiems.
Futuro polo de distribuição
Com a Rota Bioeância engatilhada, localização estratégica e grande potencial hidroviário, Mato Grosso do Sul tem chances de ser um grande centro de distribuição logística na América do Sul. A afirmação é do economista Normann Kalmus, que destaca que, apesar de toda a evolução da industrialização, o Estado ainda tem suas raízes alavancadas no setor terciário.
“O setor terciário distribui a renda em Mato Grosso do Sul. A industrialização é um grande negócio mas aqui o setor que se destaca é o terciário. Temos uma boa industrialização na Costa Leste, em Três Lagoas, em função do maciço florestal. Isso é muito importante em termos de representação não só na arrecadação, como na geração de empregos”, salienta.
“Vemos em MS uma tendência natural em um posicionamento geográfico importante para ser um hub logístico. Vamos ver nosso desenvolvimento nesta área muito grande neste segmento em função da inclusão do MS nas cadeias produtivas”, enfatizou.
Segundo o economista, o destaque de MS na produção internacional de alimentos é motivo de orgulho. “É uma responsabilidade gigantesca. Desenvolvemos agricultura em um solo que não era produtivo. Conseguimos produzir alimentos. Temos uma população relativamente pequena, mas nossa produção é essencial para muita gente no mundo. Mas isso não está sendo convertido na importância política nacional e internacional. Temos de evidenciar isso”, orientou.
Kalmus lembra que a avaliação do que ocorreu no passado é importante para o Estado melhorar seu posicionamento de importância na economia nacional. “MS precisa ter projeto claro para se posicionar independente dos demais estados. Não podemos continuar seguindo na condição de estarmos a reboque do que os outros fazem. Somos parte importante de um conjunto chamado Brasil”, concluiu.
(Texto: Rosana Siqueira)