MODA PRA LIBERTAR: Estilista cria coleção para valorizar negros

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O vídeo abaixo está disponível em todas as plataformas digitais da marca Touché, do criador de moda autoral em Campo Grande, Fábio Castro, 46 anos. Com foco em inclusão e sustentabilidade, desta vez ele está ainda mais On  e dentro da lutas pela sobrevivência com o projeto “Tela Preta”. O vídeo artístico foi feito em dois dias e o resultado é bem bacana. Só o estilista já assistiu mais de dez vezes. É um projeto do edital da lei Aldir Blanc. 

O desfile artístico foi feito com a concretização das ideias de Fábio por amigos. “Procurei alguns amigos como  a Jéssica Candido do Slam das Camélias porque ela é uma pessoa que faz poesia com referência da cultura negra como minhas roupas que tem inclusive os cortes das roupas afro”, conta. O artista pediu para Jéssica elaborar uma poesia sobre empoderamento negro, racismo e  com algumas celebridades negras que nos inspirarm.

“Queria mesclar a poesia com as roupas e fazer uma junção das linguagens artísticas junto com a música de um amigo de São Paulo, o Black Snake 808. Aí fiquei procurando um local pra gente passar a ideia. Me surgiu de ser no local abandonado onde seria o Centro de Bellas Artes. Tudo muito lindo, mas está destruído, abandonado pelo poder público. O que   veio ao encontro porque imaginei um lugar caótico fazendo contraponto ao que quero passar. O negro está sempre à margem, está nas periferias, é o primeiro que morre. Então, é caótico e, ao mesmo tempo, podemos produzir coisas bacanas em meio ao caos que o povo negro vive com a gente resistindo a esta desigualdde na qual vivemos”, relata. 

Produção

André Patroni fez também a passagem da ideia de Fábio para o vídeo. O cinegrafista conhecia o espaço por ter feito outros projetos de outros seguimentos, mas faltava fazer no ramo da moda. “Então juntou a fome com a vontade de comer”, destaca o estilista que afirma tudo ser referência na hora de criar. “Livros, filmes, desfiles, estilistas… Você vai juntando tudo e vai construindo uma ideia na sua cabeça. Aí quando junta com quem ajuda a materializá-la a sensação é ótima e as pessoas vão se identificando com o vídeo. Elas – as pessoas pretas – vão se vendo”, reflete Fábio.

O criador de moda já teve o feedback de que as pessoas pretas não se veem com facilidade como referência ainda mais na moda tem o padrão de coisa mais européia, o loiro, mas está mudando. “Ainda há muita desigualdade entre a imagem e o padrão ode beleza e quando você se vê na tela – na tela preta – é muito legal e emocionante e as outras pessoas que se sentem meio excluídas, enfim se reconhecem mesmo não estando no padrão da TV. Percebi ainda mais a necessidade das pessoas se reconhecerem na tela, de verem pessoas da mesma cor, participando de um trabalho onde as pessoas estão acostumadas a verem outro tipo de perfil. Fico muito contente. É muito gratificante”, analisa. 

Esta coleção que vemos no vídeo é de inverno com algumas sobreposições. “A manga está sobrepondo o corpo, o  capuz está mais quadrados, bolsos mais largo, a camiseta tem a questão afro e os cortes são leves para comecinho de outono com o clima ainda mais ameno”, explica Fábio. O corte é mais street wear mesmo, mais urbano significando cortes mais largos e confortáveis. 

“Também fiz algumas camisetas de manga comprida com tecidos que seriam descartados como tricoline, utilizei corta ventos de tactel também para andar de bike à noite, por exemplo. Fiz algumas coisas com faixa refletivas, moletons flanelados com cortes mais amplos e largos e estou mesclando algodão com tactel”, finaliza. Confira o vídeo e a coleção Touché”.

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