A moagem da cana-de-açúcar da safra 2019/2020 chegou a 44,2 milhões de toneladas em Mato Grosso do Sul, porém o volume é 4% menor que o do ciclo passado. As intempéries climáticas contribuíram para a desaceleração do processo, segundo a Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul).
De acordo com o presidente da associação, Roberto Hollanda Filho, as geadas que atingiram as lavouras na metade do ano passado mostraram os reflexos agora. “Tivemos um ano extremamente seco e duas ocorrências de geadas, que somadas à falta de chuva permitiu as unidades avançarem na moagem com maior velocidade, sem interrupção, chegando em dezembro com pouca cana a ser colhida”, explica ele ao falar do comportamento atípico do clima no Estado.
Com a queda do volume processado, a finalização do ciclo atual pode acontecer fora do período previsto. “Já prevemos uma moagem reduzida no período tradicional de entressafra (dezembro a março) para outros Estados produtores, que ainda pode variar por ser um período considerado chuvoso em Mato Grosso do Sul”, ressalta. O prejuízo para os produtores deve ultrapassar 2 milhões de toneladas. A região do cone sul, que engloba Eldorado, Iguatemi, Itaquiraí, Japorã, Juti, Mundo Novo e Naviraí, é a mais prejudicada.
Etanol e Açúcar
Mesmo com a diminuição da moagem em dezembro, a produção de etanol entre abril e dezembro de 2019 atingiu 3,1 bilhões de litros, volume 1,8% que na safra passada. Desse montante, 2,5 bilhões de litros são de etanol hidratado (+7%) e 637 milhões de litros são de etanol anidro (-15%). A produção de açúcar caiu, em relação ao ciclo passado, cerca de 21%, chegando a 724 milhões de toneladas do alimento. 88% da matéria-prima processada até 31 de dezembro de 2019 foi destinada para etanol, enquanto 12% para a produção de açúcar.
Bioeletricidade
De janeiro a outubro de 2019, o excedente de bioeletricidade cogerada a partir do bagaço da cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul somou 2.262 gigawatt-hora, 2,7% maior que o período anterior, segundo a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). No ano passado, das 19 unidades sucroenergéticas autossuficientes de MS na produção e consumo de energia elétrica cogerada a partir do reaproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar utilizada na produção de etanol e açúcar, 13 exportaram o excedente da energia cogerada a partir da cana para o SIN (Sistema Interligado Nacional).
(Texto: Marcus Moura)