MANIFESTO 13 de Maio: “Nem bala, nem fome, nem COVID, queremos viver!” 

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“Não esqueceremos a Chacina do Jacarezinho”. Este é um dos motivação que pretende levar milhões de pessoas às ruas no Brasil neste 13 de maio, Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo. É uma ação que acontece em rede coordenada nacionalmente. Construídas por movimentos e lideranças do país inteiro, a manifestação é uma construção de baixo para cima a partir da iniciativa de lideranças locais nas favelas, nas comunidades, nas cidades, nas metrópoles, nos campos e uma movimentação popular ampla com lideranças diversas em todas as cidades. A Frente Nacional Antiracista está liderando o movimento.

De acordo com Socorro, presidente da Unegro-MS (União de Negras e Negros Pela Igualdade), junto a CUFA/MS (Central Única de Favelas de Campo Grande), na capital sul-mato-grossense o manifesto será composto por distribuição de cestas de alimentos nas Moreninhas, na avenida Ayrton Senna, às 09h, no Buracão. “Amanhã esta ação vai abalar as estruturas da Moreninha e das periferias”, destacou Socorro.

Para ela, coordenar a ação em Campo Grande traz um sentimento de justiça, e de construção de uma nova sociedade. “Esta, reafirmada com a participação das nossas negras, negros e índios. Além de trabalhadores, desde jornalistas a empregadas domésticas. Homens, mulheres que juntos lutam por um País Digno. Por todas, todos, e todis.  Para sermos um país onde não ouse mais falar em favelas e periferias!  Para que outrora os meus netos e de toda nação negra .Possam viver sem a arma apontada pra sua cabeça”, finalizou.

Nacional

“É uma reação do povo brasileiro ao massacre que o governo Bolsonaro tem imposto à população mais pobre de diversas formas e maneiras. Desde aplicação de políticas que retiram direitos sociais por um lado, até a má gestão da pandemia que condenou quase 500 mil pessoas à morte até agora”, declarou um dos líderes da Coalizão Negra, Douglas Belchior.

Douglas aponta esta ser uma reação a negação de políticas públicas para enfretamento da COVID, da defesa da saúde pública, da compra de vacinas que impõe uma situação a cada dia mais grave porque, de acordo com ele, a economia só piora o que por sua vez gera desemprego, pobreza e fome. “Tudo isso, sempre atingindo a população em pior condição econômica no Brasil que é a população negra e isso somado a política de segurança pública perversa assassina e genocida replicada nos estados defendida pelo governo bolsonarista e que por conta dessa postura e política disso resultou na ação de políciais bolsonaristas e de milicianos que ocupam o poder no Estado do Rio do Estado que promoveram as cenas de barbárie que nós vivenciamos na semana passada no Jacarézinho com o assassinato de 30 pessoas já, segundo os número levantados até agora”, analisa.

O militante aponta que esta é a maior chachina da história do Rio de Janeiro e mais uma página triste da história do genocídio negro brasilero. “Por isso, nós vamos à rua, porque só é possível mudar o Brasil tomando as ruas. Já que nós tivemos nosso direito a isolamento social negado porque tínhamos e temos que sair de casa para ganhar o pão de cada dia e mesmo quando ficamos em casa somos mortos pela repressão social.  Vamos ocupar as ruas com todo cuidado: máscaras e álcool em gel. Mas, é preciso que o povo ocupe as ruas do país para derrubar o governo genocida de Bolsonaro e mudar essas políticas  que fazem tão mal ao povo começando pela política de segurança pública começando por políticas de controle social da atividade policial”, pontuou. 

Manifesto

A Coalizão Negra Por Direitos convoca manifestações em todo o país para exigir justiça para as vítimas do massacre na Favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, e de todas as operações policiais que resultaram nas mortes nas favelas e comunidades do Brasil. “NEM BALA, NEM FOME, NEM COVID. O POVO NEGRO QUER VIVER!”. A reivindicação por Auxílio Emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia, o direito da população negra à vacina contra o coronavírus pelo SUS e o Fora Bolsonaro compõem as reivindicações que estão descritas no manifesto divulgado pelo movimento

Nós, negras e negros brasileiros em Coalizão Negra por Direitos, denunciamos ao mundo que vivemos em um país no qual amanhã poderemos estar mortos, pelo fato de sermos negros. Seja pelo coronavírus, seja pela fome, seja pela bala, o projeto político e histórico de genocídio negro avança no Brasil de uma forma sem limites e sem possibilidade concreta de sobrevivência do povo negro. No ápice da pandemia no país, onde poucas ou nenhuma medida de proteção é implementada pelos governantes, vivemos neste 6 de maio de 2021 um dos mais tristes capítulos de nossa trágica trajetória de violência urbana. 

A Chacina do Jacarezinho, favela do Rio de Janeiro, contabiliza, até o momento, ao menos 25 mortes. Vidas e histórias exterminadas pelas forças do Estado, sem respeito a nenhum direito previsto em lei. Corpos cuja humanidade e cidadania são negadas na vida e na morte. Assassinatos resultantes de uma operação policial ilegal – uma vez que já havia proibição para a realização desse tipo de ação policial durante a pandemia pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Desde junho de 2020 até março deste ano, mais de 823 pessoas foram mortas em operações policiais, mesmo com a proibição da Suprema Corte (ADPF das Favelas). O governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, optou pela desobediência deliberada dessa orientação. É responsável direto pelas mortes.

Esse documento é um apelo e uma denúncia à comunidade internacional: olhem para o genocídio negro no Brasil.

“Em 1994, um grupo de pastores de uma pequena comunidade no interior de Ruanda escreveu uma carta ao líder de sua congregação pedindo ajuda frente ao perigo iminente. A carta, imortalizada em publicação de Philip Gourevitch, intitulada “Desejamos informar-lhe que amanhã seremos mortos”, foi ignorada. Todos foram assassinados. Mais tarde, o apelo se transformaria em uma denúncia do desprezo do mundo frente às mais de 800 mil vítimas do genocídio de Ruanda. 

Partindo desse exemplo, é urgente darmos um basta a essa sistêmica situação de violência para se evitar tragédias ainda maiores. É fundamental que haja a responsabilização das forças policiais, do governador Cláudio Castro e do estado do Rio de Janeiro por essa chacina.”

No próximo dia 13 de maio, marca histórica da abolição formal da escravidão no Brasil, convocamos manifestações em todo o país pelo fim do genocídio negro, das operações policiais assassinas, das chacinas de todo dia. Nem bala, nem fome e nem Covid. Queremos viver!

https://bit.ly/3uHs9PL

 

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