UFMS instalou grades de ferro para inibir o descarte e acúmulo de lixo no entorno e na água
O Lago do Amor, um dos cartões-postais de Campo Grande, começou a receber um cercamento de grades de ferro para preservar os diversos animais que vivem na região. Segundo a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), as cercas também evitarão o acúmulo de lixo no lago, bem como acidentes envolvendo a população, já que a área é restrita para banhistas ou práticas esportivas. O jornal O Estado conversou, na tarde de ontem (25), com a população para saber se aprovam a mudança e se com as grades se sentirão mais seguros para apreciar a vista do Lago do Amor.
Em nota a UFMS informou que a instalação das grades contemplará a extensão de 250 metros do lago. “Tendo o objetivo de evitar o descarte de lixo no Lago do Amor e ampliar a proteção da biodiversidade, da fauna, da flora e das pessoas”, esclareceram em nota.
A novidade foi aprovada pela autônoma Taila Taiane, 28, que passa diariamente pelo Lago do Amor após sair do trabalho. “Eu estava aqui exatamente pensando que deveriam ter feito isso há muito tempo, porque eu sempre passo por aqui para tomar uma água de coco e a questão do lixo já está muito diferente. Nas beiradas tinha um monte de sujeira, as pessoas têm dificuldade em preservar o bem público e natural. Na minha opinião foi maravilhosa essa iniciativa”, afirmou.
Já o ambulante Wellington da Silva Santos, 21, acredita que as cercas devem prejudicar um pouco as vendas no local. “Acredito que a cerca vai funcionar para a questão da sujeira que é muito grande, mas para o comércio não vai ajudar muito. Também vai ser bom pra vida do povo, porque esses tempos um morador de rua pulou no lago e acabou mordido por um jacaré”, opinou.
Aproveitando o dia ensolarado, Elisângela Cardoso, 43, disse que se sentiu mais segura ao visitar o lago agora cercado, com a filha Maria Eduarda, 8. “Ficou bem mais seguro, porque muitas pessoas e principalmente crianças costumam vir aqui de manhã, à tarde e à noite. E aqui tem jacaré em toda parte, acabei de falar pra minha filha que agora podemos ficar tranquilas, porque antes eu tinha um pouco de medo”, revelou.
Quem também aprovou o projeto foi o autônomo Regelson Frank Mendes, 45. “A questão do lixo vai melhorar, por causa que não vai ter o acesso. Agora a gente vai ter de esperar pra ver se o pessoal vai ter essa rejeição porque vai limitar um pouco a questão do acesso.”
Outro ponto levantado pelo ambulante José Carlos, 57, foi a segurança. “Pra questão da segurança das crianças ficou muito bom”, finalizou.
Mais de 200 espécies de animais
Para ajudar no reconhecimento e na preservação dos diversos animais presentes na região, pesquisadores criaram o Guia de Identificação dos Vertebrados no Lago do Amor. O professor Fernando Rogério de Carvalho, do Inbio (Instituto de Biociências), organizou o manual para a identificação dos vertebrados que já foram avistados no local.
De acordo com o levantamento, entre 231 espécies de animais residentes e visitantes ocasionais, há 150 de aves, 30 de mamíferos, 23 de répteis, 19 de peixes e 9 de anfíbios. “O Guia foi construído com o objetivo principal de levar a informação correta aos estudantes e campo-grandenses que visitam essa área turística do município, e que sempre se deparam com alguns animais. O nosso intuito é mostrar a diversidade escondida no Lago do Amor”, afirmou.
O grande número de espécies presentes no local surpreende, considerando que o Lago do Amor fica localizado em uma área urbana. Entre os vertebrados identificados, estão aqueles que já são muito conhecidos pelos estudantes, como capivaras, gatos e araras. O manual também traz animais raros e ameaçados de extinção, que dificilmente são avistados, mesmo por quem frequenta a universidade diariamente. “Temos mamíferos como o tamanduá-bandeira, a lontra, a anta e a cuíca-d’água”, finalizou.
Por Suelen Morales – Jornal O Estado do MS.
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