Projeto multiplica hortas em escolas, comunidades carentes e aldeias indígenas do Estado
Por Silvio Ferreira – Jornal O Estado
A Superintendência Federal de Agricultura já implantou, em 2022, 18 hortas agroecológicas escolares, sociais e comunitárias indígenas, em Mato Grosso do Sul, com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar e oferecer alimentos mais saudáveis. Na Semana do Alimento Orgânico do Ministério da Agricultura, a reportagem do jornal O Estado visitou, ontem (23), duas delas juntamente com a Superintendência.
Conforme o diretor da Escola Estadual Antônio Nogueira da Fonseca, (em Terenos), Clodoaldo Alves de Lima, alimentos como alface, salsinha, coentro, rúcula e couve, entre outros, são utilizados na merenda da escola e, cerca de 30% são repassados para famílias que necessitam.
A horta vira até sala de aula para estudantes entre 6 e 18 anos, incluindo diversas disciplinas.
“O projeto é desenvolvido em um eixo temático, voltado para a agricultura familiar, socioambiental e para o meio ambiente, que estimula alunos à alimentação saudável e a desenvolver esse projeto também em casa, além de integrar as disciplinas de matemática, ciências, terra, vida e trabalho e outros conceitos que a gente trabalha em sala de aula”, explica o diretor Clodoaldo.
O estudante Allison de Carvalho, de 10 anos, da 5ª série, é um exemplo de aluno que participa da ação. Ele diz que gosta muito do contato com a natureza na produção de hortaliças.
“É muito bom. A gente tem contato com a natureza e aprende sobre o cultivo das verduras. Eu vou conversar com o meu pai para gente ter uma horta em casa!”, comenta entusiasmado.
Projeto
Segundo o fiscal federal de atividades agropecuárias da SFA, Valter Loeschner, o programa de Hortas Agroecológicas no Estado começou em 2010, com o projeto piloto na Escola Estadual Lúcia Martins Coelho, na Vila Célia, em Campo Grande.
Ao longo de 12 anos, o projeto já implementou 120 hortas escolares, sociais e comunitárias indígenas em Mato Grosso do Sul. Até o fim do ano, o número deve chegar a 122.
O sistema de hortas agroecológicas proporciona a diversificação de culturas e aumenta a qualidade e variedade de verduras e legumes. Além disso, tem como principal diferencial produzir alimentos livres de defensivos agrícolas, atendendo à demanda por alimentos orgânicos, cada vez mais valorizados pelo consumidor como alface, cebolinha e couve-flor, repolho e tantas outras hortaliças.
Ainda de acordo com Loeschner, o projeto agroecológico doa cerca de 50% do que produz para famílias carentes assistidas pela ASA (Associação Social Adventista).
Ele conta que as hortas já foram implementadas pelo projeto em asilos, orfanatos e clínicas de recuperação de dependentes químicos, com parcerias firmadas com a ONG do Rio de Janeiro Reame Segurança Alimentar, que liberou 15 mil mudas de hortaliças somente neste ano para o projeto.
Segundo o agente da Superintendência Federal de Agricultura, a Hípica do Exército Brasileiro, no bairro Taveirópolis, fornece gratuitamente o composto orgânico, que é transformado em adubo – por meio de compostagem –, para as hortas do programa de Hortas Agroecológicas.
Controle biológico de pragas
Loeschner conta que a preocupação com a produção de alimentos saudáveis inclui o controle biológico de pragas. Os participantes do projeto aprendem a utilizar até as chamadas “plantas defensoras”, como cebolinha e coentro, como barreira e controle biológico de pragas.
“Para a preocupação com a produção agroecológica mais saudável nós usamos a calda da folha de neem, uma planta exótica, que ajuda no controle de pragas e doenças. Existem várias árvores de neem plantadas pela cidade nas calçadas”, conclui.
Para o preparo, cada quilo de folhas de neem é batido no liquidificador com um litro de álcool e três litros de água.
“É preciso deixar a mistura fermentar por uma semana para extrair o princípio ativo. Depois de coada, a calda pode ser borrifada nas plantas. Para cada litro de neem, é adicionado 20 litros de água e 600 ml de urina de vaca recém-parida, que possui nutrientes como nitrogênio, potássio, selênio, cobre e zinco, cobalto e boro, manganês e magnésio.”
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