Uma greve geral contra a reforma da Previdência planejada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, paralisa nesta quinta-feira (5) diversos serviços no país, incluindo trens, aviões, escolas e hospitais.
O que impulsionou a indignação popular foi a reforma previdenciária planejada por Macron. Promessa de campanha do presidente, ela visa simplificar e substituir os atuais 42 regimes especiais por um sistema único, acabando com privilégios de determinadas categorias profissionais, como a dos funcionários da estatal ferroviária SNCF e da rede de metrô parisiense.
O governo argumenta que é um sistema “mais justo e simples”, em que “cada euro de contribuição dará os mesmos direitos a todos”. Mas os sindicatos temem que a mudança aumente a idade de aposentadoria, atualmente em 62 anos, e diminua o nível das aposentadorias.
Foram convocadas oficialmente em todo o país 245 manifestações, das quais a principal será em Paris, onde o esquema de segurança mobiliza um efetivo de cerca de 6 mil policiais. As autoridades recomendaram que lojas no percurso da passeata de protesto na capital fechem suas portas.
A paralisação nacional ganhou, ainda, a adesão de policiais, coletores de lixo, advogados, aposentados e também dos “coletes amarelos”, o poderoso movimento social surgido na França em novembro de 2018. As mobilizações também receberam o apoio de 182 artistas e intelectuais, entre eles o economista Thomas Piketty, autor do best-seller O Capital no século 21, além de partidos de esquerda.
Além disso, cerca de 90% dos trens de alta velocidade TGV deixam de circular nesta quinta, assim como um em cada cinco trens inter-regionais TER. Onze das 16 linhas do metrô de Paris amanheceram fechadas, enquanto outras três funcionam com restrições. A Direção Geral da Aviação Civil (DGAC) previu o cancelamento de cerca de 20% dos voos com origem ou destino na França. (João Fernandes com poder 360)