Governo Lula em crise no MS: desaprovação atinge os 47%

Foto: Reprodução
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Especialistas atribuem haver pouco investimento em MS e tem um bolsonarismo forte no Estado

“O governo do presidente Lula ainda não convenceu o eleitor de Mato Grosso do Sul de que vai cumprir as promessas que apresentou durante a campanha eleitoral de 2022, quando retornou ao Poder.” Esta foi a afirmação do cientista política Ailton Souza, doutor em ciência política e professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, ao analisar as mais recentes pesquisas que revelam uma alta reprovação da administração petista. 

Mesmo tendo nomeado duas ministras com raízes políticas sul-mato-grossense, Simone Tebet, no Planejamento e Aparecida Gomes, no Ministério das Mulheres, a popularidade do governo do presidente Lula não decola em Mato Grosso do Sul e as mais recentes pesquisas comprovam essa realidade. Próximo de completar um ano à frente da Administração Federal, a atual gestão da União não demonstra forças para reverter a alta rejeição que teve na eleição de 2022. Além disso, Lula ainda não agendou visita ao Estado desde que venceu as eleições. 

Outro fator que contribuiu fortemente para a queda de popularidade do presidente Lula em Mato Grosso do Sul está no fato de que, até o momento, não concretamente, não há nenhuma obra do governo federal em andamento no Estado, o que frustra a população e a classe política, especialmente prefeitos e parlamentares. “Por enquanto, a administração da economia ainda patina no atual governo, o que causa muita apreensão em todos os segmentos da população.” 

Pesquisa Ranking 

Entre os dias 5 e 12 de dezembro de 2023, pesquisa realizada pelo Instituto Ranking Brasil Inteligência, em 30 municípios de Mato Grosso do Sul, revela que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem a aprovação de 48% da população do Estado, enquanto 47% reprovam e 5% não sabem ou não responderam. A rejeição do presidente em MS  alcançou os 40%, além da queda nas avaliações de positividade. 

Segundo o cientista político, a popularidade do presidente da República baixou no Estado, de acordo com última pesquisa realizada. “Lula despencou no Estado do Mato Grosso do Sul. Essas declarações, em relação a Israel, pesaram muito contra Lula, não só no Mato Grosso do Sul, mas em nível de Brasil. Especificamente aqui, onde estamos fazendo pesquisas. Então, isso pesou muito na avaliação do Lula, que despencou. Ele tinha 40% de positivo, hoje não passa de 28%. A rejeição subiu de 25% para 40%”, concluiu.

Reflexo em 2024

Essa situação, de acordo com Ailton de Souza, já começa a gerar expectativas negativas com relação a 2024, quando acontecerão as eleições municipais, em que o PT pode correr o risco de ver refletida a desaprovação do governo Lula no desempenho dos candidatos petistas que concorrerão às principais Prefeituras do Estado. “É uma realidade que se reflete em praticamente todos os Estados brasileiros e aqui, em Mato Grosso do Sul, onde o presidente Lula foi derrotado por Jair Bolsonaro, é ainda mais delicada a situação para a atual administração”, afirma o cientista político Ailton de Souza. 

O advogado e analista político Tércio de Albuquerque  lembra que Mato Grosso do Sul como o Mato Grosso e Estados do sul do país foram sustentáculos do governo Bolsonaro. “No segundo turno das eleições presidenciais, em MS, Bolsonaro teve 60% e Lula, 40%. A partir daí se esperava que o governo Lula fizesse mais intervenções para Mato Grosso do Sul. A indicação de Simone Tebet para o ministério parecia agradar o Estado, mas percebeu-se que não obteve o resultado esperado. Bolsonaro continua tendo, principalmente nos setores agroindustrial e agropecuário, muito mais capacidade eleitoral do que Lula”, explica Tércio. 

O analista também salienta que, até o momento, o presidente da República ainda não deu atenção a Mato Grosso do Sul, mesmo com o governador Eduardo Riedel indo a Brasília, tendo reuniões com Lula, tentando uma aproximação, pouco o governo federal como Lula têm feito por Mato Grosso do Sul. “Então, isso acaba gerando descontentamento com parte do eleitorado do Lula e, obviamente, acaba engrossando as fileiras do bolsonarismo no Estado”, exemplificou. 

Albuquerque ainda lembra não ser possível uma mudança, mas lembra que a eleição municipal poderá ser o ponto básico para isso ocorrer. “Não podemos esperar que isso vá mudar, a não ser que a proximidade das eleições municipais tenha um quadro em que o governo federal resolva injetar recursos e campanhas específicas, para tentar ganhar maior visibilidade política no Estado. Mas ainda assim, não acredito. Acho que o Estado demonstra ir muito mais na tendência do bolsonarismo do que uma proximidade maior com o PT, inclusive pelos embates que tivemos de terras, indígenas, várias questões que não foram tratadas adequadamente pelo governo federal e isso colocou de lado aqueles que defendiam as posições do Lula e assim, acredito que deva haver abismo maior ainda entre eleitores de Lula e o bolsonarismo, deixando clara uma definição de direita contra esquerda, em Mato Grosso do Sul”, concluiu Tércio.

Por – Laureano Secundo

 

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