Geraldo Resende enfrentou diversas vezes o próprio governo por defender opiniões ao combate do coronavírus; deixa a pasta para ser recordista de votos no PSDB

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

“Único interesse que nos moveu foi o de salvar vida”

Por Rafaela Alves e Rafael Belo – Jornal O Estado MS

Geraldo Resende deixou a SES (Secretaria de Estado de Saúde) para colocar seu nome, mais uma vez, a disposição da população na disputa de uma das oito cadeiras na Câmara Federal por Mato Grosso do Sul. Atuação na pandemia leva o PSDB apostar como recordista de votos do partido. Em 2018, Geraldo teve 61.675 votos, terminando como primeiro suplente, não sendo eleito.

Neste três anos e três meses como secretário enfrentou em diversas vezes o próprio governo por defender opiniões no combate ao coronavírus. Foi a favor do lockdown, a vacinação em massa e o passaporte da vacina.

Fato que chegou chamar de “nazistas” e fascistas” pessoas que foram contra a obrigação da vacina em locais públicos e privados. Geraldo diz que toda atuação na pasta não teve cunho político, mas de salvar vidas.

“Única intenção que nos moveu e moveu todo o governo do Estado, e tenho certeza, os 79 secretário de saúde e os prefeitos, porque foi algo inédito em Mato Grosso do Sul, essa unidade que construímos, foi o de salvar vida, preservá-las, que é o maior patrimônio que nós temos. E foi com essa intenção que trabalhamos intensamente, principalmente nesses mais de três anos, enfrentando aquilo que é de nossa responsabilidade, a construção do sistema único de qualidade”, assegurou.

Muitas polêmicas se envolveu como secretário, a maior foi chamar de “nazista” e facista” o público que manifestava contra o passaporte da vacina, em audiência realizada na Câmara dos Vereadores de Campo Grande, no ano passado. Ao ser questionado, Geraldo disse que não tem nenhuma simpatia a este público e mantém a posição, classificando as pessoas como contra a vacina.

“Infelizmente parte do plenário era totalmente contra a qualquer construção no sentido de ouvir as versões diferentes para encontrarmos uma opinião que nos unissem para que pudéssemos fazer o enfrentamento contra a COVID. E a polêmica não se restringia apenas ao passaporte, ali tinham pessoas que não defendem a vida”, afirmou. “São pregadores da morte, como ave de rapinas, estão poucos se lixando com a vida e a esses eu reafirmo o que eu disse na Câmara: A lata de lixo da história é aonde deverá ser o repositório dessas pessoas”, completou.

Em entrevista ao O Estado, Geraldo reafirmou a pré-candidatura a deputado federal. Entretanto, destacou que seu nome está a disposição do partido para disputar a única vaga ao Senado. “Se o quadro mudar e a deputada federal e ex-ministra Tereza Cristina vier a ser candidatada a vice-presidente da República na chapa que está sendo definida pelo atual presidente (Jair Bolsonaro), acho que há uma vagância do espaço para disputa do Senado e logicamente eu gostaria de colocar meu nome a apreciação do partido”, disse.

O Estado: Deixa a Secretaria Estadual de Saúde com a ambição de ser recordista de votos para deputado federal nas eleições 2022. Por que acredita que o trabalho a frente da pasta terá aprovação da população?

Geraldo: Não tenho pretensão de ser recordista, tenho pretensão de ser reeleito. Acho que posso dar muito ainda ao Mato Grosso do Sul ao longo dos próximos anos de vida, tenho certeza que a experiência de alguém que é oriundo da saúde, médico de formação que como sou, alguém que ajudou a criar o SUS desde os bancos da Universidade Federal do Ceará, onde cursei medicina.

Enquanto parlamentar, desde vereador na Câmara de Dourados, Assembleia Legislativa e a época também de secretário de saúde no governo do Zeca do PT e depois eleito deputado federal por quatro mandatos consecutivos, acumulei experiência que posso colocar a serviço da saúde pública, não só de Mato Grosso do Sul, mas do Brasil. E quero com esse entusiamos que estou, trabalhador que sou, e isto é um reconhecimento forte, uma das qualidades que tenho, entre os muitos defeitos, eu acredito que posso ajudar o Estado não só na área de saúde, mas em outras para construir o Estado dos sonhos.

O Estado: As medidas tomadas na pandemia, afinal teve intenções políticas por trás?

Geraldo: Em nenhum momento, a única intenção que nos moveu e moveu todo o governo do Estado, e tenho certeza, os 79 secretário de saúde e os prefeitos, porque foi algo inédito em Mato Grosso do Sul, foi essa unidade que construímos. Houve uma ou outra divergência, superadas, mas essa construção da unidade na pandemia, o único interesse que nos moveu foi o de salvar vida, preservá-las, que é o maior patrimônio que nós temos desse Estado belíssimo e grandioso que somos.

E foi com essa intenção que trabalhamos intensamente nesses três anos e três meses, principalmente nos dois últimos anos, enfrentando aquilo que é de nossa responsabilidade, a construção do sistema único de qualidade, o qual eu sou um defensor inveterado, mas que ao lado disso uma pandemia que felizmente levou vidas no mundo todo, mas que conseguimos mostrar que as decisões tomadas foram acertadas, tendo em vista que conseguimos preservar milhares e milhares de vidas e que deu a Mato Grosso do Sul todo esse vigor. Por que tivemos abalos na economia, mas hoje o Estado está muito mais forte para continuarmos nesta toada de construir um Estado cada vez melhor para cada um que aqui vive.

O Estado: O senhor se arrepende de ter chamado o público na Câmara dos Vereadores de “nazista” e “fascista” durante audiência que discutia o passaporte da vacina?

Geraldo: Aquele episódio teve uma repercussão não só no Brasil, mas no mundo. Eu recebi milhões de manifestações de apoio. Aquele episódio mostrou amplamente como me defino, eu sou um democrata inveterado, ajudei, coloquei minha vida em risco, como a minha geração colocou para construção de um processo democrático. Eu me reportei as pessoas que estavam naquele recinto, naquele momento os chamei sim de nazistas e fascistas, porque as pessoas que são avessas a democracia eles defendem sistemas aonde não existe de fato nenhum preceito democrático.

Infelizmente parte do plenário era totalmente contra a qualquer construção no sentido de ouvir as versões diferentes para encontrarmos uma opinião que nos unissem para que pudéssemos fazer o enfrentamento contra a COVID.

E a polêmica não se restringia apenas ao passaporte, ali tinham pessoas que não defendem a vida, que eram contra as vacinas, inclusive, parte delas estiveram em outros atos se posicionando contra a vacinação de grupos importantes como das crianças de 5 a 11 anos. São pregadores da morte, como ave de rapinas, estão poucos se lixando com a vida e a esses eu reafirmo o que eu disse na Câmara: “A lata de lixo da história é aonde deverá ser o repositório dessas pessoas”.

O Estado: Este tipo público, o senhor não vai buscar votos?

Geraldo: Esse publico, eu inclusive não tenho nenhuma simpatia para eles, e logicamente eu acredito que não terei voto dessas pessoas. Eu busco voto de pessoas conscientes, democratas e que defendem valores que eu cultivo ao longo da minha vida: defesa da mulher, das populações excluídas, do SUS, da ciência e eles não estarão na fila dessas defesas.

O Estado: Senhor se avalia como vitorioso a frente da secretaria depois de enfrentar de perto uma pandemia?

Geraldo: A gente construiu uma equipe que soube dar respostas muito corajosas e que foram lastreadas primeiro na ciência e que conseguimos colocar nosso MS em primeiro lugar no processo de imunização da nossa gente.

Eu me emociono quando falo isso porque foram conquistas, que teve muito daqueles que tem de fato compromisso de vida com o SUS e eu quero reafirmar minha convicção que é o melhor sistema de saúde do mundo, um sistema que está a disposição de mais de 150 milhões de brasileiros e que o mundo inteiro reverencia essa bela construção.

O SUS, hoje, é de fato um sistema que respeita e valoriza, principalmente, na defesa dos direitos humanos, porque sem saúde a gente não tem a preservação de um direito fundamental do ser humano que é ter acesso a uma saúde de qualidade.

O Estado: Pensou em algum momento de desistir ou deixar a pasta?

Geraldo: Nunca. Eu acredito que de um lado da pressão ser de setores minoritários, eu verifiquei por onde andei e tenho andado no Estado a resposta da grande maioria população que avaliava positivamente o trabalho a frente da secretaria, da nossa equipe e da equipe da ponta, que estavam nos 79 municípios. Em nenhum momento cogitei deixar a pasta, eu acredito que Deus me colocou ali e eu sou um cristão. Deus escolhe pessoas para cumprir tarefa e ele me escolheu para essa.

O Estado: Qual medida mais difícil que teve que tomar como secretário?

Geraldo: Todas foram difícil, tínhamos de fazer o convencimento, nos debruçar com aqueles que nos assessoravam, principalmente, os grandes cientistas que temos aqui e que nos ajudavam a construir a unidade da equipe e do governo, que foi o diferencial no Brasil. Entretanto, as medidas restritivas foram as mais difícil, mas que se necessário repetiria as mesmas para preservar vidas.

O Estado: Nas projeções do PSDB quantas cadeiras o partido pode conquistar na Câmara, e a média de votos para ser eleito?

Geraldo: Primeiro é importante dizer que cada partido vai precisar de mais de 160 mil votos para eleger o 1º dos oito que o Mato Grosso do Sul tem direito na Câmaras de Deputados. Mas nos temos uma nominata de candidatos a deputados federais, respeitando os lugares das mulheres, serão seis homens e três mulheres, ao todo nove, e acreditamos que o PSDB possa conquistar três cadeiras. O partido pode ser, de fato, a melhor representação na Câmara de Deputados.

O Estado: Sonha em ser prefeito de Dourados como antigamente?

Geraldo: Não, esse sonho pode dar espaços a construção de novos sonhos, acredito que posso ser útil a MS, como hoje sou pré-candidato a deputado federal, se eleito deputado federal e a partir do resultado vamos verificar. Porque eu também sou um sonhador e vamos ver após o resultado quais serão só próximos sonhos a se buscados. Eu sonhei desde criança ser médico

Trabalhava em gráficas aqui em Campo Grande, ganhava bolsas para fazer cursinho e consegui o sonho de ser médico, de me especializar na USP de Ribeirão Preto. Consegui realizar sonhos também de ser vereador, deputado estadual e depois federal. Acredito que teremos novos sonhos, porque a vida é movida por sonhos e eu tento colocar minhas energias para transformá-los em realidade.

O Estado: Se o partido chamar, aceitaria ser candidato ao Senado?

Geraldo: Nós estamos construindo um processo que etá bastante avançado, nós já temos dentro do nosso leque de partidos que nós queremos aliançar e uma pré-candidata ao Senado. Mas seguramente se o quadro mudar e a deputada federal e ex-ministra Tereza Cristina vier a ser candidatada a vice-presidente da República na chapa que está sendo definida pelo atual presidente (Jair Bolsonaro), acho que há uma vagância do espaço para disputa do Senado e logicamente eu gostaria de colocar meu nome a apreciação do partido. É uma vaga só e a gente sabe que existem muitos nomes que querem representar Mato Grosso do Sul nesse espaço tão importante que é o Senado Federal.

O Estado: O senhor tivesse que apostar, quem vence a eleição a presidente?

Geraldo: É muito cedo, mas há construções, que eu também participo, desse desejo de verificar um nome que possa representar uma terceira via para não ficarmos nesta polarização entre a extrema direita e a esquerda. Eu sou um homem de centro e acho que a gente ainda tem condições de construir essa terceira via com ajuntamento de forças democratas hoje no país, como MDB, União Brasil, Cidadania e o PSDB.

Alimento essa expectativa que até julho nós poderemos ter um candidato que saia dessa polarização entre os extremos. A senadora Simone Tebet é uma bela candidata, assim como também acredito que temos outros nomes. Eu alimento a expectativa de termos ainda o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo leite, como candidato a presidente e a Simone como vice, seguramente é uma chapa que pode encantar setores que estão hoje sem norte.

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