Aprosoja informa que ainda está avaliando o impacto dos danos causados
O frio intenso que chegou a Mato Grosso do Sul, nesta semana, tem deixado os produtores rurais do Estado em alerta. Isso porque o risco de prejuízos é grande, principalmente para o plantio de milho e café.
O milho está em pleno desenvolvimento da produção. O tempo certo para o plantio deve ocorrer entre fevereiro e março, na expectativa de fugir de danos mais graves, para que a folha não fique tão nova. Já o café é mais suscetível à queda de temperatura, sendo ideal entre 18°C e 22°C. Em Ivinhema, cidade onde tem produção de café, no Estado, a sensação térmica foi de 4°C.
Segundo o meteorologista Natálio Abrahão, em Mato Grosso do Sul as temperaturas ficaram entre 5°C e 8,5°C, na passagem de terça para quarta-feira – madrugada mais fria do ano –, com sensação térmica chegando a 1°C em alguns municípios. Não há previsão de chuva até a próxima segunda-feira (23).
Foram registradas geadas em Maracaju, Bandeirantes, Sidrolândia e Dourados.
Foram registradas geadas em Maracaju, Bandeirantes, Sidrolândia e Dourados. Procurado pelo jornal O Estado, o presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), André Dobashi, informou que, diante deste cenário, a equipe já está avaliando e verificando o nível de impacto dos prejuízos.
“Sobre a geada pontual, a nossa equipe já está em campo, avaliando as lavouras e verificando o nível do impacto, mas até o momento não foi registrado nenhuma perda, estamos em contato direto com os produtores e acompanhando de perto as situações climáticas”, destacou.
Preocupação
Ainda de acordo com Dobashi, o que pode ajudar a evitar impactos maiores é começar o plantio no período certo e ter uma boa adubação.
“O que pode evitar maiores impactos com as possíveisgeadas, é o plantio dentro da janela indicada, no zoneamento agrícola. Além disso, o que pode contribuir para amenizar os impactos é uma boa adubação, capaz de contribuir com a planta, a ponto de torná-la mais preparada para as adversidades que ela enfrenta ao longo do seu ciclo”, explicou.
Conforme a Aprosoja, quando se fala em geada, a maior preocupação está na região sul, que concentra o maior volume da produção de grãos e que já registrou perdas significativas, como por exemplo em Ponta Porã, Antônio João, Bela Vista, Caarapó, Amambai, Aral Moreira e Laguna Caarapã.
Segundo a agrônoma Malena May, que também faz parte da diretoria do Sindicato Rural de Ponta Porã, na região, as culturas que mais devem ser afetadas são milho, trigo e sorgo.
“Plantamos na janela certa de plantio, então o milho está entrando em desenvolvimento agora no mês de maio e é bem preocupante. Se houver fortes geadas, aqui na região, o milho, o trigo e o sorgo devem ser os mais afetados. Já o café deve ser afetado na região de Ivinhema”, comentou.
Milho
Para o presidente do Sindicato Rural de Maracaju, Fábio Olegário Caminha, uma geada mais intensa, ainda neste mês, iria provocar muitos prejuízos.
“Estamos em uma época que não é normal ter um frio nessa intensidade. Uma geada forte, agora, atrapalha bastante, porque o milho está na formação de espiga, tem pouco menos da metade do ciclo. A geada mata a planta. O clima é de tensão total. Seria mais um prejuízo, num cenário não tão bom”, lamentou.
Para ele, não há o que possa ser feito para fugir da queda de temperatura, para proteger a produtividade. “Nós estamos de mãos atadas, não tem o que fazer. É torcer para que a gente consiga ter um clima que não comprometa”, completou.
Na mesma linha de raciocínio, o consultor técnicoda Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Lenon Lovera, explica que a geada pode afetar as folhas mais jovens do milho, podendo provocar queda na produção.
“A grande preocupação é no milho, em razão da geada, pois afeta principalmente as folhas mais jovens, nelas ocorre maior quantidade de água e menor quantidade de sais, causando ruptura da célula e morte do tecido”, explicou.
A estimativa para o milho 2ª safra 2021/2022 é de área com 1,992 milhão de hectares, retração de 12,6% em relação à área da 2ª safra de 2020/2021. A produtividade estimada é de 78,13 sc/ha, gerando uma expectativa deprodução de 9,34 milhões de toneladas.
Ano passado
Conforme buscas feitas pela equipe de reportagem do jornal O Estado, com base nos boletins agropecuários da Famasul, em maio de 2021, não foram registradas geadas. Já em junho, sim, resultando na quebra de 2,722 milhões de toneladas diante da primeira expectativa de produção.
Hectares
Segundo a Famasul, Mato Grosso do Sul possui 35,71 milhões de hectares. Entre soja, milho, cana-de-açúcar, eucalipto e pastagem, que representam as maiores produções do Estado, são 23,8 milhões de hectares.
Texto: Izabela Cavalcanti – Jornal O Estado MS
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