O ritmo de altas no preço do gás de cozinha, o GLP, tem sido um fenômeno cada vez mais frequente na vida dos brasileiros. Após o anúncio da Petrobrás de que haveria aumento de 5,9% nas distribuidoras, o produto teve elevação de preço novamente na última semana. No Mato Grosso do Sul, o valor médio do botijão ficou em R$ 85,97, ou 2,3% mais caro que na semana anterior.
As consecutivas altas impactam quem atua com revendas do produto. O repasse do aumento aos clientes não é feito imediatamente, uma vez que essa medida assusta os compradores. De acordo com a proprietária de uma revenda da capital, Eli Simone, o prejuízo a cada elevação de preço é alto.
“Vai chegar o fechamento de mês. Você já pode colocar aí uma perda de R$ 10 mil a R$ 12 mil. E isso acontece toda vez que há aumento. Tivemos 5% de reajuste, mas só repassamos 2% ou 3% para que o cliente não fuja e perceba que realmente houve alteração de preço. Mesmo os gastos com divulgação para atrair clientes não são suficientes para compensar”, se queixa Simone.
A empresária comenta que os esforços são muitos a fim de recuperar as vendas. “Ou a gente apela para a companhia ou tentamos buscar mais público. Além do investimento em marketing, fazemos corte de despesas, até mesmo aquelas que são pessoais. Deixamos de sair, de comer melhor. Ainda assim, tive que demitir funcionário recentemente”, explica.
As circunstâncias atuais para quem revende o gás de cozinha são desafiadoras. O empresário se depara com clientes que não aceitam o aumento e atribuem a culpa ao dono da loja. Cerca de 15% dos fregueses de Eli Simone evadem de seu estabelecimento a cada elevação de preço. Eles procuram por valores mais baixos, mesmo que a diferença seja de R$ 2 ou R$ 3.
Clandestinidade
Outro obstáculo que gera dor de cabeça aos revendedores é a clandestinidade. À margem da ilegalidade, pontos de venda irregulares que não têm CNPJ, não emitem nota fiscal e não pagam impostos, comercializam o gás de cozinha a um preço mais barato do que o praticado em revendas autorizadas.
Conhecidos como ‘formiguinha’, esses locais prejudicam quem trabalha na formalidade, ofertando produtos com diferença de até cinco reais. Assim, muitos consumidores acreditam que não há reajuste justamente por encontrar em tais locais preços mais vantajosos.
Texto: Felipe Ribeiro