FOME: Coalizão Negra arrecada milhões para comunidades pretas do Brasil

g12

“Se tem gente com fome, dá de comer”. Esta é a campanha da Coalizão Negra Por Direitos para alimentar comunidades pretas do Brasil. Foram arrecadados mais de R$ 8 milhões e Mato Grosso do Sul vai receber um vale-alimentação mais um complemento de R$ 50,00 para aquisição de alimentos orgânicos da agricultura familiar local. Por enquanto, serão quatro comunidades sendo duas haitianas com uma em Campo Grande e outra de Três Lagoas, uma senegalesa, também na Capital e uma em Corguinho, a Quilombola Furnas de Boa Sorte. (veja o vídeo da campanha no fim da matéria)

A ação solidária está funcionando há 1 mês e fez um mapeamento brasileiro da fome onde constam 223 mil famílias passando necessidades em favelas, periferias, quilombos e também nas comunidades ribeirinhas. O organizador da ação é Douglas Belchior que apontou para o Jornal o Estado MS online a situação de atualmente 15 milhões de brasileiros vivendo sem as três principais refeições diárias. 

“Estamos distribuindo seis milhões de reais de alimentos no país. Vamos chegar em 30 mil famílias nesta semana. incluindo, Mato Grosso do Sul. Com este trabalho tão importante dirigido pela Romilda Pizani aí no Estado. Também há entidades de peso internacional em parceria com a coalizão como a Anistia Internacional entre outros e vamos continuar enquanto estiver esta crise”, pontua.

Douglas revela que já foram alcançados R$ 8 milhões de arrecadação na plataforma e existe o comprometimento de mais 8 milhões de reais das entidades internacionais. “Então, está garantido mais duas remessas de alimentação nas próximas semanas pelo menos. São  quase 20 milhões de pessoas passando fome hoje e não podemos ficar de braços cruzados”, avalia Douglas Belchior. 

campanha durante a crise

Na noite deste sábado (17), um dos impulsionadores da campanha, o artista Emicida, a divulgou durante o programa Altas Horas e destacou a importância fundamental da ação. Camila Pitanga e Zeca Pagodinho também fazem frente à ação.  

Douglas Belchior é professor de história e do movimento UNEAFRO Brasil (União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora). Ele está na Coalizão Negra junto com outras 200 organizações.  Eles formam uma rede, uma aliança nacional com organizações que desde sempre tem trabalho de luta contra o racismo e, desde o ano passado, de acordo com ele, tiveram que cumprir o papel e as obrigações não cumpridas pelo Estado. “Precisávamos fazer algo para  garantir a sobrevivência da população porque o Estado não faz. Foi uma necessidade imposta devido a um governo que não propõe. Paramos de fazer nossa atribuição original para fazer contingência e acompanhar pessoas doentes, fazer campanhas humanitárias, arrecadar dinheiro e distribuir alimentos”, explica.

A arrecadação da Coalizão Negra já é diferenciada por ser de movimento popular, social, porque, por exemplo, na captação de recurso fica evidente que ¼ do valor ao menos é investido em alimentos orgânicos de agricultura familiar. “Apoiamos os agricultores do campo para chegar à mesa do cidadão um alimento saudável e fora do circuito viciados dos hipermercados. Os produtores familiares  são enaltecidos e são do próprio território onde tudo é entregue. É investimento nos próprios territórios afetados pela fome, alimentando o comércio e a economia local”, analisa Douglas.

Mato Grosso do Sul

A coordenadora do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro de Mato Grosso do Sul, Romilda Pizani, explica que a Coalizão Negra agrega várias instituições que discutem a questão racial nacionalmente pensando exatamente nesta necessidade que a população de um modo geral está passando mais em especial a população negra. “Eles resolveram se unir. Desde então muitas ações têm sido feitas e uma delas é esta. A campanha está tomando uma abrangência muito grande e Mato Grosso do Sul foi um dos escolhidos para receber o vale-alimentação da ação para tentar minimizar o sofrimento do nosso povo”, aponta.

Cada família vai receber 140 reais junto com um vale de 50 reais da agricultura familiar. “É para que as pessoas tenham acesso a frutas, legumes e verduras para entendermos a importância desta agricultura familiar dentro do país. O Fórum vai receber para repassar para as comunidades selecionadas que, por enquanto, são quatro”, destaca Romilda. 

A escolha da porcentagem não veio tão expressiva e foi pelo número populacional.  “Mas pretendemos sim atender as outras comunidades a partir de doações do nosso Estado, então estamos recebendo doações. Infelizmente a pandemia atinge a todos, mas principalmente o Brasil e ainda mais especificamente a população negra. a arrecadação veio da iniciativa privada de vários artistas negros feito por uma campanha virtual. Anônimos e não anônimos, cada um dando um pouco de si e fazendo sua parte. Precisamos muito de divulgação desta campanha porque se tem gente com fomo precisamos dar de comer”, solicita Romilda.

 

 

 

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