Fiocruz aponta crescimento nos casos de Influenza em crianças e especialistas associam à retomada das aulas

Foto: Reprodução/Cottonbro/Pexels
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Por Kamila Alcântara [Jornal O Estado MS] 

O novo Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado na semana passada, mostrou um aumento dos casos associados a vírus respiratórios em crianças de 5 a 11 anos no mês de março. Sem a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção em escolas, as equipes são orientadas a não receberem crianças com sintomas de gripe, só que isso pode não ser o suficiente.

A investigação tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe, que compreende o período de 27 de março a 2 de abril. Essa pesquisa também aponta uma influência de casos associados ao VSR (vírus sincicial respiratório), que é responsável por infecções do trato respiratório inferior em crianças de 0 a 4 anos.

Os especialistas associam esse aumento ao retorno das aulas cem por cento presenciais e também ao “ciclo normal de imunização”, pois as crianças normalmente se contaminam com novos vírus quando passam períodos reclusas em suas casas.

“Os prontos atendimentos pediátricos estão bem lotados, em reflexo dessa volta para a sala de aula. São doenças sazonais e é importante falar em prevenção ainda no outono, mas é importante falar que não existe remédio para aumento de imunidade, muitas mães pedem isso em consultório. Só que não existe! Uma das formas de prevenção é fortalecer a imunidade com alimentação saudável, rica em frutas, legumes, verduras e proteínas, com baixo teor de açúcar”, explica a médica pediatra Jheth Jeanne Mundim.

Ela reforça que as gripes vêm com dia e hora para acabar, que é necessária muita paciência dos pais, pois não é com antibiótico o tratamento, mas com remédios que tratam os sintomas apresentados. É importante, também, que a criança beba muita água.

“Passamos medidas para o bem-estar da criança, para que o próprio organismo reaja contra esta gripe ou resfriado. Manter uma boa hidratação é importantíssimo! É comum a diminuição do apetite, mas os pais não podem deixar de estimular o consumo de líquidos e manter a lavagem nasal”, destaca Jheth.

Sobre a lavagem nasal, o doutor otorrinolaringologista Pedro Paulo diz que muitas doenças seriam prevenidas se todos lavassem o nariz com água e sal durante a vida. Ele ensina que, meio copo de água morna com uma pitada de sal serve como antisséptica, anti- -inflamatória, mucoliítica, e umedece a mucosa. Pode ser aplicada com seringas (para bebês) ou aspirar o líquido da palma da mão.

“Quando o vírus entra no nariz, fica estacionado por algumas horas na mucosa. Se a criança chegar em casa e lavar o nariz com água e sal, vai tirar a mucosa com vírus, evitando a contaminação. Acho que todo mundo deveria fazer essa lavagem durante toda a vida.”

Há casos de alunos que passaram toda pandemia isolados. Por isso, ao apresentar quaisquer sintomas gripais, os pais estão orientados a não levarem os filhos à aula.

“Minha filha menor até agora não gripou e eu estava até conversando isso com meus sogros. Acredito que ela só não ficou doente porque a creche não está deixando ficar as crianças com sintomas”, compartilha Angélica Nazaré de Jesus, mãe de três crianças em idade escolar.

Já Viviane Soares Monteiro, mãe do Nicolas, de 5 anos, adepta das receitas caseiras, diz que o menino ficou três dias com dificuldade para respirar e mel com chá ajudou na recuperação rápida. “Não levo ele para a escola doente, porque tenho medo de piorar ou dar febre. Logo que voltou para escola ficou um pouco ruim, mas dei mel e chá para ajudar e rapidinho ele ficou bem”, disse.

O pneumologista da Unimed Campo Grande Dr. Henrique Ferreira de Brito destaca ainda que o aumento acontece porque o vírus da influenza tem uma facilidade maior em circular mais em crianças. Durante um ano, ele pontua que de 10% a 20% das crianças terão contato com o vírus, e nos adultos a probabilidade é de 5% a 10%.

“Nem sempre o contato com o vírus ele causa uma infecção, mas ele pode transmitir o vírus. Nesta transição de estações, com a proximidade com o inverno o tempo fica mais seco e essa combinação favorece as infecções respiratórias. A melhor forma de prevenção é cuidar do ambiente que nos cerca com a renovação do ar, com a abertura de janelas e limpeza de ar-condicionado, em clima mais seco, utilizar umidificadores. Lavar bem as mãos, o álcool gel continua sendo um aliado e, em caso de sintomas respiratórios, seria importante manter o uso de máscaras”, finalizou

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