Excesso de encargos está entre as principais barreiras para prosperidade de empresários, diz pesquisa

Crédito: Edemir Rodrigues / Portal do MS
Crédito: Edemir Rodrigues / Portal do MS

Segundo os dados do relatório, para uma margem de 40% dos entrevistados, a política econômica tem grande influência no faturamento das empresas

A alta carga tributária, juros excessivos e burocracias em meio a gestão do empresariado, são as principais barreiras para a prosperidade dos comerciantes no Brasil, é o que revela uma pesquisa divulgada pela CDL (Câmara de dirigentes lojistas) de Campo Grande nesta quinta-feira (30). Segundo os dados do relatório, para uma margem de 40% dos entrevistados, a política econômica tem grande influência no faturamento das empresas.

O demonstrativo aponta ainda, que para 9, entre 10 empresários, a deficiência se resume ao conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas, trabalhistas e econômicas que puxam o freio de mão do crescimento do Brasil. Outros 34% responderam que é o excesso de burocracia para abrir, manter, fechar empresas, contratação e dispensa de funcionários que impedem o aquecimento econômico. Já 32%, dizem que as principais dificuldades apontadas são a carga tributária sobre fabricação e venda de produtos/serviços. O mesmo percentual, 32%, respondeu que é o alto custo para empregar/tributação elevada da folha de pagamento.

Luana Santiago é um exemplo claro de que se manter de portas abertas no mercado é uma tarefa de esforço árduo diário, que só é possível com constância e resiliência. “Abri a loja aqui em Campo Grande em maio de 2019, desde o início pago os impostos, o Mei, alvará, licença de publicidade, tudo e mais um pouco que é exigido pela lei. Antes mesmo de começar a ter qualquer tipo de lucro ou qualquer tipo de retorno da empresa, já pagamos por todos esses impostos. Faço compras de vestidos fora do Estado, e o preço pago pelo ICMS é altíssimo! Preço de um vestido que eu deixo de comprar, porque já sei que vai vir imposto para pagar”, relata.

Com a chegada da pandemia e o fim dos eventos, Luana precisou se reinventar para não precisar fechar a loja. Foi aí que encontrou uma maneira de ‘equilibrar’ a renda e os impostos. “Eu tive que modificar minha forma de trabalhar, além do aluguel de vestidos, comecei a trazer roupas do dia a dia. É claro que tive mais impostos para pagar, mas inovei. É chocante o valor que pagamos apenas de impostos! Já não basta tudo que está acontecendo nesse país, a gente tentando sobreviver a esse novo normal, ainda temos que pagar valores altíssimos para impostos, juros, entre outros”, destaca.

“Hoje em dia um empresário, micro, grande, o que for nesse país deve ser  aplaudido de pé! Porque conseguir se sustentar, pagar suas contas e sustentar sua empresa não é fácil, tem que trabalhar, ralar, de 12h a 14 horas por dia e quando vai pra casa a cabeça não para, vai a mil, fazendo contas e vendo o que pode fazer para que a empresa prospere”, conclui.

Para o presidente da CDL, Adelaido Vila, a situação chega a ser injusta e de grande empecilho para a prosperidade no setor comercial.  “O empresário luta diariamente para pagar as altas cargas tributárias, cargas essas que se fossem mais justas e dentro da realidade vivida em todo o país, proporcionaria o crescimento das empresas”, ressalta.

Vila chama atenção e diz que todo o sistema tributário e administrativo brasileiro precisa ser revisto. “A forma como funciona hoje e quantidade de burocracia deixa todo o processo mais lento e caro, dificultando a sobrevivência de qualquer empresa. Isso precisa mudar com urgência”.

Metodologia

Segundo a Câmara de dirigentes lojistas de Campo Grande a pesquisa foi desenvolvida com proprietários, ou responsáveis pela gestão de empresas do setor de comércio varejista e serviços, em todos os estados brasileiros. O diagrama levou em consideração empresas com pelo menos um funcionário.

É importante destacar ainda que toda pesquisa conta com uma margem de erro, no caso esta, possui 4.0 pontos percentuais, com intervalo de 95% de confiança. O período de abordagem dos entrevistados foi de 01 de julho a 11 de agosto, deste ano.

Karine Alencar

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