Ex-prefeitos avaliam suas gestões e como administraram a cidade de Campo Grande

Fotos: Marcos Maluf
Fotos: Marcos Maluf

De 1997 a 2022, cinco gestores foram responsáveis pelo desenvolvimento da capital de MS 

 

No decorrer de seus 124 anos de história, Campo Grande, a capital de Mato Grosso do Sul, tem passado por diferentes etapas de desenvolvimento e administração. Para celebrar essa trajetória, o jornal O Estado conversou com os últimos cinco prefeitos da cidade, que compartilharam suas visões sobre suas gestões, realizações marcantes e desafios enfrentados. De 1997 até 2022, correspondente a um quarto de século com esses administradores.

O jornal O Estado entrevistou os ex-prefeitos: André Puccinelli (MDB), Nelsinho Trad (PSD), Alcides Bernal (sem partido), Gilmar Olarte (sem partido) e Marquinhos Trad (PSD)

Em uma análise breve, as gestões dos últimos cinco prefeitos de Campo Grande mostram um quadro variado de realizações, desafios superados e avanços significativos na infraestrutura, educação, saúde e segurança da cidade. Cada um trouxe suas perspectivas únicas para a administração da capital sul-mato-grossense, contribuindo para sua contínua evolução, ao longo dos anos. 

 

André Puccinelli (MDB) – 1997 a 2004

André Puccinelli, ex-prefeito e ex-governador, exaltou a transformação que ocorreu durante sua gestão, que se estendeu de 1997 a 2004. Ele destacou a formação de uma equipe competente, que contribuiu para sua administração bem-sucedida. Duas realizações, em particular, foram mencionadas: em 1999, durante o Centenário de Campo Grande, todas as escolas e creches da cidade foram informatizadas, para o benefício das crianças. Além disso, a Capital sul-mato- -grossense se tornou a primeira no Brasil a erradicar favelas.

“Avalio igual à população. Boa administração graças a Deus, não só a mim e sim pela montagem de equipe coesa e competente. Primeiro destaque é que Campo Grande foi a primeira capital brasileira a ter todas as escolas e creches informatizadas, para uso e aprendizado das crianças, isso no ano de 1999, no Centenário de Campo Grande. O segundo destaque é que fomos a única Capital brasileira a erradicar favelas.”

Puccinelli diz que foi feito tudo o que a população solicitou, à época. “Fomos nós que instituímos os Conselhos Regionais com participação no Planurb (Instituto de Planejamento Urbano de Campo Grande), também instituímos fiscalização para que as determinações emanadas fossem cumpridas. Foi um período de muito trabalho”, disse Puccinelli, que finalizou informando que a cidade será reconstruída. “Campo Grande outrora um deserto é uma joia de fino lavor, diz o hino. Vamos reconstruí-la. Nossa filha assim o merece.”

ANDRÉ PUCCINELLI

Foto: Valentim Manieri/Jornal O Estado MS

Nelsinho Trad (PSD) – 2005 a 2012

Nelsinho Trad, que sucedeu Puccinelli, governou Campo Grande de 2005 a 2012. Sua administração se destacou pela continuidade das obras iniciadas anteriormente e pela construção de escolas e unidades básicas de saúde. Além disso, ele liderou projetos de pavimentação nos bairros, contribuindo para a melhoria da infraestrutura urbana da cidade.

“Avalio de forma muito positiva tudo o que nós nos propomos a fazer, pois a gente conseguiu executar, e tornamos a Capital uma cidade bem planejada, bem organizada, saímos com recursos financeiros depositados no caixa da prefeitura, sem atrasos de salários, com uma satisfação de mais de 80% da população. Segundo o Ibope, foi a capital do Brasil mais bem avaliada dentre as Capitais brasileiras, que terminaram o mandato em 2012. Sou o prefeito com mais de mil obras”, destacou Nelsinho. Sobre as realizações, ele cita que foram feitas mais de 1.044 obras, como parques lineares com caminhos rápidos, seguros, verdes e saudáveis, ciclovias passaram de 20 km para 90 km. E houve investimentos em educação, com escolas inauguradas, de período integral.

Sobre o que gostaria de ter feito e não conseguiu, ele cita a revitalização da Orla Ferroviária. 

“Eu gostaria ter concluído. Eu imaginei fazer naquele corredor um festival gastronômico periódico, aproveitando a ideia das Festas das Nações, que foram feitas na gestão anterior a mim e que era algo que movimentava a cidade, a economia e, mais do que isso, as colônias que residem em Campo Grande. Esse projeto foi abandonado e a Orla Ferroviária virou um local esquecido, sinistro, muito triste.” 

O senador destaca as necessidades urgentes da cidade. “Independentemente de quem é eleito, é preciso olhar a gestão pública com a visão técnica e não política. Por esse, desse ou daquele partido, não se pode parar o que já vinha sendo feito, é necessário ter empreendedorismo e manter o que é bom, dar continuidade pelo bem maior que são as melhorias para Campo Grande e manter a população feliz.

“Campo Grande é uma cidade incrível. Aqui é lugar de oportunidades. Quem vive aqui se depara com uma cidade próspera, o clima é agradável e o seu cenário é inesquecível. Temos uma paisagem com ruas arborizadas e urbanismo planejado. Fiz um vídeo em homenagem a Campo Grande, com destaque para o que, talvez, poucos tenham observado. Você já viu neve nesta terra de solo marrom, que ganhou o apelido de Cidade Morena? Confira, no dia 26, nas minhas redes sociais”, finalizou o senador Nelsinho Trad.

 

Alcides Bernal (sem partido) – 2013 a 2016 

Após um período de continuidade com Nelsinho Trad, Alcides Bernal assumiu a prefeitura em 2013, passando por duas gestões intercaladas por um curto período. Sua administração enfrentou turbulências e desafios mas, mesmo assim, Bernal destaca alguns feitos relevantes sob seu comando.  

“Avalio minha gestão de forma positiva porque serviu como divisor de águas. Ficou escancarado que a casta política que domina os poderes em Campo Grande é alvo da rejeição da maioria da população. O povo quer gestão pública eficiente, que priorize as pessoas”, disse ele que também pontuou setores de cuidado na administração.

“Levar saúde, educação, assistência social, segurança a todos os bairros e revitalização da malha viária da capital (acabar com a máfia do tapa-buraco). Precisa-se voltar com o fluxo de pessoas na região central, liberar estacionamento e atrair público ao comércio.”

Sobre os feitos, Bernal destaca recursos e aplicações. “Quando fui prefeito encontrei o nome de Campo Grande sujo, com obras paradas e perdendo recursos nacionais e internacionais. Consegui limpar o nome da cidade e garantir centenas de milhões de dólares, que meus sucessores puderam usar. Campo Grande só tinha três UPAs, eu entreguei mais três e credenciei todas para serem custeadas pela União. Entreguei milhares de casas. Organizei e levei a Guarda Municipal, comprei carros e motos, criei os quartéis e bases.” 

Sobre o que gostaria de fazer e não conseguiu, disse: “eu queria cumprir o mandato normalmente, para cumprir o plano de governo de tornar Campo Grande progressista e fraterna, mas a organização criminosa desvendada na Operação Coffee Break não permitiu”.

Bernal desejou felicitações aos campo-grandenses pelos 124 anos. “Cumprimento a todos os moradores de Campo Grande pelo aniversário, desejando uma cidade próspera, com Justiça e trabalho para todos.” 

Aaquivo/ O Estado Online

Gilmar Olarte (sem partido) – 2014 a 2015

 

Durante o período conturbado de Alcides Bernal, Gilmar Olarte, o vice-prefeito, assumiu brevemente a prefeitura. Olarte aponta a inauguração do Hospital Pediátrico como uma realização significativa. “Apesar das circunstâncias difíceis e adversas, eu avalio minha passagem pela prefeitura como positiva. No pouquíssimo tempo que ficamos (um ano e meio, aproximadamente) mostramos que é possível resolver algumas situações de gestão pública. Por exemplo, a saúde, com o centro municipal pediátrico”, disse Olarte.

Segundo ele, o centro pediátrico arrendado na Av. Afonso Pena foi um marco de sua gestão, assim como a inauguração da Casa da Mulher Brasileira, com verba federal. Ele cita também o recapeamento da avenida Guaicurus junto a uma drenagem. O asfaltamento do Nova Lima e todos os bairros ao entorno. Além disso, afirma que sua gestão foi humanizada e com valorização do servidor público. 

“Outro ponto importante foi a Guarda Civil Municipal, que passou a ter a sua própria secretaria. Nós envidamos esforços junto a Brasília e trouxemos viaturas, motos, começamos a armar a guarda, treinar e prepará-la para atuar.”

Sobre o que gostaria de fazer e não conseguiu, Olarte cita que várias ações poderiam ter sido ampliadas. “Era perfeitamente possível ampliar as ações que já vínhamos fazendo, com reformas de Cras, usando menos recurso, com a mão de obra de servidores da prefeitura. Era possível fazer com muito menos e isso incomodou muita gente. Gostaria de mais dois centros municipais de saúde, voltados a outras faixas etárias. E o asfalto de Campo Grande, que está muito sofrido, seria recapeado. E não é só a vontade da gente, tem que haver um trabalho a 8 mãos para conseguir esses recursos e viabilizá-los.”

No aniversário da cidade, Olarte faz felicitações. “Nesse aniversário de Campo Grande, diria que Campo Grande é uma cidade privilegiada e, mais do que isso, abençoada. Uma cidade que tem diferenciais da maioria das cidades do Brasil. Como Capital do Estado, tende a crescer, até porque Mato Grosso do Sul é a bola da vez de crescimento do país. Então, desejo que a cidade vá bem e que absorva, todo esse desenvolvimento econômico de forma positiva.”

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Marquinhos Trad (PSD) – 2017 a 2022

Marquinhos Trad, eleito e reeleito, governou Campo Grande de 2017 a 2022. Ele destaca o orgulho renovado dos moradores da cidade, graças a conquistas significativas. Marquinhos enfatiza que sua administração liderou a criação de moradias para os menos favorecidos, tornando a capital mais segura e cuidando de todos, durante a pandemia. Além disso, ele ressalta o progresso em superar desafios econômicos e políticos herdados da gestão anterior

“Recuperamos o orgulho campo-grandense. Tornamos Campo Grande a Capital que mais criou moradias para os mais pobres; tornamos a capital mais segura do Brasil; cuidamos de todos durante a pandemia, até de irmãos de outros municípios”, disse Marquinhos, que falou sobre a avaliação da gestão: “uma avaliação extremamente positiva, porque além do que citamos, retiramos a nossa Campo Grande do caminho do abismo econômico e político, em decorrência das dificuldades da administração anterior e avançamos com vigor na estruturação das bases para o desenvolvimento sustentável e Justiça social. Cuidamos das pessoas com mais inclusão e oportunidades para todos”.

Sobre as realizações do período em que governou, o ex-prefeito cita que houve avanços em todos os setores, como infraestutura urbana; escolar, saúde pública, habitação, assistência social, bem-estar animal e desenvolvimento urbano, tecnologia, juventude, Casa da Mulher e crescimento sustentável. “Campo Grande cresceu e cresceu forte, em nossa gestão”, disse. 

Destacando o que gostaria de ter feito e não conseguiu, Marquinhos indica que o período da pandemia prejudicou seu segundo mandato. “Se não consegui, não foi porque não quis, mas porque não pude, em decorrência da pandemia, mas, mesmo enfrentando-a, conseguimos superar os principais problemas e lançar as bases estruturais para a continuidade do crescimento da cidade”. 

Ele afirmou ainda que se a prefeita Adriane Lopes (PP), que foi sua vice, manter o ritmo da gestão irá atender às urgências da cidade. “Se mantiver o ritmo da nossa gestão, já está de muito bom tamanho, porque estávamos pontuando entre as melhores Capitais do país, em termos de qualidade de vida.”

Sobre o que diria nesse aniversário de 124 anos de Campo Grande, o ex-prefeito deseja bençãos à Cidade Morena. “Que Deus abençoe Campo Grande e ilumine seu povo, para viver em uma cidade fundada nos valores da paz e do trabalho.

Arquivo/ O Estado Online- Valetin Manieri

Por Rayani Santa Cruz – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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