Disputa para vereadores deve depender de alianças à majoritária
Em entrevista ao jornal O Estado sobre as eleições municipais deste ano, o cientista político Tércio Albuquerque, prevê que mais da metade dos vereadores sejam substituídos na Câmara da Capital. “É quase certo de que para as eleições de 2024 haja uma renovação superior a 50% na Câmara Municipal de Campo Grande”, afirmou Tércio.
Essa avaliação do cientista político levou em consideração dados de pesquisas realizadas durante o mandato dos vereadores que apontam a crescente insatisfação da população com a atuação dos parlamentares atuais.
“Isso nós podemos considerar, em primeiro lugar, o próprio desgaste que envolve os atuais vereadores, porque segundo as pesquisas e os levantamentos que foram feitos durante toda a legislatura, essa composição atual do Legislativo Municipal não atendeu às expectativas dos eleitores. Isso, por si só, acaba por ser uma contribuição contra os candidatos que concorrerão à reeleição, em que, pese o presidente Carlão ter aí uma possibilidade, caso não se lance efetivamente à candidatura da Prefeitura, mas os atuais vereadores terão concorrências pesadas de pretensos candidatos a ocuparem suas vagas”, disse Tércio.
Além disso, ele pontua que muitos dos que foram deputados estaduais e que têm domicílio eleitoral em Campo Grande, vão agora pleitear a vaga na Câmara.“A gente sabe que o próprio ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD), pretende voltar a candidatura sua à Câmara Municipal. Nós temos Maurício Picarelli, nós temos lá da Assembleia Legislativa, Capitão Contar (PRTB), enfim, tantos outros que vão efetivamente criar uma nova visão do que seria o pleito municipal.
Quando estavam estes em mandatos, tanto no Executivo quanto no Legislativo Estadual e Municipal, permitiram então a composição atual. Então, sem dúvida nenhuma, a expectativa é que haja uma renovação superior a 50%”, explica.
Legenda partidária
Já o cientista político, Daniel Estevão disse que de modo geral, eleições para vereadores são bem disputadas. Embora o número de votos para se eleger não seja alto (em comparação com outros cargos), há muitos candidatos na disputa, o que pulveriza a votação.
“Por outro lado a legenda partidária é fundamental, e o dilema é: se for para um partido grande, provavelmente o quociente eleitoral desse partido será suficiente para eleger mais de um candidato. O problema aqui é que tais partidos têm mais concorrência interna e o candidato vai ter que superar concorrentes talvez mais fortes. Por outro lado, a pessoa pode ir para um partido menor, em que seus votos o colocarão nas primeiras posições do partido, mas se o partido não alcançar o quociente eleitoral, não será eleito”, disse Daniel.
No entanto, na sua opinião o número de candidatos reeleitos ainda vai ser maior nesta eleição. “Com relação à renovação em si, geralmente quem já se elegeu, tende a tentar manter suas bases e consolidar apoios para a reeleição. Mas, toda eleição há surpresas e, é claro, algum nível de renovação, embora a reeleição predomine porque o elemento do quociente eleitoral gera uma incerteza grande: não basta o candidato em si ter muito voto”, diz.
Outro fator que deve desequilibrar a balança, segundo ele, será a disputa para o cargo de chefe do Executivo Municipal, que ocorre junto com a dos vereadores.
“Eleições para vereador tem uma lógica muito própria, que depende, em muitos casos, de boas alianças. Em Campo Grande, a disputa para a prefeitura será acirrada, ao que tudo indica. Isso deve impactar nas eleições de vereadores, pois os candidatos a prefeito podem alocar ainda mais recursos em candidaturas de vereadores, que eles julgam ser mais promissoras”, finalizou.
Por Daniela Lacerda
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