[Por Bruna Marques e Michelly Perez – Jornal O Estado de MS]
Adriane Lopes diz que a fórmula será trabalhar em todas as áreas, e os principais compromissos são concluir as obras e despertar novas lideranças femininas
Unindo a experiência em empreendedorismo, ações sociais e política, Adriane Lopes assumiu, no dia 4 deste mês, o comando da Prefeitura de Campo Grande. Após o até então prefeito Marquinhos Trad deixar a chefia do município para disputar o Governo de Mato Grosso do Sul. Nascida em Grandes Rios, no Paraná, a nova prefeita da Capital é formada em Direito e Teologia e pós-graduada em Administração Pública e Gerência de Cidades. Além disso, também é formada em Coach e Líder Coach pelo IBC (Instituto Brasileiro de Coaching).
Para quebrar com o paradigma de que as mulheres podem contribuir apenas com as ações voltadas para o assistencialismo, Adriane chega para revelar que, por meio do diálogo direto com a população e escutando os anseios dos campo-grandenses, vai dar continuidade ao trabalho desenvolvido ao lado de Marquinhos Trad.
“Nosso plano foi feito ouvindo sempre a população e as necessidades da nossa cidade, e a gente sabe que a execução até o fim desta gestão é a nossa meta. A gente pretende trabalhar de forma técnica, acompanhando o planejamento e a execução. Esta é a minha meta: dar continuidade, mas trabalhar de forma técnica”, destacou.
Sobre conquistar metas pessoais e profissionais, a chefe do Executivo municipal conhece bem. Desde o começo de sua história como empreendedora, ela precisou se reinventar com a venda de sorvetes, de porta em porta. Anos mais tarde, atuando no âmbito do Direito, defendeu famílias em situação de vulnerabilidade social e também trabalhou na Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), onde ampliou os seus conhecimentos sobre a segurança pública, bem como ao assistencialismo, por meio da execução de projetos sociais. “Ser prefeita será a coroação talvez de um sonho.
Nós mulheres sempre nos espelhamos em alguém e eu acredito que o meu posicionamento vai despertar novas lideranças não só politicas, mas em todos os segmentos da sociedade de Campo Grande”, pontuou em entrevista ao jornal O Estado.
O Estado: Qual o primeiro ato que pretende fazer ao assumir a Prefeitura de Campo Grande?
Adriane: Geralmente quando se olha para uma mulher estando na política já se tem aquele estigma de que vai fazer projetos sociais ou trabalhar na área de assistência social ou assistencialismo. Eu quero é fazer gestão pública, quero poder mostrar para Campo Grande que uma mulher pode dar a sua colaboração. De que forma? Trabalhando em todas as áreas, gerando desenvolvimento, trabalhando na área de cultura.
Eu falo de uma educação mais próxima, fazendo com que as mães de todos os alunos da Rede Municipal de Ensino participem mais da educação dos próprios filhos e do desenvolvimento da educação do município. Porque acredito que, quando ouvem mais, a gente acerta. Eu recebi no meu gabinete um grupo de mães da rede de ensino com algumas reivindicações.
Naquela reunião a gente trocou experiências e houve desenvolvimento de novas possibilidades na educação do município de Campo Grande, vindo de uma discussão de mães. Vejo que essa troca é muito importante para o crescimento de políticas desenvolvidas para a população.
O Estado: Haverá mudanças no secretariado, já que alguns nomes sairão para disputar as eleições?
Adriane: Temos conversado bastante com o prefeito Marquinhos Trad. Discutido o assunto. O time com que estamos trabalhando foi escolhido por ambos. Muitos dos secretários discutimos o currículo, avaliamos antes de estarem ocupando o cargo. São pessoas técnicas, preparadas, capacitadas e a gente não pretende mudar. Claro que teremos situações de mudança para aqueles que colocarem seus nomes para aprovação de cargo público. Mas neste primeiro momento não pretendemos fazer alterações nem mudanças.
O Estado: Tem conhecimento sobre como vai pegar a casa?
Adriane: Tenho trabalhado e participado de reuniões de planejamento da execução de plano de governo. Então, nós temos metas. Cada secretaria a gente trabalha com dados numéricos. Isso nos traz tranquilidade. A gente tem a visão da execução. A gente sabe quantos por cento hoje a Agetran entregou daquilo que foi proposto do nosso plano de governo.
Nosso plano foi feito ouvindo a população, a necessidade da nossa cidade, e a gente sabe que execução até o fim desta gestão é a nossa meta. A gente pretende trabalhar de forma técnica, acompanhando o planejamento e a execução. Esta é a minha meta: dar continuidade, mas trabalhar de forma técnica. Acompanhando dados e ouvindo a população.
O Estado: A prefeitura enfrenta dificuldades, pois 65% da receita é para pagar a folha salarial. Pretende enxugar as despesas?
Adriane: O número de servidores sempre vai ter de aumentar. Na educação, abrimos oito novas unidades escolares. Nós tínhamos, quando assumimos a prefeitura, duas escolas públicas de tempo integral. Hoje temos cinco. Mais que dobrou. Como vou dizer que não vamos ampliar o número de professores? Não vamos abrir mais concurso público? A cidade vai crescendo, as possibilidades vão acontecendo e vamos administrando conforme as necessidades.
Nós temos em Campo Grande mais de 202 escolas municipais e não só na educação, mas em todas as outras áreas que estão em expansão, nós temos de administrar o recurso de forma equilibrada e tentando todo o tempo reduzir gastos, que é o papel do gestor. Mas, a gente sabe, é uma situação que o país está passando pós-pandemia, causou vários desequilíbrios de algumas áreas da sociedade e isso afeta o Poder Público.
O Estado: Outro problema enfrentado é infraestrutura. Diversas obras foram iniciadas na região central e vêm travando o trânsito. Como acelerar essas obras?
Adriane: Essas execuções venho acompanhando de perto. Toda obra vai trazer um tipo de transtorno. Nós podemos avaliar a Rua 14 de Julho, no período em que iniciamos; foi muito difícil tanto para os comerciantes, empresários e para o Poder Público. Se eu tinha um recurso e aquele recurso era destinado para aquela obra, eu tenho de executar pois vou responder por improbidade administrativa.
O Estado: Marquinhos Trad prometeu obras na antiga rodoviária, construção de condomínios no bairro Cabreúva e a retomada do Centro Belas-Artes. Vai deixar o mandato sem iniciar. Como vão ficar esses projetos?
Adriane: Uma das maiores dificuldades nesse período de pandemia, do Poder Público, tem sido as empresas abandonarem a execução das obras, diante do valor de mercado, de todos os insumos que são necessários, e estamos tendo uma dificuldade porque muitas obras estão sendo relicitadas para que tenham continuidade.
ós já retomamos as obras do Belas-Artes, fizemos o lançamento de novo, mais uma vez a empresa que foi licitada se comprometeu a terminar, e o projeto da antiga rodoviária está pronto, já foi lançado também e pretendemos trazer para aquele local a agência de empregos do município e a Guarda Municipal.
O entorno da antiga rodoviária já foi todo recapeado, os bancos, o mobiliário já estão prontos e serão instalados possivelmente a partir dessas próximas semanas, então aquele lugar já está tendo uma cara nova e pretendemos logo, em um futuro bem próximo, reinaugurar aquele prédio trazendo de novo o trânsito de pessoas.
Uma agência de empregos naquele lugar vai mudar as características na área que é destinada à prefeitura. Aquelas pessoas que estão em situação de vulnerabilidade terão de se refugiar na rede de apoio que criamos. Não queremos que eles mudem de lugar, queremos que eles aceitem o atendimento dessa rede de apoio, onde eles são atendidos pelo setor psicossocial e poderão ser encaminhados para um dos nossos abrigos municipais, aqueles que não tiverem família, mas nós também podemos encaminhá-los para o mercado de trabalho e gerar transformação.
O Estado: Qual será sua relação com a Câmara Municipal de Vereadores. Acredita que sofrerá oposição?
Adriane: Nós já temos um bom relacionamento com a Câmara Municipal, esse bom relacionamento afeta incisivamente a prestação dos nossos serviços. Um Poder Executivo tem de caminhar pari passu na mesma direção, porque os interesses que nós vamos atender são os mesmos, o interesse da população é que nos ajuda a fazer gestão. E o Poder Legislativo trazendo demandas dos bairros.
Nós já temos um alinhamento, estamos trabalhando juntos nesta gestão há cinco anos, e eu acredito que não teremos problemas em dar continuidade a esta parceria de trabalho. Se tiver oposição pretendemos conversar com a oposição, porque a oposição também nos ensina a fazer gestão, temos de ter ouvido não só para os parceiros, mas também para aquele que se opõe àquilo que estamos fazendo. É assim que se tomam decisões mais assertivas, ouvindo e chegando a um denominador comum.
O Estado: Como fica seu posicionamento como prefeita em apoio à disputa ao governo. Vai se manter neutra pensando na questão administrativa?
Adriane: Nós acreditamos, já tivemos o lançamento como pré-candidato do Marquinhos, ele é um nome muito forte, está preparado e entendemos que, se realmente chegar a data em que ele precisa tomar essa decisão de renunciar, estamos dispostos a abraçar aquilo que nós dois nos propusemos para Campo Grande e trabalhar na execução efetiva de todas as propostas que nós colocamos para nossa cidade e para a população de Campo Grande, que é quem nos ajudou a formatar nosso plano de governo.
O Estado: Estar como prefeita é a realização de um sonho?
Adriane: Ser prefeita será a coroação talvez de um sonho e uma possibilidade de, como mulher, fazer história na nossa cidade, com trabalho sério e muita vontade de executar e atender os anseios do nosso povo e da nossa cidade de Campo Grande.
O Estado: A mulher vai sentir representada?
Adriane: Com certeza, nós mulheres sempre nos espelhamos em alguém e eu acredito que o meu posicionamento vai despertar novas lideranças não só políticas, mas em todos os segmentos da sociedade de Campo Grande. Uma mulher, quando se posiciona, ela influencia outras mulheres.
O Estado: Neste ano de eleição como será o posicionamento do Patriota?
Adriane: Neste ano de eleição estamos apoiando o pré-candidato ao Governo do Estado Marquinhos Trad e um posicionamento de crescimento. Estamos em um avanço político e pretendemos expandir por todo Mato Grosso do Sul.