Em MS partidos trabalham na filiação de mulheres para alcançar cota mínima

Foto: Valentin Manieri
Foto: Valentin Manieri

Texto: Rafaela Alves [Jornal O Estado MS]

Partidos buscam ficar acima do mínimo para não evitar risco com desistências

Com a lei que obriga ter nas chapas proporcionais das eleições deste ano ao menos 30% de candidatas mulheres, partidos disputam filiações daquelas interessadas em pleitear um mandato na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul ou na Câmara dos Deputados. As siglas aqui querem filiar mais que o percentual mínimo previsto. Isso porque eles não querem correr o risco de haver desistências que podem alterar a proporção.

Vale destacar que cota de no mínimo 30% de candidaturas não é aplicável somente para candidaturas femininas. É possível ter o inverso, ou seja, 30% de homens e 70% de mulheres em uma chapa. Conversamos com lideranças de diretórios no Estado, eles ainda não falam muito em nomes, mas asseguram que estão trabalhando nas filiações do maior número de mulheres.

Simone Xucra (MDB), vereadora no município de Água Clara, é um dos poucos nomes que já foram divulgados. Ela vai concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. A vereadora afirmou que a exigência imposta pela lei, garantindo a cota mínima de 30% por gênero, vai resultar em um aumento expressivo no número de candidatas mulheres.

“Isso no meu ponto de vista é importantíssimo para a democracia brasileira, embora a quantidade de mulheres nos Poderes de decisão permaneça significativamente menor em relação à de mulheres na sociedade. Ainda estamos longe de atingirmos a igualdade dentro da política”, ressaltou.

Sobre o partido, Xucra relatou que o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) tem buscado mulheres de todos os cantos do Estado, para que essa representatividade seja garantida nessa eleição. “Tive a oportunidade de conhecer recentemente algumas mulheres que irão disputar comigo nesse pleito, mulheres de diversos segmentos. Isso mostra que teremos candidatas mulheres para todos os gostos da população sul-mato- -grossense”, disse.

O PT (Partido dos Trabalhadores) pretende filiar um número além do percentual mínimo de 30% e para isso, segundo o presidente estadual do partido no Estado, Vladimir Ferreira, o PT está trabalhando na filiação de pré-candidatas. “Queremos ir além dos 30% de participação feminina nas nossas chapas e para isso já estamos trabalhando”, assegurou.

Um dos nomes com possibilidades de disputar pelo PT uma vaga na Câmara dos Deputados é a vereadora eleita na última eleição municipal da Capital, Camila Jara. Ainda não houve o lançamento de sua pré-candidatura, mas ela tem postado algumas indiretas que disputará a eleição deste ano em suas redes sociais.

A senadora Soraya Thronicke, presidente estadual do União Brasil, partido que nasceu da fusão do PSL (Partido Social Liberal) e o DEM (Partido Democrático), revelou que a estratégia do partido é filiar ao menos uma mulher a mais para que se aconteça alguma desistência a chapa não perca também dois homens.

“Vamos trabalhar para ter mais candidatas mulheres que a lei exige, até mesmo por estratégia se alguma mulher desistir da disputa. Ao todo, queremos fazer ao menos três deputados estaduais e dois deputados federais”, anunciou.

Números

Conforme o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a candidatura de mulheres vem crescendo no país e esse aumento já foi percebida nas eleições municipais de 2020. Segundo dados foram eleitas 10.824 das candidaturas femininas para compor as câmaras de vereadores. O número representa apenas 15,7% dos assentos disputados no país inteiro.

Entretanto o número representa um avanço, isso porque nas eleições de 2016, foram eleitas apenas 9.239 vereadoras, o equivalente a 13,4% do total de cadeiras das câmaras municipais de todo o país.

Votos em dobro

Além da cota mínima, para estimular ainda mais a candidatura de mulheres, e neste caso de negros também, foi aprovada na reforma eleitoral a Emenda à Constituição (EC) nº 111/2021 que determina que, para fins de distribuição, entre os partidos políticos, dos recursos do FRFC (Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha) – também conhecido como Fundo Eleitoral –, serão contados em dobro os votos dados a candidatas mulheres ou a candidatos negros para a Câmara dos Deputados nas eleições realizadas de 2022 a 2030. A regra é transitória e os votos serão contabilizados uma única vez, ou seja, sexo ou raça.

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