“É uma pena politizar a vacina para covid-19”, destaca infectologista Julio Croda sobre proposta de retirada do imunizante

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Ministério da Saúde também se mostrou contrário à tentativa de suspensão do item no Calendário Nacional

 

Deputados lutam para retirar a vacina da Covid-19 do calendário infantil. A iniciativa da deputada Julia Zanatta, (PL/SC) tenta suspender a incorporação do imunizante ao Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 6 meses a 5 anos. Desde o começo do ano, todas as crianças nessa faixa etária devem receber as duas doses que compõem o esquema básico.

O recurso foi aprovado por 28 votos – sendo 25 do PL, um do União Brasil, um do Novo e um do PP- contra 14 na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e agora precisa ser analisado pelo plenário da Casa. Ainda não há data para a votação do recurso.

A deputada Julia Zanatta autora do projeto argumenta que a vacina contra a covid-19 não teria sido suficientemente testada “pelo tempo”, sujeitando os pais e responsáveis “a penalidades diversas, inclusive a perda da guarda dos filhos”. Organizações científicas e o Ministério da Saúde rejeitam o argumento da relatora.

Contra essa decisão, o Ministério da Saúde reforçou, a importância da vacina contra a covid-19 para crianças. A medida tem o objetivo de frear o avanço, na Câmara dos Deputados, de projeto de decreto legislativo que quer excluir a vacina do calendário infantil.

Quem também se mostrou contrário com o debate sobre o possível fim das vacinas contra covid para aplicação em crianças foi o médico infectologista, Julio Croda, que desde o início da campanha de aplicação destacou a importância da proteção infantil.

“É uma pena politizar a vacinação para covid 19, hoje no Brasil temos dois grupos que são mais acometidos pela covid: as crianças, principalmente as menores de 2 anos, que nunca foram expostas ao vírus, então estão vulneráveis a pegar uma infecção e desenvolver a doença grave e os idosos que possuem comorbidades e respondem menos às vacinas e precisam de um reforço a cada seis meses, junto com os imunossuprimidos”, alertou.

O especialista pontua ainda, que nos casos das crianças menores de 2 anos, o imunizante evita óbitos e até mesmo, o desenvolvimento da doença nos níveis mais graves.

“Então é importante que a criança tenha pelo menos um esquema vacinal completo, para garantir algum tipo de imunidade no momento do contato e que não desenvolva as formas mais graves. As demais vacinas do calendário vacinal também têm a sua importância, uma das que a gente mais usa é a de tuberculose na infância. A vacina do covid previne mais óbitos que a BCG, então é importante que a vacina se mantenha no calendário principalmente para as menores de dois anos”, completou.

Capital mantém orientação para aplicação

Em Campo Grande, segundo a superintendente de Vigilância em Sesau (Saúde da Secretaria Municipal de Saúde), segue as normativas do Ministério da Saúde e do Programa Nacional de Imunização. “Enquanto o Programa não alterar nós vamos manter como está, imunizando as crianças, reforçando a importância da imunização após surto gripal”, pontuou.

Em Campo Grande, entre as crianças e adolescentes, que compreende a faixa-etária de 5 a 16 anos, foram 80.962 mil vacinados com ao menos uma dose, o que representa pouco mais de 65% do público estimado em 160 mil pessoas.

Ainda de acordo com a Sesau (Secretaria de Estado de Saúde), desde o início da vacinação no município, 789 mil pessoas foram vacinadas com ao menos uma dose em Campo Grande. Isso representa cerca de 90% de toda a população da Capital. Neste ano, a vacinação da covid-19 passou a ser destinada apenas aos públicos classificados como prioritários, sendo a aplicação a cada seis meses para os idosos acima de 60 anos e em dose anual para os demais.

 

Por Thays Schneider

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