“Cordão Valu, Uma História de Amor e Resistência” traz a história deste bloco no olhar documentado da produtora e documentarista Lizandra Moraes. “Tudo começou em 2018 quando o Ministério Público de Mato Grosso do Sul queria acabar com a festa no centro histórico em Campo Grande, então começamos os registros desta luta popular cultural de resistência por meio do documentário”, destaca Lizandra.
O bloco de rua CORDÃO VALU é pioneiro em se firmar como bloco independente, abrindo espaço para que novos blocos ao longo dos anos surgissem sob o mesmo mote em Campo Grande-MS. Ele foi criado como um sonho de um grupo de amigos em 2006, com o objetivo de fazer renascer a consciência sobre a ocupação das ruas da cidade por meio do Carnaval, além de divulgar e promover a Capital do Pantanal, mantendo até hoje a tradição de fazer seu cortejo na parte histórica da Cidade. Passados 12 anos, há 50 membros fixos com uma história de conquistas, lutas e superação.
Liz começou as gravações há três anos de forma independente e com colaboração solidária de inúmeros profissionais da arte audiovisual do Estado. O doc mobiliza em suas redes sociais os amigos do cordão que queiram participar deste registro e convidando a todos que se interessem para que postem suas fotos em seus próprios perfis marcando a hashtag #doccordaovalu, o perfil do Instagram do documentário com @doccordaovalu. Caso desejem participar com foto dos créditos do próximo filme, insira também a hasthtag #eunodocdocoradaovalu.
Apoio
Lizandra pede o apoio daqueles que compreendem a importância essencial do carnaval. “ Agradecemos desde já todo tipo de manifestação positiva para que possamos fazer desta festa tão brasileira, um momento de alegria e responsabilidade consigo e para com o próximo, nos trazendo um pouco de frescor neste momento tão delicado para todos nós. Este ano de 2021, o Ministério Público aceitou uma denúncia anônima para acabar com a festa na Esplanada, acompanhe, apoie e participe, mande sua opinião para nossas redes sociais”, convida.
História
Em 2018, Lizandra além de gravar seus trabalhos como assistente de produção, um job internacional, passou seis meses no Refúgio Ecológico Caiman, direto no Pantanal, produzindo o filme WetLand de Moara Passoni para conclusão do seu curso na Columbia Pictures, New York, EUA..
“Em novembro já em Campo Grande, retomando o convívio social, um amigo me relatou o problema que os foliões do Cordão Valu iriam passar, pois o Ministério Público recebeu uma denuncia dos moradores que utilizavam-se do tombamento do Centro Histórico para pedir o fim dos blocos de rua no período carnavalesco. Narrou uma linda história entre amigos, que se intitulam fundadores deste cordão que é pura tradição na história dos carnavais de rua em Campo Grande. Na mesma hora senti que poderia produzir este projeto que iria documentar a luta e resistência na preparação do carnaval”, revela Liz.
A partir daí Liz conversa com a Silvana Valu e o Jeferson Contar para ter autorização e registrar toda a ação, às vésperas do aniversário de 12 anos do Cordão Valu, dia 27/11/2018. “Com a ideia de criar um documentário acompanhei os envolvidos para entender a produção desta festa e percebi que precisava de apoio nas ações fixas que já estavam estabelecidas. Chamei o Alan Cafero que gravou os ‘Esquentas’ comigo, estes são promovidos para arrecadação de recursos. Também chamei o Erick Hirata que ficou responsável de registrar todas as reuniões com a sociedade civil e poder público, colado na Silvana, em 2019 até a confirmação que teríamos carnaval.
equipe
A equipe ainda era pequena naquele momento. Thaiane DellaCosta é assistente de todos eles que trabalhavam com recursos próprios e precisavam recrutar mais pessoas para reproduzir o tamanho do Cordão. “Minha intenção era captar imagens que interessavam o folião dentro da festa, que inicia com a preparação, passa pelo desfile e trajeto do carnaval, terminando na dispersão que acontece uma hora depois do encerramento do Cordão Valu, 22h.
“O projeto sempre teve uma proposta coletiva para as concepções; a ideia da fotografia híbrida, mesclar smartphones era um desafio da minha formação de cinema, pequeno perto da missão em convencer o pessoal que daria certo. Eu já tinha trabalhado com direção documental, mas eram imagens de arquivo, este seria meu primeiro filme com captação.
Não queria interferir nos fatos, mas apresentar os diferentes prismas que poderíamos ter. Era meu desejo. Para isso precisávamos de muitas pessoas com equipamentos pequenos. O smartphone certo poderia ser a saída, ou os olhos certos dentro do cordão. Os guris toparam a ideia de ministrarmos um curso de filmagem documental e finalizamos com uma ação prática no período de carnaval, dentro do Cordão Valu. Tivemos 20 participantes. Destes, 11 participaram da filmagem, produção e apoio nos dias de gravação durante o carnaval. Com apoio do Sebrae, que nos cedeu o espaço Living Lab, fizemos um excelente encontro e imersão no ambiente inovador de aceleradora de startups, depois do curso de cinema alguns permaneceram no programa, inclusive lá que nos conhecemos”, explica Lizandra.
Assim, continuaram neste ritmo de trabalho intenso e desgastante, porém, faltavam mais entrevistas, mas já tinham ficado sem grana para finalizar o longa que queriam. “Acabei ficando com o material e iniciei sozinha a decupagem esperando a captação da verba para concluir as entrevistas com os aproximadamente 50 fundadores, mas veio a pandemia impedindo encontros presenciais. Olhei o material que tinha em mãos com atenção e comecei a montar o roteiro que iria guiar meu estudo de montagem e edição”, revela.
Lizandra aproveitou dos novos moldes de vivência social para concluir suas ideias. “Acabei finalizando em isolamento e com apoio da Lab consegui entregar esta primeira parte do projeto com olhar factual aos problemas de uma sociedade que está envelhecendo sozinha, vazia e triste porque insiste em manter bem longe, distante, tudo e todos que promovam movimentos”, reflete.
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