Quem regula distribuição de vacinas é o Ministério da Saúde, avisou governador
Após o prefeito Marquinhos Trad (PSD) pedir ao MPE (Ministério Público Estadual) providências na questão de distribuição de vacinas contra a COVID-19 aos 13 municípios de fronteira em Mato Grosso do Sul, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) classificou a situação como ‘discussão inócua’ durante coletiva de imprensa ontem (5).
O prefeito da Capital não concorda com o plano de pesquisa e a criação de um cinturão sanitário na região de fronteira, mas o governador Reinaldo explicou que o programa partiu do Ministério da Saúde.
Acho que isso aí faz parte de uma discussão inócua. Quem regula a distribuição de vacinas é o Ministério da Saúde e não os estados. E o ministério mandou as doses extras para fazer o estudo no cinturão de fronteira, ou seja, nos 13 municípios. É muito clara essa questão. Não é escolha do secretário [Geraldo Resende] e não é escolha de alguém da equipe. É o Ministério da Saúde que disponibilizou as 165 mil doses, porque eles entendem que, criando uma base de experimentos na fronteira você vai ter condição de fazer levantamento melhor sobre a eficácia da vacina da Janssen e blindar a fronteira”, destacou o governador, que também comentou sobre a população migrante entre Paraguai e Bolívia.
No pedido, Trad afirmou que a pesquisa na fronteira estava ferindo o princípio da proporcionalidade devida à população de cada cidade. Para ele, a pesquisa com as vacinas Janssen deveria ser feita em Campo Grande.
Sobre o assunto, o governador acredita que não só Campo Grande como todos os outros municípios ganham com a imunização da fronteira. “E outra questão esse ganho é do MS. Quando veio mais vacinas, nós ganhamos a cota extra para a fronteira e como consequência sobrou mais para a Capital e para os outros municípios. Então, é uma discussão inócua. Respeito as posições contrárias. Agora, o Ministério é quem disponibilizou as vacinas e graças à Deus veio mais doses únicas. Toda a população vai ganhar, tanto que as novas levas de vacinas estão indo para outros municípios. Seremos os primeiros a imunizar toda a população acima de 18 anos, então isso é um ganho e acho inócuo esse debate entre alguns prefeitos.”
Ainda falando do debate causado entre os prefeitos, o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, disse que o quadro de vacinação no Estado é muito bom e com a pesquisa nos 13 municípios cerca de 53 mil vidas serão salvas, somado ao estudo de eficácia da Janssen. Para o gestor estadual a unidade entre os 79 municípios está sendo quebrada pela atitude do prefeito Marquinhos Trad.
“É uma forma de unidade que o prefeito [Marquinhos Trad] infelizmente está quebrando em Mato Grosso do Sul. Uma unidade que foi construída desde janeiro desse ano, no processo de imunização e em nenhum momento foi questionado. Campo Grande não questionou quando teve doses a mais. Essas doses a mais foi fruto do trabalho entre as secretarias que verificaram que, por exemplo, nas comunidades indígenas não estava aplicando a vacina com a velocidade cobrada. Quando Campo Grande aplicou como
D1 vacinas que deveriam ser aplicadas como D2 houve um quantitativo enorme de pessoas na Capital, que não teriam as vacinas para completar o ciclo da Coronavac e nós fomos no Ministério e conseguimos um quantitativo substancial para ajudar a cidade e outras que fizeram essas aplicações contrariando o que o PNI indicava.”
Resende argumenta que não apelaria ao MPE se estivesse em situação contrária ao gestor da Cidade Morena. Ele indica que Marquinhos Trad está errando politicamente e na condução da pandemia.
Entendo que o prefeito fez uma tratativa e quando foram buscar só para Campo Grande as 350 mil doses e não conseguiram. Eu me coloco na mesma posição. Se eles tivessem conseguido eu não teria coragem de entrar no Ministério Público para fazer a distribuição para todo o Mato Grosso do Sul. Isso, seria um oportunismo e egoísmo de minha parte. Conseguimos vacinas adicionais e há uma narrativa muito ruim criada pelo prefeito de Campo Grande o qual eu tenho um grande carinho pelo pai dele. Mas nesse momento ele está errando. Está errando na política, quando coloca a população do interior contra o seu pleito. E errando na condução da pandemia quando em vez de orientar pela ciência, orienta por aqueles que visam o lucro e que são contrários às medidas restritivas. A capital surgiu-se contra as medidas e nós mostramos que foram fundamentais para esse cenário novo da pandemia, no Estado.”
O secretário afirmou ainda que houve diminuição de contágio, óbitos e ocupação de leitos por conta das medidas de restrição contra a COVID-19. Em tentativas de contato com o prefeito Marquinhos Trad para comentar o assunto, as ligações não foram atendidas. Acesse também: São Paulo aguarda ‘sinal verde’ de Calleri para avançar em negociação
(Texto: Andrea Cruz)