Dia Internacional da Síndrome de Down: conheça os desafios e conquistas destas pessoas

Foto: Arquivo
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Do nascimento até chegar ao mercado de trabalho, trajetória é marcada pelo aprendizado

Nesta terça-feira, 21 de março, comemora-se o Dia Internacional da Síndrome de Down e, em alusão a esse dia, a reportagem do jornal O Estado foi buscar informações para descobrir quais são os maiores desafios enfrentados e também maiores conquistas alcançadas para as pessoas portadoras da síndrome. 

De acordo com a presidente da Associação Juliano Varela, Malu Fernandes, a data representa uma reflexão sobre a síndrome de Down. “De todas as minhas reflexões, a que permanece é que quando nasce um ser humano com a síndrome, essa criança vem para ensinar todos a sua volta, durante a vida inteira. O fato é que conviver com uma pessoa com Down, diferente do que muitas pessoas pensam, não é um eterno ensinar, pelo contrário, é um eterno aprendizado, para nós”, afirmou. 

Questionada sobre as maiores dificuldades enfrentadas por esse público, Malu ressaltou que elas vêm na vida adulta. “Nós avançamos muito na primeira infância, e hoje, são oferecidos diversos serviços para a pessoa com síndrome de Down, enquanto criança. Entretanto, na vida adulta, ainda estamos buscando muitos avanços para um desenvolvimento produtivo.” 

Na opinião dela, nessa fase, o mercado de trabalho também é um grande problema, mesmo sabendo que a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (8.213/91) está vigente há 29 anos. A norma obriga empresas a contratarem os PCD’s (pessoas com deficiência), e no caso de não cumprimento, a empresa pode ser condenada a pagar uma multa que varia de R$ 3.100,06 até R$ 310.004,70. 

“A lei diz que a contratação de pessoas com deficiência é obrigatória, mas não especifica nada para as pessoas com deficiência intelectual. Para eles, é muito mais fácil contratar um cadeirante ou alguém com deficiência mental leve, do que alguém com Down, isso porque demanda um treinamento diferente. Ou seja, para nós, da instituição, tem sido um desafio profissionalizar esses jovens, para que eles possam ser bem recebidos no mercado de trabalho”, informou a mãe de Juliano Varella, ressaltando que esse é um dos maiores desafios enfrentados.

Malu é fundadora da Associação Juliano Varela, criada em 1994, que tem esse nome em homenagem ao seu filho e, em contrapartida às dificuldades, ela fez questão de lembrar das conquistas alcançadas em todos esses anos, sendo uma delas a possibilidade de desenvolvimento. “Há 29 anos, uma mãe que tinha um filho com Down não sabia o que fazer e hoje temos uma enorme rede de atendimento para essas crianças, jovens e adultos.Graças a isso, a maioria deles estão inclusos normalmente, na sociedade”. 

A mãe de Juliano ainda salientou que, mesmo após diversas conquistas, ainda há muito o que evoluir e, principalmente, ensinar à sociedade sobre a síndrome. “Nós já conquistamos muito, mas queremos mais e tudo isso é motivo para celebrar, neste dia 21 de março”, disse ela, entusiasmada com a data.

Mercado de trabalho 

Para a gerente da Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande), Hilda de Oliveira Mendes, atualmente, depois de muitos anos, o mercado de trabalho está preparado para atender pessoas com qualquer tipo de deficiência, inclusive a síndrome de Down. “Aqui, na agência, nós temos um guichê acessível, preparado para atender pessoas com deficiência e as vagas sempre estão à disposição”, disse. 

Hilda ressaltou que é frequente os PCDs terem receio de se encaixar no mercado de trabalho, levando em consideração que a maioria deles recebem benefícios do governo, e acreditam que, ao terem a carteira registrada, podem perdê-lo. “O que acontece é que quando um deficiente consegue um emprego, o benefício dele automaticamente é suspenso, mas em qualquer caso de demissão, o direito volta a ser pago”, explicou. 

Além disso, ela informou que, a cada 15 dias, a Fundação atende, em média, 100 pessoas com deficiência. “Temos dois atendentes, um para cada turno, que se revezam para atender pessoas com qualquer tipo de deficiência, além de total acessibilidade. A Funsat está de portas abertas para atender e empregar qualquer pessoa, analisando cada particularidade e atendendo a todas as necessidades”, afirmou.

McDonald’s abre as portas para a inclusão 

Pioneira na contratação de pessoas com deficiência, a Arcos Dorados, franquia que opera a rede McDonald’s em 20 países da América Latina e Caribe, celebra o Dia Internacional da Síndrome de Down (21) e reforça a importância de estimular a inclusão dessas pessoas em todos os âmbitos da sociedade, principalmente no mercado de trabalho, com igualdade de direitos e oportunidades. 

Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, a Arcos Dorados contribuiu para o amadurecimento profissional e pessoal de Amanda de Camargo dos Santos. Com 34 anos, ela tem síndrome de Down e trabalha há cinco anos em um restaurante McDonald’s, em Campo Grande. Ano passado, deixou o cargo de atendente e foi promovida a embaixadora da experiência do cliente. 

“O Diogo, gerente da unidade, fez uma reunião e falou que eu ia subir de cargo. Nem acreditei! Ganhei um uniforme novo e agora fico no salão. Adoro trabalhar no McDonald’s, porque gosto muito das pessoas daqui”, comemora, realizada, Amanda de Camargo.

Por Tamires Santana – Jornal O Estado do MS.

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