Na Capital, Centro de Especializado em reabilitação de Apae atende a 20 pacientes pós-pandemia
O ano começou com casos de dengue e covid em alta, as duas doenças acabam deixando sequelas, boa parte reversíveis se tratada a tempo. A dengue, em sua forma mais grave, também pode levar a problemas cardíacos, principalmente em pacientes que já possuíam doenças cardiovasculares pré-existentes, como a miocardite.
Na Capital uma jovem estudante de medicina, Isabela Kemp de 24 anos, foi diagnosticada com dengue semana passada e de lá para casa o caso piorou e a estudante chegou a perde parte da visão temporariamente.
No último domingo(25), Isabela teve o diagnóstico de apenas 20% da visão do olho esquerdo e 3% do lado direito. Os sintomas, segundo a jovem, foram coceiras e vermelhidão nas palmas das mãos e no pés, com ajuda de corticoide combateu o vírus e parte da visão voltou.
A oftalmologista Amaryllis Avakian Shinzato explica que a dengue, poucas pessoas sabem, também pode afetar a visão. A doença pode causar desde hemorragias intraoculares até inflamação do nervo óptico.
Segundo a Dra. Amaryllis, a dengue pode afetar o segmento posterior dos olhos chamado de retina provocando sangramentos ou mesmo descolamento. Além disso, a redução do número de plaquetas, comum nos casos de dengue hemorrágica, também pode contribuir para que ocorra hemorragia na superfície do olho, chamada de conjuntiva, ou no interior do globo ocular. “Se afetar o nervo óptico, a dengue provoca uma inflamação chamada de neurite óptica, que pode acometer ambos os olhos, e até levar à perda da visão”, alerta a oftalmologista.
Automedicação
Com os sistemas de saúde públicos e particulares sobrecarregados, o paciente, muitas vezes, opta por tomar medicamentos por conta própria. O infectologista o Serviço de Controle de Infecção do Hospital Albert Einstein, Moacyr Silva Junior alerta, entretanto, que a automedicação, apesar de ser vista como uma solução para o alívio imediato dos sintomas, deve ser feita com cautela para que não haja consequências mais graves – sobretudo em casos de dengue.
“Em relação à covid, particularmente, a dipirona e a lavagem nasal com soro fisiológico já ajudam e diminuem os sintomas até passar a fase. Já em relação à dengue, além do analgésico, que seria a dipirona, precisamos de uma hidratação bastante importante, algo em torno de três litros por dia de hidratação oral. Pode ser suco, água de coco e água. Associados à dipirona, para diminuir os sintomas de dor muscular. O que é contraindicado é o ácido acetilsalicílico, o AAS, que pode piorar os sinais de hemorragia caso o paciente evolua para dengue hemorrágica”, concluiu.
Casos em crescente
O último boletim divulgado pela SES (Secretaria Estadual de Saúde) registrou a confirmação de 1.602 casos de dengue em todo o Estado, e também três óbitos pela doença. O número de casos teve um aumento de 561 ocorrências em uma semana, ou seja, teve uma elevação de 53%. Ainda, casos em investigação passam de 4 mil, sendo 4.667 pessoas com sintomas prováveis.
Já são três mortes confirmadas em decorrência dos sintomas da dengue e um óbito segue em investigação. O primeiro registro foi um bebê de apenas um mês de idade, na terça-feira (27), no último boletim, foram confirmados os outros dois óbitos, um senhor de 81 anos que era residente de Chapadão do Sul e tinha duas comorbidades, hipertensão arterial e diabetes, e a outra vítima fatal foi uma senhora de 71 anos de Coronel Sapucaia, ela também tinha em comum as duas comorbidades e, além disso, doença autoimune.
O número de novos casos por covid-19 em Mato Grosso do Sul, ultrapassa a marca de 3 mil, sendo registrado, no último Boletim Epidemiológico, 3.816 casos, esse número é dado referente a infectados somente este ano, ao todo oito semanas contabilizadas que totalizaram nesse resultado. Em apenas uma semana, a última, teve um aumento de 892 casos prováveis. Também foram contabilizados 25 óbitos em decorrência a doença.
Vacinação da dengue é ampliada na Capital
A partir deste sábado (02), a aplicação da vacina contra a dengue será ampliada para toda a população que tenha entre 10 e 14 anos de idade. Até o momento, a Secretaria Municipal de Saúde vacinou 3,6 mil crianças entre 10 e 11 anos, Público-Alvo estabelecido pelo Ministério da Saúde neste primeiro momento.
“Com a resolução do Governo Estadual para que ampliássemos o público-alvo, a Sesau optou por manter o foco nas crianças de 10 e 11 anos por mais essa semana e, a partir de sábado, iniciar a vacinação daquelas que tenham até 14 anos”, explica a superintendente de vigilância em saúde, Veruska Lahdo.
A estratégia adotada pela pasta visa aumentar a cobertura vacinal neste primeiro público, que ultrapassa 28 mil crianças, e é o preconizado pelo Ministério com este primeiro lote de doses recebidas. Somando-se à medida, o município também realizará vacinação pontual em escolas onde há um alto índice de casos de dengue notificados.
“Nosso objetivo é proteger essas crianças, e nessas regiões há maiores probabilidades de se contaminar com a dengue, por isso, então, a necessidade de imunizar esse público”, completa a Secretária Municipal de Saúde, Rosana Leite.
A ampliação das doses para o restante do público também é um método que visa o aumento na cobertura vacinal, já que, por enquanto, há uma baixa procura pelo imunizante. “Estamos cientes que o quantitativo de doses não é suficiente para todo esse público de mais de 65 mil crianças e adolescentes, mas justamente pela baixa procura que optamos por ampliar a faixa etária”, conclui a secretária.
Como já é de costume, durante o final de semana a Sesau realizará plantão de vacinação, utilizando-se, inclusive, do apoio de shoppings para facilitar o acesso às doses. Serão duas unidades de saúde funcionando das 7h às 17h, uma das 7h às 12h e o Pátio Central Shopping aplicando a vacina das 9h às 16h no sábado. O Shopping Norte Sul Plaza terá vacinação tanto no sábado, das 10h às 18h, quanto no domingo (03), das 11 às 19h.
Vacinação garante melhor recuperação
Em relação as sequelas do covid-19, o fisioterapeuta especialista em reabilitação física, Maurício Rodrigues Comin, explica que houve uma diminuição nas sequelas envolvendo a covid, após aplicação da vacina. “Importante lembrar que as sequelas da Covid-19 significam a persistência dos sinais e sintomas que os pacientes apresentaram durante o período de infecção. Como exemplo, durante o período de contaminação o paciente teve tosse, e isto não melhorou após a melhora da doença”, pontuou.
As principais sequelas são falta de ar, tosse, cansaço, desânimo, fraqueza, dores generalizadas no corpo, perda ou diminuição do olfato e paladar, além ainda de sintomas psicológicos como ansiedade, irritabilidade, esquecimento e até mesmo tristeza profunda. Outras sequelas menos frequentes são: dores de cabeça, dores no peito, formigamento em pernas e braços, diarreia, vômitos, tonturas e diminuição da visão”.
Além disso, no começo, devido ao bombardeio de informações e desconhecimento da doença, a parte emocional, como ansiedade, medo, crises de pânico, eram bem mais graves. Atualmente, de forma importante, o que ainda segue é a falta de ar, tosse, cansaço e fraqueza, em vários níveis.
Para evitar maiores sequelas é fundamental que o paciente procure atendimento especializado o mais cedo possível, quanto antes iniciar o tratamento, maior é chance de atingir melhores resultados. Então se você sente alguns desses sintomas, que não melhoraram desde que esteve contaminado.
Em Campo Grande a população pode contar com o CER- -APAE (Centro Especializado em reabilitação de Apae de Campo Grande), para buscar ajudar no processo de cura da doença. Atualmente, 20 pacientes seguem em tratamento. Especialista afirma que as sequelas da covid em sua maioria têm cura, ele ressalta quanto mais grave, mais demora e de mais acompanhamento precisa. “Os nossos pacientes melhoraram, lógico, aqueles que seguiram certinho as recomendações e foram bem participativos com sua própria saúde e processo de reabilitação. Em outras palavras, é possível sim melhorar e voltar a ter uma vida ‘normal’ como antes, ou muito semelhante à de antes, basta procurar ajuda, seguir as orientações da equipe multiprofissional e ter paciência, pois o tempo para melhorar vai depender muito de cada pessoa e de cada caso”,finalizou.
Por Thays Schneider e Inez Nazira.
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