Região central vive à mercê da insegurança e população pede uma solução
A população campo-grandense, bem como os comerciantes, sofre há anos com o problema de insegurança na região central da Capital. Segundo entidades, a questão gira em torno do ciclo do tráfico de drogas, que alimenta os usuários de drogas e fomenta o aumento da criminalidade, por meio de pequenos delitos, como os crimes de furto e venda de entorpecentes.
O vice-presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), Omar Aukar, afirmou que essa sensação de insegurança traz prejuízos substanciais ao comércio e às vendas de um negócio.
“Os impactos ocorrem de várias maneiras, como a redução do consumo, devido à queda de fluxo de pessoas na região, e o aumento de custos para a empresa, que precisa fazer investimentos para reforçar as medidas de segurança, como câmeras de vigilância, alarmes e segurança privada. Em situações de roubo, ainda há danos ao patrimônio, elevando ainda mais os impactos. É urgente que haja um reforço de medidas eficazes de segurança por parte do poder público, mas também que os empresários atendam a uma antiga sugestão da ACICG, para que instalem câmeras externas na frente de seus estabelecimentos, para identificar os vândalos e colaborar com o trabalho da polícia”, ponderou Aukar. Chamando a atenção da população para coibir as ações dos usuários de drogas, o presidente CDL-CG (Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande), Adelaido Vila, orientou a não doação de moedas, pois acabam fortalecendo um traficante de drogas que mais tarde irá convencer o morador em situação de rua a cometer pequenos delitos e perpetuar o ciclo da droga
“Uma das grandes dificuldades da área central é justamente o tráfico de drogas. Essas pessoas, em situação de rua, além de outras pessoas, são cooptadas pelo traficante e então vemos um aumento de furtos de fio elétrico, de arrombamentos e furtos. É importante a presença de um policiamento mais ostensivo, da Polícia Militar, de um trabalho de inteligência da Polícia Civil, no sentido de combater principalmente a questão dos ferros-velhos, temos que combater o consumo dessa fiação elétrica, que é uma das maiores dores dos lojistas”, observou Adelaido.
Já a responsável pela Associação dos Proprietários na Região da Antiga Rodoviária de Campo Grande, Rosane Nely de Lima, acredita que, independente da região da cidade, o problema de insegurança está relacionado à instalação de comunidades de usuários de drogas, a exemplo do que ocorre no local da antiga ferroviária.
“Não se trata apenas de entorno da antiga rodoviária. Temos esse problema na Vila Nhanhá, no Jockey Club, no centro da cidade. Em todos os lugares que eles se instalam, os roubos aumentam, há furtos de fios, violência, arrombamento etc. No entorno do nosso prédio está sendo feito um trabalho bem assíduo e bem árduo para tirar aquela população dali. A droga, infelizmente, destrói famílias no mundo inteiro e o comerciante se sente inseguro. Se o Ministério Público e as ações sociais não fizerem algo sério e efetivo, que tenha começo, meio e fim, nós não temos solução. A sociedade não tem solução para isso”, comentou Rosane.
Por sua vez, o secretário municipal de Assistência Social, José Mário Antunes, esclareceu que o trabalho de abordagem e direcionamento aos serviços de tratamento são contínuos. Ele destaca que, num primeiro momento, pode haver negativas, mas em outras abordagens muitos acabam aceitando e recebendo o atendimento necessário.
“Nós percorremos as principais ruas da cidade. Temos mapeado os principais pontos de localização dos moradores em situação de rua que, na sua grande maioria, são dependentes químicos. Qualquer munícipe que quiser denunciar, que há uma concentração de moradores de rua em determinado local, nós deslocamos uma das equipes para ir lá e abordar, oferecer acolhimento. Só podemos acolher as pessoas que realmente o desejarem”, explicou o secretário.
A equipe de reportagem questionou a GCM (Guarda Civil Metropolitana) sobre as ações realizadas na região central de Campo Grande. Até o fechamento desta edição, não obteve retorno.
Entidades de arquitetura debatem reforma urbana em seminário
Nesta sexta e sábado, 18 e 19, será realizado, em Campo Grande, o 1º Seminário Estadual de Reforma Urbana e Habitação, com o objetivo de promover o debate de políticas públicas para a habitação de interesse social e a construção de cidades inclusivas, equitativas, democráticas e sustentáveis.
Técnicos e representantes do poder público municipal e estadual, além de pesquisadores da área vão pautar diversas questões que abrangem a reforma urbana, como favelização no Brasil e no MS; lei 11.888 – Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social; instrumentos de desenvolvimento urbano; plano diretor; regularização fundiária urbana e rural; e territorialização urbana indígena.
Para a presidente do Sindarq-MS (Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Mato Grosso do Sul), Ivanete Carpes Ramos, o encontro vai contribuir para mostrar que a reforma urbana vai muito além de moradias sociais. “O seminário visa também a distribuição de políticas de implantação de infraestruturas, como o saneamento básico e ambiental e qualidade dos equipamentos públicos.”
Por – Suelen Morales
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