Crescimento de frota veicular já impacta no tempo de resgate dos bombeiros

bombeiros
Foto: Marcos Maluf

O número de veículos no trânsito de Campo Grande aumentou 18%, nos últimos seis anos e esse crescimento tem impactado no tempo de resgate do CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul). De acordo com dados do Detran em Números, a Capital passou de 551.218 veículos, em 2017, para 646.915 atuais, ou seja, são quase 100 mil veículos a mais rodando pelas ruas.

Segundo o tenente-coronel Antônio Cézar Pereira da Silva, chefe da seção de comunicação da corporação, nos horários de pico a situação se agrava, aumentando assim o tempo de espera. “Sim, nos horários de pico o deslocamento das nossas viaturas é mais lento, aumentando nosso tempo de resposta, até porque nos horários de pico do trânsito também é horário de pico de ocorrências automobilísticas e, às vezes, ocorre de ter muitos acidentes no mesmo horário”, assegurou.

O CBMMS, hoje, conta, em média, com cinco viaturas para atender as ocorrências na Capital, sendo quatro para suporte básico e uma é Ursa (Unidade de Resgate e Suporte Avançado). Nesse sábado (25), estavam na ativa três unidades de resgate, nos quarteis do Tijuca, Coronel Antonino e Central e a Ursa no quartel da Costa e Silva. A corporação não soube dizer qual o tempo médio de atendimento, mas garantiu que consegue agir rápido devido às localizações estratégicas dos quartéis. “Essa distribuição nos dá um excelente tempo de resposta, um dos melhores”, garantiu o tenente- -coronel.

Ao todo, são sete espalhados por Campo Grande: Costa e Silva, Guanandi, Moreninhas, Tijuca, Parque dos Poderes, Central e Coronel Antonino Cabe ressaltar ainda que além das ambulâncias, desde 2009, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul conta com duas motos-socorro que ajudaram, inclusive, a diminuir o tempo de resposta nos atendimentos. O sargento Melin, um dos moto-socorristas, explicou que a agilidade é o objetivo principal do serviço. “Nós sempre dizemos que somos os olhos da nossa central, que recebe a ligação no 193 e nós aqui, na ponta, somos os olhos, então nos deslocamos assim que recebemos a ocorrência e com mais agilidade, por conta das motos. Quando chegamos ao local, avaliamos a situação e convocamos reforços, sempre que preciso”, disse.

Para o diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Janine Bruno, Campo Grande suporta a atual frota. “Estamos no céu, não temos congestionamentos, não ficamos parados mais que quarenta minutos no trânsito, como em grandes centros. Em São Paulo e Rio de Janeiro, a população já sai de casa sabendo que deve ficar de duas a quatro horas no trânsito”, explicou.

Samu

O Corpo de Bombeiros conta ainda com auxílio das 11 ambulâncias do Samu para o atendimento não só de vítimas de acidente de trânsito, mas também com as emergências clínicas e no transporte inter-hospitalar de pacientes. Conforme já noticiamos, a Sesau (Secretaria Municipal da Saúde) confirmou que diariamente são realizados, em média, 100 atendimentos pelas equipes do Samu, volume que mensalmente ultrapassa os 3,1 mil socorros, contudo, o número de chamadas por pedidos de ajuda é de 7 mil ligações. Somadas com as cinco viaturas do Corpo de Bombeiros e levando em conta o Censo Demográfico de 2022, que indica que Campo Grande tem 897,93 mil habitantes, é possível entender que cada unidade deve atender a uma média de 56 mil pessoas.

Infração prevista no CTB 

Em meio à crescente onda de atendimentos por acidentes de trânsito e incêndios na região urbana, os condutores precisam relembrar que o CTB (Código de Trânsito Brasileiro) prevê penalidade para quem não der passagem aos veículos de emergência.

Considerada uma infração gravíssima, o Art.189 dispõe que “Deixar de dar passagem aos veículos precedidos de batedores, de socorro de incêndio e salvamento, de polícia, de operação e fiscalização de trânsito e às ambulâncias, quando em serviço de urgência e devidamente identificados por dispositivos regulamentados de alarme sonoro e iluminação intermitente: (Redação dada pela lei nº 14.440, de 2022)” é passível de penalidade, por meio do pagamento de multa no valor de R$ 293,47 e sete pontos na carteira.

Para o jornal O Estado, o comandante do Bptran (Batalhão de Polícia Militar de Trânsito), tenente-coronel Elcio Almeida, indicou que, em alguns casos, as notificações não são lavradas, pois, para que isso aconteça, é necessário que a situação seja observada por um agente de trânsito ou quem tenha competência para autuar.

“O próprio bombeiro não pode notificar, pois não é agente de trânsito. Então, por exemplo, se o veículo está atrapalhado a passagem é o agente que pode notificar, porque já está virando uma infração. Assim como quando se observa alguns desses carros seguindo o bombeiro ou ambulância, o que seja, o agente trânsito na rua, se ele flagra a pessoa atrapalhando, não deixando (as equipes seguir com o seu trabalho) e levantando a placa, ele pode notificar”, explicou.

Pontos críticos

A Prefeitura de Campo Grande elencou, por diversas vezes, que haviam, pelo menos, cinco pontos considerados criticos no trânsito da Capital. Sendo eles: rotatória da Mato Grosso com a Nely Martins, Gury Marques com a Interlagos, Três Barras com Marquês de Lavradio, Joaquim Murtinho com Ceará e avenida Eduardo Elias Zahran/ Joaquim Murtinho e Tamandaré com Euler de Azevedo. Contudo, desde 2017, obras de semaforização estão mudando essa realidade, faltando apenas um ponto para ser remodelado.

“Em alguns pontos removemos as rotatórias e em outros a gente diminuiu de tamanho, semaforizou e isso tem funcionado. Não temos necessidade de ter semáforos em todas as rotatórias, as rotatórias são um sistema com um ponto de saturação, que é o que acontecia nas Três Barras e por isso, tivemos a reordenação. Vamos resolver a Tamandaré com a Euler, onde vamos readequar e mudar o sistema, o que deve começar no primeiro semestre do próximo ano”, garantiu.

O último projeto de reordenamento foi o da rotatória das avenidas Três Barras, José Nogueira Vieira e rua Marquês de Lavradio, por onde passam mais de 30 mil veículos todos os dias e, com isso, provocava congestionamentos nos horários de pico. No local, foi feita a retirada da rotatória, instalação de 2 conjuntos semafóricos, com 20 porta-focos e adoção da mão única numa quadra da rua Domingos Jorge Velho.

Impactos na saúde

A falta de passagem e até mesmo o fluxo intenso de veículos causam prejuízos que vão muito além da demora no tempo de socorro. Conforme Marcelo Santana, presidente do SinMed-MS (Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso do Sul), os efeitos dessa espera prolongada impactam diretamente no quadro clínico de alguns pacientes. “Primeiro, precisamos avaliar os atendimentos emergenciais e, com certeza, cada minuto pode agravar muito o quadro clínico do paciente, principalmente com as vítimas de trânsito com fraturas, traumatismos cranianos, com traumas toráxicos. Nesses casos, cada minuto impacta na possibilidade de agravamento desses pacientes”, reforça.

Mesmo assim, Marcelo Santana indica que é preciso um trabalho em conjunto. “O município precisa atuar para a manutenção dessas ambulâncias, evitando que elas estejam inoperantes, por outro lado, a população precisa acionar o socorro em casos de Urgência e Emergência, bem como evitando trotes.”

Por – Rafaela Alves e Michelly Perez.

Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.

Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *