Comerciantes e motoristas de aplicativo pressionam prefeitura por vacinação

whatsapp-image-2020-03-21-at-13.01.07-1-

Setor supermercadista se reúne com secretário em busca de doses de imunizante

O anúncio do secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, de que os industriários começaram a tomar vacina a desde ontem (27), após encontro com a liderança da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul), fez com que a corrida pela entrada na lista de prioridades da imunização na Capital se intensificasse.

Desde o início da pandemia da COVID-19 considerada atividade essencial, os supermercados abrem a fila de reclamações com a administração municipal. Segundo O Estado apurou, a categoria está indignada por ter sido excluída, mesmo tendo de manter suas portar abertas sem restrições em meio à chegada da terceira onda à cidade.

“A indústria tem de ser vacinada porque não pode parar de produzir os alimentos. Os caminhoneiros idem porque precisam distribuir os alimentos. E quem vende? Estamos abandonados, é isso? Assim não pode ficar”, disse Geraldo Mendonça, 33 anos, gerente de um supermercado no bairro Tiradentes (região leste).

Segundo ele, a unidade pela qual é responsável não mudou o seu funcionamento desde março do ano passado e a expectativa era para que tivessem prioridade quando começou a vacinação.

“Aguentamos as pontas, atendendo a população com dedicação. Enquanto era só os idosos e doentes, tudo bem. Mas a partir do momento que há distinção pro profissão de quem vai ser vacinado, me sinto abandonado. O que a polícia fez que nós não? As caixas aqui pegaram dinheiro na mão de pessoas infectadas”, completou Mendonça.

À reportagem, Edmilson Jonas Verati, presidente da Amas (Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados), disse que a entidade se reúne hoje com o secretário para tratar do assunto. “Só depois de um parecer dele é que prefiro me posicionar”, disse.

Os supermercados, entretanto, não são a única fatia do comércio indignada. Segundo Adelaido Vila, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande, a categoria se sente desprestigiada.

“Sabemos que aos olhos dos gestores públicos, o varejo acaba tendo menor importância, não somos do alto clero”, disse Vila. “Mas reforçamos que somos responsáveis por 65% da arrecadação do ICMS, carregamos este Estado nas costas e deveríamos ter, sim, prioridade na vacinação.”

Ainda de acordo com o líder da CDL, há a luta para que outras categorias, como os motoristas de transporte por aplicativo, também sejam incluídas na lista de prioridades. Luta que a Applic-MS (Associação de Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motorista Autônomo de Mato Grosso do
Sul) está acompanhando.

“É algo que estamos solicitando faz 30 dias, nós estamos 24 horas por dia transportando a população de Campo Grande, dia e noite sem parar, temos mais de 10 mil profissionais nas ruas da cidade e não temos nenhum posicionamento do Poder Público, nem municipal nem estadual, isso é realmente um total descaso”, disse o presidente da entidade, Paulo Pinheiro, destacando que na semana que vem tem encontros com autoridades para pleitear o direito.

Por meio de sua assessoria, a Secretaria Municipal de Saúde Pública assegurou que segue as diretrizes do Plano Nacional de Imunizaões, estabelecidas pelo governo federal, de responsabilidade de Jair Bolsonaro (sem partido).

Em evento ontem (27), o presidente da Fiems, Sérgio Longen, comemorou a decisão da prefeitura de incluir os industriários na lista de vacinados. “Nossa expectativa é de que entre sexta e sábado todos os trabalhadores com 45 anos ou mais estejam vacinados. Na próxima remessa de vacinas os de 35 anos e os próximos os de 18 anos ou mais”, explicou. Cerca de 365 mil pessoas devem ser incluídas na lista.

A Fiems também anunciou a doação de 90 capacetes elmos, equipamentos que antecedem a entubação e reduzem em até 60% a internação em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) de pacientes com COVID19, para hospitais do Estado.

(Texto: Rafael Ribeiro com Cleyton Neves)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *