‘Combater a violência não é um problema só das mulheres’, pontua subsecretária

Foto: O Estado registrou, no ano
passado, 32 feminicídios;
dois ocorreram no
primeiro mês do ano/Matheus Carvalho
Foto: O Estado registrou, no ano passado, 32 feminicídios; dois ocorreram no primeiro mês do ano/Matheus Carvalho

Espancada até a morte, mulher de 51 anos é o primeiro caso de feminícidio no MS em 2024 

Espancada até a morte, possivelmente pelo marido, Luciene Braga, de 51 anos, foi o primeiro caso de feminicídio deste ano em Mato Grosso do Sul. Mesmo com a queda nos registros do crime sexista, as redes de acolhimento ainda lutam para que as vítimas permaneçam no grupo de apoio e efetivem a medida protetiva.

Luciene era moradora do município de Sidrolândia, a 70 quilômetros da Capital, e foi encaminhada para o hospital já sem vida, na última quarta-feira (3). O marido dela, de 45 anos, é o principal suspeito do crime, mas os investigadores seguem ouvindo mais testemunhas enquanto ele está detido na unidade policial da cidade. O companheiro, segundo a Polícia Civil, possui nove passagens por violência doméstica, sendo: duas por lesão corporal dolosa; incêndio qualificado; quatro por ameaças; injúria e vias de fato.

Luciene era uma mulher em situação de vulnerabilidade social, tentando sua ressocialização após cumprimento de pena, que infelizmente teve a vida ceifada por quem confiava de forma brutal. Para a subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, Cristiane Sant’anna, iniciar o ano com um feminicídio é uma perda irreparável para a sociedade. 

“Não são só as mulheres que perdem, mas toda a sociedade. Combater a violência não é um problema só das mulheres e nem só do poder público, é de toda a sociedade. Quando cada um entender o seu papel na rede de enfrentamento nós, com certeza, teremos menos notícias de dor para compartilhar. É um momento muito delicado para a família, município e Estado, que ainda amarga os altos índices do ano passado”, acredita Cristiane.

O caso comprova mais uma triste estatística: 90% das vítimas de feminicídio no Brasil são mulheres mortas por ex- -maridos ou ex-companheiros, de acordo com o levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Tivemos 32 casos de feminicídio em 2023, uma queda de 22% em comparação ao ano passado. Estamos falando de vidas e uma já faz diferença, mas levando em consideração a crescente de casos na pandemia no mundo todo, é algo significativo ter essa redução”, defende a subsecretária.

Mato Grosso do Sul é referência no combate à violência contra a mulher, com a primeira Casa da Mulher Brasileira do país, acaba de receber um investimento estimado em R$ 16 milhões para mais uma Casa em Dourados e já elabora o projeto para a construção da terceira, na região de fronteira. Além disso, conta com 32 Salas Lilás, instaladas em delegacias do interior para acolher as vítimas, e 56 municípios com coordenadorias de defesa da mulher.

Com todas as ações, a subsecretária acredita que ainda falta a permanência das mulheres na rede de apoio. “Essas vítimas procuram ajuda, após sofrerem alguma violência e, por algum motivo, saem da rede e não avançam no processo [até ter medida protetiva]. Também tem o pedido, por parte de alguns municípios, de criação dos grupos de reflexão junto com os agressores, previsto na Lei Maria da Penha, de casos já acompanhados pela Justiça”, finaliza.

“Quando cada um entender o seu papel, nós, com certeza, teremos menos momentos de dor”Cristiane Sant’anna, subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres 

Por Kamila Alcântara 

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